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Por Raphaella Salomão Edição #66

Corrida maluca

Dúvidas pairam sobre as eleições municipais de São Paulo

O prefeito Bruno Covas não conseguiu convencer os paulistanos em sua atual gestão, considerada inoperante e pouco significativa. Ele vai completar dois anos no comando da Prefeitura de São Paulo e trava uma difícil batalha, intensificada pelo diagnóstico de câncer de outubro de 2019, para se lançar à reeleição em 2020.

O maior desafio do tucano é ser lembrado pelo seu atual mandato. Quando assumiu, em abril de 2018, logo após a renúncia de João Doria, Covas era conhecido por apenas três entre dez paulistanos, segundo o Datafolha. Sua gestão é inexpressiva e sua estabilidade é garantida por ficar em cima do muro na administração pública.

Faltando menos de um ano para as eleições municipais, o prefeito aparece com 10% das intenções de voto, em quinto lugar. Segundo a parceria entre a XP Investimentos e o Ipespe, o tucano perde para Celso Russomanno (Republicanos), José Luiz Datena (sem partido), Márcio França (PSB) e Marta Suplicy (sem partido). Outros nomes na disputa pelo cargo são Joice Hasselmann (PSL) e Tabata Amaral (PDT).

Destituída do posto de líder do governo Bolsonaro na Câmara, Hasselmann, atualmente deputada federal, enfrenta atritos dentro do PSL. Antes criticada pela esquerda, hoje é perseguida pela direita, comandada pelo também deputado federal Eduardo Bolsonaro. Chamada de traidora pelo presidente, ameaçou divulgar informações polêmicas a respeito do atual governo e troca ofensas com seus partidários. Assim, a deputada caminha para consolidar um foco de oposição ao governo dentro do próprio partido. Nas redes sociais, chamou Eduardo Bolsonaro de “picareta”, “moleque” e “zero à esquerda”. Na tribuna, chorou e relatou que vem sofrendo ameaças de morte dirigidas a ela e aos filhos.

Tabata Amaral também tem conflitos com sua legenda. Em menos de um ano de mandato, a jovem paulistana teve dificuldades em agradar o eleitorado e já se enveredou por inúmeras contradições, como seu voto favorável à Reforma da Previdência.

A disputa eleitoral pela prefeitura é uma Corrida Maluca. Russomanno, atualmente na liderança da intenção de voto, carrega acusações de exercício ilegal da advocacia e falsidade ideológica. Datena, que já foi pré-candidato a inúmeros cargos, já se declarou despreparado para a política e foi, recentemente, acusado de assédio sexual. Marta Suplicy e Márcio França seguem empatados logo abaixo, ambos com mais experiência em cargos públicos, apesar das polêmicas individuais.

Agora que as disputas trazem novidades fora do velho eixo PT x PSDB, é bom que o eleitor paulistano esteja preparado para grandes surpresas e mudanças independente de quem vença.