Em meio a crise política e econômica da Argentina, o presidente Javier Milei, ataca líderes internacionais e acumula derrotas no seu mandato
No dia 10 de dezembro do ano passado, o economista Javier Milei se tornou o novo líder da Casa Rosada – sede da presidência da República Argentina, em Buenos Aires. Após um semestre e oito meses de governo, como a gestão de Milei se comportou diante a crise política e econômica que enfrenta o país sul-americano. Em entrevista à ESQUINAS, o jornalista e correspondente internacional Ariel Palacios responde.
P. Ariel, como foram os primeiros meses do governo Milei?
“Caóticos, improvisados e com medidas contraditórias. O presidente levou seis meses para aprovar o seu pacote de medidas. Era um “pacotaço”, depois se tornou um “pacotinho”, eram originalmente 600 propostas, no final foram aprovadas apenas 200. Ele queria privatizar 41 estatais, só teve permissão para oito e, dessas, nenhuma é importante. É uma derrota política, pois todas as que foram aprovadas são uma mixaria.”
P. Qual é o atual sentimento da população argentina?
“A população estava muito cansada com o partido peronista e acabou votando em Milei por um voto contra, ou seja, não foi algo a favor de Javier, mas contra ao peronismo. E isso fica muito claro nas manifestações, não há movimentos a favor do presidente nas ruas, e este é um país de grandes manifestações, sendo elas em apoio ou não. A população está na fase “vamos ver o que acontece”, mas estão cada vez mais preocupados.”
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P. Em sua cerimônia de posse, Milei enfatizou a necessidade de cortar gastos, pois, segundo ele, não há dinheiro. Como você enxerga essa declaração?
“Contraditória. Como que um governo que fala em cortar despesas, gasta mais de meio bilhão de dólares em equipamentos militares, sendo que a Argentina não tem nenhuma hipótese de conflito bélico. Como que um presidente que dizia que só iria utilizar os avões presidenciais em viagens diplomáticas, hoje, usa os principais e mais caros aviões do país. É um governo improvisado e sem nenhuma cintura política, que brigou com todos os seus aliados e potenciais grupos. Queimou todas as suas pontes.”
P. Qual é a atual situação da economia argentina? Antes dos primeiros meses de governo, a expectativa era de uma melhora, hoje, as previsões são de queda no PIB ((Produto Interno Bruto).
“O FMI (Fundo Monetário Internacional) tinha uma expectativa positiva no final do ano passado, quando Milei despontava como eventual vencedor. Hoje, o Fundo pontua que a situação está piorando e que o PIB vai cair 3,5%.”
P. Ariel, por fim, a Argentina tem mais um presidente incapaz de resolver os problemas políticos e econômicos do país?
“Hoje, a Argentina tem um governo passional. O país há muitas décadas não possui um presidente racional. Infelizmente, é mais um caso de um mandatário irracional. Mais um.”