As práticas jornalísticas e a democracia foram pauta de debate na Semana de Comunicação, com a presença de Nicolau Cavalcanti e Rodrigo Viana
A democracia vem do Grego, ao desdobrar a palavra temo demos e kratos, que significam respectivamente povo e poder. Portanto, uma forma de governo que diz respeito a todos e é formada por qualquer cidadão. Já o jornalismo tem origens mais recentes, é de interesse da população, justamente por levar informação e abrir diálogos. Os dois temas estão fortemente relacionados entre si e foram debatidos na palestra “Jornalismo e Democracia”, na quarta manhã da Semana de Comunicação.
Sob a mediação de Eduardo Nunomura, professor da Faculdade Cásper Líbero, os jornalistas Nicolau Cavalcanti, do Estadão, e Rodrigo Viana, da Rede Record, debateram suas visões acerca dos dois pontos em pauta. Os profissionais possuíam visões divergentes em diversos fatores, tanto das práxis jornalísticas quanto da democracia nacional.
Cavalcanti começa sua fala exaltando pontos do jornalismo em relação a democracia, considerando problemas da democracia atual, mas elencando fatores positivos do fazer jornalístico. O jornalista também mostrou grande apreço pelo jornal impresso e suas versões digitais. Para ele não existe uma pessoa realmente informada sobre o cenário atual que não leia mais de um jornal. Ainda considera que a mídia é a mais diversa em termos de opinião e considera o telejornalismo muito próximo do entretenimento.
Por outro lado, Viana começou sua fala com fortes críticas a democracia brasileira atual. Para ele, esta forma de regime está ameaçada, criticou inclusive eventos do Brasil contemporâneo, como o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff em 2016. Também criticou o jornalismo atual, considera-o unilateral e como por vezes comparsa com os ataques a democracia.
Ambos os jornalistas também comentaram o fato de veículos jornalísticos possuírem opinião. Nenhum dos dois enxerga um grande problema nisso. Cavalcanti acredita que um editorial possa ter uma opinião, mas não crê que uma publicação editorializada pela visão do editor funcione nem ao mesmo a médio prazo. Já Viana, afirma que a imprensa possui uma opinião, cabe ao jornalista emitir a sua, mas também afirma não emitir suas opiniões pessoais durante seu trabalho diário, mas sim em seu blog pessoal.
Nicolau Cavalcanti e Rodrigo Viana enxergam o jornalismo brasileiro e o cenário do País de formas divergentes. Variam de opinião quanto a diversidade dentro da mídia e também se foi um golpe ou impechament. Mesmo assim, os dois jornalistas sustentam um debate e continuam produzindo conteúdos relevantes, algo que só é possível em uma democracia.