Dia dos Namorados: como alunas da Cásper Líbero estão lidando com seus relacionamentos - Revista Esquinas

Dia dos Namorados: como alunas da Cásper Líbero estão lidando com seus relacionamentos

Por Isadora Silva : junho 13, 2020

Em período de quarentena, três casperianas falam sobre a saudade que sentem de seus companheiros e como estão adaptando suas relações

“Nenhuma ligação, nenhum Facetime vai substituir a gente estar junto. Nunca vai ser igual. A gente consegue lidar porque é por um tempo, mas que não é pra sempre.” A afirmação feita pela aluna do terceiro ano de Jornalismo, Bárbara Moura (20), representa um sentimento que outros casais estão tendo durante o isolamento social. Se adaptando da maneira que podem, eles tentam matar a saudade por meio de mensagens e ligações por vídeo.  

O último encontro de Bárbara com o namorado, Caetano Augusto, 19, foi há quase três meses. Os dois se viam todos os dias por estudarem na mesma faculdade – ele cursa o terceiro ano de Rádio, TV e Internet – e, quando se despediram no dia 12 de março, pensaram que se encontrariam no dia seguinte. 

No entanto, mais tarde naquele dia, as aulas foram suspensas e, além disso, seu trabalho passou para home office. Então, no dia 13, Bárbara desceu para Santos para ficar com os pais. Pouco tempo depois, Caetano foi ficar com sua mãe, em Sorocaba. 

No dia 20 de março, Bárbara comemoraria seu aniversário de 20 anos. Com os planos estragados por conta da pandemia, o casal combinou que Caetano iria visitá-la para poderem celebrar a data juntos. Como naquelas duas semanas a situação atual do coronavírus estava no início e a quarentena ainda não havia sido decretada, Bárbara tinha esperança de que os dois conseguiriam se ver. Contudo, durante uma vídeo chamada, o namorado disse que não poderia ir.  

Com um ano e três meses de relacionamento, foi a primeira vez que passaram o aniversário dela separados. “Foi muito difícil, eu surtei e chorei muito. Fiquei muito mal”, conta. Depois de uma discussão, Bárbara percebeu que não era culpa de Caetano e entendeu que a situação era grave e poderia colocar pessoas em risco, principalmente seus familiares. Apesar de tudo, no fim, os dois comemoram e Caetano ainda conseguiu tornar o dia dela especial.  

Bárbara e Caetano na Pororoca, festa da faculdade, no ano passado
Acervo pessoal

 

No caso de Laura Andrade, foi mais fácil entender a necessidade da quarentena desde o começo da pandemia. A aluna do quarto ano de Jornalismo namora há 4 anos o estudante de Biomedicina, Gustavo Machado, de 22 anos. Por conta de ele estudar e estagiar na área da saúde, Laura teve bastante contato com informações sobre o vírus desde o início. Isso facilitou para que ambos entendessem melhor o que estava acontecendo. Dessa forma, conseguiram lidar mais facilmente com a distância, apesar da saudade.  

A estudante de 21 anos conta que sempre conversou muito com o namorado por mensagem, com ou sem as medidas de isolamento. Sempre que possível, também ligam um para o outro para jogarem, assistirem a alguma live de videogame ou uma série que gostam.  

Por estar em uma faculdade de comunicação, Laura sabe da importância do diálogo, não só em um namoro, mas em qualquer tipo de relação. “Nós não temos mais tantos recursos para nos expressarmos. Se antes eu podia dar um abraço em alguém, agora eu já não posso. Então, temos que expressar tudo o que queríamos fazer por meio do diálogo”, conta ela.  

Como atualmente a rotina recomendada é permanecer em casa e evitar ao máximo o contato físico com as pessoas mais próximas, os sentimentos se tornam mais frágeis – e a ansiedade e insegurança, mais frequentes.  Quando algum dos dois se sente ansioso, Laura percebe que a conversa ajuda a amenizar e traz leveza para todos os problemas que podem surgir em relação ao trabalho, à faculdade e à família. “A gente sempre compartilhou muito, principalmente o que o outro estava pensando, o que outro estava sentindo”, ela relata. 

Laura e Gustavo no final de 2019
Acervo pessoal

Outro casal que namora há bastante tempo é Thallyta Nunes (21), aluna do segundo ano de Jornalismo, e Gustavo Neves (28), já formado na área. Os dois comemoram 6 anos de namoro exatamente no dia dos namorados. 

Com atividades bem caseiras como assistir filmes ou séries, Thallyta conta que os dois nunca foram muito de sair. Ela consegue se distrair da saudade que sente de Gustavo com o trabalho e a faculdade. O problema está nos fins de semana, quando eles costumavam se ver. Porém, ela diz que está lidando melhor com a situação do que poderia imaginar. “Eu sou uma pessoa muito carente, então achei que ia sofrer muito com isso”, conta Thallyta entre algumas risadas. 

Os dois moram a poucas quadras de distância, no bairro Jardim Lar São Paulo, mais conhecido como Portal do Morumbi. Na metade de abril, os pais de Thallyta foram para Guararema, interior de São Paulo. No dia da viagem, Gustavo estava passeando com seus cachorros pela rua onde Thallyta mora e os dois conversaram pelo portão. Como ela estava sozinha, acabou indo para a casa dele e passou um dia. “Eu fiquei lá pouco tempo porque me senti muito culpada de ter ido. Me arrependi e voltei pra casa”, confessa. Depois do ocorrido, ela afirma que os dois não se encontraram mais. 

Namorando há tantos anos, ela e Gustavo não sentem necessidade de estarem juntos o tempo todo. Como sempre trabalharam e estudaram, os dois já entendem quando não conseguem se ver por conta de compromissos. Mesmo as inseguranças, Thallyta considera seu relacionamento muito maduro e saudável. Os dois compartilham dos mesmos gostos e têm uma boa comunicação, e possuem um fator essencial em qualquer relação: a confiança.  

         

Thalytta e Gustavo no último natal
Acervo Pessoal

Conversas sobre os sentimentos presentes durante a quarentena para entender o parceiro são fundamentais para se ter um bom relacionamento agora. De início, Bárbara ficou bastante preocupada de que a distância física mudasse o namoro, mas, agora, pensa que o relacionamento com Caetano está ainda mais forte. “Se a gente não consegue ficar dois meses sem se ver e o relacionamento acaba, é porque o sentimento era muito fraco”, opina a universitária.  

Bárbara estabeleceu em sua rotina que, independentemente de estar trabalhando ou ocupada com atividades da faculdade, ela tem que ter um tempo para ficar com o namorado. Os dois se falam todos os dias, tanto por mensagem quanto por ligação. Em momentos de insegurança, ela conversava muito com Caetano e ele consegue deixá-la mais segura. 

Para Laura, ela e Gustavo ainda possuem a mesma proximidade forte que sempre tiveram, só precisaram adaptá-la às situações que estamos vivendo, demonstrando, através de mensagens e ligações, o que gostariam de demonstrar pessoalmente.  

Laura gosta de montar presentes para no Dia dos Namorados mas, em tempos de pandemia, não podem sair para as compras. Já para Bárbara e Caetano, não há nada melhor que um restaurante de comida japonesa. Thallyta e Gustavo se afastariam do tumulto e iriam preferir assistir a algum filme em casa. 

As comemorações presenciais, os toques e sorrisos vão ficando para o futuro. Não se sabe ao certo quando vai chegar, mas planos não faltam. Apesar de tudo, Thallyta acredita que a pandemia tem mudado as pessoas e ajudado a valorizar quem é querido por perto. “É uma forma de valorizar mais os relacionamentos porque quando estamos longe das pessoas, sentimos mais falta. O que resta é planejar para o futuro”.