Sinestesia e Humanização no Jornalismo, presentes - Revista Esquinas

Sinestesia e Humanização no Jornalismo, presentes

Por Nathalia Lopes : setembro 1, 2018

Uma oficina que viaja pelo uso da subjetividade dos sentidos no jornalismo

Marcos Zibordi chega a sala 3.09 da Faculdade Cásper Líbero. Zibordi já inicia o que seria a Oficina de forma leve e brincalhona, comentando que vinha direto do trabalho e temia não estar muito bem para falar com tantas pessoas.

A sala estava cheia e Zibordi o tempo todo andava pela sala, brincou com os alunos e se preocupou em naturalizar e simplificar o que estava acontecendo “Alguém falou palestra? Eu nem sei o que é isso. Isso vai se chamar lubrificação mental”, brincou durante a palestra de 2 horas e meia de duração. Ele é professor da Faculade Cásper Líbero, e da Universidade de São Paulo (USP) , além de trabalhar no Portal UOL.

Marcos Zibordi faz parte do corpo docente da Faculdade Cásper Líbero e da Universidade de São Paulo (USP)
Nathalia Lopes

Ainda que na programação da Semana de Comunicação a oficina estivesse nomeada como Oficina de Reportagem Investigativa, Zibordi afirma “então eu acho que vocês vieram aqui esperando uma coisa que eu acho que não vai ser o que vocês estão pensando não”.

E guiou o evento mais para o lado de um jornalismo de fôlego, expos sua opinião sobre a Ideia de Jornalismo Literário – “é uma babaquisse, não existe Jornalismo literário” – falou um pouco sobre livro reportagem e principalmente trouxe alguns exercícios para que alunos pudessem exercitar os sentidos e a subjetividade como uma forma de quebrar o processo mecanizado de se fazer jornalismo factual do dia a dia.

Zibordi propôs, em sua oficina, dois exercícios diferentes para uma reflexão em relação ao fazer jornalístico
Nathalia Lopes

Um primeiro exercício foi o de análise de um grafite trazido por ele. O segundo e um pouco mais complexo foi a leitura de um artigo publicado em 1986 no Jornal do Campus da USP sobre suicídio para ser comparado com um artigo publicado na última edição do mesmo.

O professor conduziu a oficina quase como uma súplica aos estudantes para que tornassem o jornalismo mais humano e sensível. “O repórter em campo, precisa ser um leitor cultural… então ele precisa ter uma sensibilidade que é difícil de se aplicar nos cursos de Jornalismo”, afirma, uma vez na qual ele acredita que nas salas de aula há uma preocupação maior com a teorização da profissão.

Para o professor é necessário que todo repórter de campo seja dotado de sensibilidade
Nathalia Lopes

Ao final fala de literaturas que podem sim ajudar a prática do jornalismo e acaba indicando algumas obras e autores como Os Sertões, Rota 66, 10 Dias que Mudaram o Mundo, Machado de Assis, Guimarães Rosa, Paulo Leminski entre outros. Ao final encerra a oficina com histórias engraçadas de sua época no jornalismo.