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Por Maurício Abbade, Pedro Caramuru e Rafaela Bonilla Edição #62

Fauna em foco

Projetos no estado de São Paulo visam preservar a biodiversidade em harmonia com a natureza

Com o estado atual de destruição da fauna e flora nacional, é importante educar as próximas gerações sobre o relacionamento animal-humano
Mauricio Abbade

O ser humano habita a Terra há 200 mil anos. Desde o início, os animais têm uma participação importante em nossas vidas, para a alimentação, companhia ou transporte. O Antigo Egito, por exemplo, foi marcado por uma forte relação entre humanos e animais. Eles eram mumificados e enterrados juntos aos seus donos.

Hoje, por causa da devastação do planeta causada pelas atividades antrópicas, a exploração desenfreada dos solos e a contaminação da água e ar, as relações construídas nesses milênios estão em perigo e a biodiversidade está ameaçada. Para diminuir o impacto da perda da diversidade, medidas, como a educação ambiental e preservação do meio ambiente, precisam ser tomadas.

Nesta fotorreportagem foram retratadas três instituições no estado de São Paulo que promovem o que foi dito anteriormente: o Museu Catavento, local educativo que conta com um borboletário e um notável acervo sobre fauna e flora; a Reserva Florestal do Instituto Butantan e seu programa de observação e proteção de pássaros, o “Vem Passarinhar”; e o Centro de Reabilitação e Conservação de Animais da Associação Mata Ciliar em Jundiaí, a 57 quilômetros da capital paulista, que resgata animais maltratados por tráfico, caça, desmatamentos, entre outros.

Todos os três projetos têm a mesma base comum. Prevalecem o respeito pelos animais, visando a conservação da biodiversidade, e o relacionamento animal-humano para as próximas gerações.

Mata Ciliar

Implementada no ano de 1997, a Associação Mata Ciliar, de Jundiaí, tem como objetivo receber animais silvestres, prestar atendimento veterinário e, após o processo de reabilitação, realizar a reintrodução deles para seu ambiente natural.

A maior parte dos animais chega por meio da Guarda Municipal, Polícia Ambiental, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil, sendo vítimas de atropelamento, eletrocussão, queimada, caça, tráfico, entre outros acidentes em decorrência da devastação de seus habitats.

Entretanto, a total recuperação desses animais nem sempre é possível. Alguns, em razão de sequelas físicas e/ou psicológicas, necessitam permanecer sob os cuidados da ONG – atualmente, mantendo cerca de 700 animais, desde pequenas aves até grandes mamíferos.

Nessas três décadas de existência, em torno de 20 mil animais passaram pela Associação. Apenas 7 mil desses conseguiram seu retorno à natureza já que grande parte deles, por causa da situação que chegam, não conseguem sobreviver.

Museu Catavento

Aberto de terça a domingo, das 9h às 16h, o Museu Catavento Cultural é o mais visitado do Estado de São Paulo. Um dos departamentos do local é dedicado à biologia. Com o objetivo que uma vivência e uma aproximação do conhecimento científico a respeito da fauna e da flora ocorra, no local se encontra um aquário de água salgada e um borboletário. Os monitores dessa seção são os responsáveis pela explicação de dados e divulgação de informações técnicas para aqueles que estão apenas de passagem pelo museu.

Um recinto onde as pessoas possam observar borboletas, voando e se alimentando, para que entendam e vivam o mundo desses insetos é a razão da existência do borboletário. Enquanto o aquário cumpre a missão de ser um pedaço de mar no centro de São Paulo.

Localizado no Brás, bairro de São Paulo, o museu foi criado para ser um espaço interativo que apresenta a ciência de forma instigante para crianças, jovens e adultos. Aproximar crianças e jovens do mundo científico é algo de extrema importância para a conservação ambiental, e esse é o dever do Museu Catavento Cultural.

Instituto Butantan

Luciano Moreira Lima é ornitólogo e coordena o primeiro observatório de aves do país. A prática existe no mundo inteiro e é comum no exterior, ganhando, aos poucos, espaço no Brasil.

À 15 minutos do metrô, no meio da Zona Oeste de São Paulo, existe uma mata cheia de diversidade, a Floresta do Instituto Butantan, onde os pesquisadores do observatório de aves organizam mensalmente um encontro aberto ao público, o “Vem Passarinhar!”. Tanto crianças quanto adultos de 80 anos participam do evento.

O Observatório de Aves do Instituto Butantan, além de fazer o monitoramento populacional de aves, tem o objetivo de promover a conservação e a educação a partir da aproximação do público com a natureza. Fazendo com que as pessoas contemplem a biodiversidade que está no dia a dia ao redor delas, começando com as aves.

São entre 30 mil a 50 mil observadores de pássaros no Brasil, e esse número vem crescendo. Considerado mais do que um estilo de vida, a observação vem cativando tanto pesquisadores acadêmicos a curiosos. “É como colecionar figurinhas, só que estão vivas e espalhadas pelo mundo”, confessa.