Por trás do som nostálgico de “Why Me? Why Not.” de Liam Gallagher - Revista Esquinas

Por trás do som nostálgico de “Why Me? Why Not.” de Liam Gallagher

Por Yasmin Altaras : setembro 27, 2019

Ex-vocalista da banda Oasis lançou seu segundo álbum solo em setembro de 2019 com singles que relembram os antigos sucessos dos irmãos Gallagher

Polêmico, durão e saudosista. Esses são alguns dos adjetivos que caracterizam Liam Gallagher, ex-integrante da banda de rock britânica Oasis, e também seu mais novo álbum, intitulado Why Me? Why Not., em português “por que eu? Porque não”. O disco, lançado na última sexta-feira (20), é o seu segundo trabalho solo depois da dissolução da banda Beady Eye em 2014, que era composta pelos mesmos integrantes do Oasis, com exceção de seu irmão e compositor Noel Gallagher.

Gravado pela Warner Bros. Records e com um total de 11 faixas para a versão standard, o disco foi produzido em co-autoria entre Liam, Andrew Wyatte e Michael Tighe. O álbum transcorre por temas que vão desde a família até os problemas trazidos pela fama, além de ter um toque nostálgico em suas composições. O novo lançamento conta ainda com uma edição deluxe, com três faixas adicionais, totalizando quase 52 minutos de gravação.

Shockwave, primeiro single do álbum, apesar de ter riffs de guitarra bem marcados e um estilo que beira a um memorialismo do antigo som do Oasis, tem uma letra que é, na verdade, uma alfinetada em seu irmão Noel. Ambos têm uma relação conturbada e marcada por brigas desde bem antes do rompimento da banda, e que permanece com faíscas até hoje, principalmente em entrevistas e declarações no Twitter.

Já seu segundo single Once conquistou uma legião de fãs por conta de seu estilo mais intimista ao ritmo acústico do violão, com uma letra sentimental e reflexiva sobre a infância e adolescência. Por outro lado, em The River, terceiro single do álbum, o cantor aposta em uma pegada mais política, com uma mensagem convocando as pessoas para uma revolução contra o mal e a apatia em um estilo glam rock.

O último single é One of Us, talvez a canção mais triste e saudosista do disco. Nessa faixa sobre família e pertencimento, Liam relembra os velhos tempos em que tocava junto com seu irmão e implora pela volta da banda, ao som de vocais de apoio, que relembram um coral gospel. Uma prova disso é o verso “Você disse que viveríamos para sempre. Quem você acha que está enganando? ”, referência explícita à famosa música Live Forever, do Oasis. Outro fator que confirma isso é o dia do lançamento da música e também presente em uma passagem do vídeo: vinte e oito de agosto de 2009 foi o dia em que Noel declarou que deixaria a banda.

Em um comunicado à imprensa e divulgado pelo site estadunidense Pitchfork, Gallagher afirma querer que esse álbum seja ainda melhor que seu antecessor, As You Were. “Conheço meus pontos fortes e conheço minhas limitações. Sou um compositor ok, mas sou um ótimo cantor e vocalista. Eu quero que o segundo álbum seja um passo em frente, porque a coisa mais difícil a fazer é fazer algo igual, só que melhor. Então é isso que fizemos”, conclui Liam em nota ao site.

Conhecido por sua modéstia exagerada, o astro do rock dos anos 90 busca se manter nas paradas musicais, seja por sua voz característica ou por manter a esperança pelo retorno do Oasis. Ao que tudo indica, utilizar como recurso lírico a experiência biográfica parece estar dando certo no ramo musical, pois, de acordo com seu novo sucesso Once, “você só consegue fazer isso uma vez”.