Candidatos ao Governo paulista debatem propostas na TV Gazeta, em São Paulo, e atacam os 24 anos da liderança tucana no poder
A parceria entre a TV Gazeta, o jornal O Estado de S. Paulo, a rádio Jovem Pan e o Twitter se repetiu novamente na noite de domingo (16). Dessa vez, era momento dos candidatos ao Governo Estadual mostrarem suas ideias aos eleitores. Além dos aspirantes ao Governo, personagens populares da mídia e da política nacional foram ao evento, como Levy Fidelix, Ivan Valente, Eduardo Suplicy e Alexandre Frota, que mostrou apoio ao presidenciável Jair Bolsonaro.
Logo no início, Marcelo Cândido (PDT), ao ser questionado, comentou sobre o tema da segurança. Informou a todos que pretende seguir uma linha baseada no respeito, proibindo a ação truculenta e agindo no combate efetivo ao crime organizado. Aproveitou o momento para disparar a primeira alfinetada a João Dória (PSDB), afirmando que o tucano possui propostas que não saem do papel. Ainda na primeira pergunta, Cândido mostrou-se alinhado à posição de Ciro Gomes, candidato à Presidência pelo mesmo partido, posição que Cândido ressaltaria durante todo o debate.
Luiz Marinho (PT), que foi ministro do Trabalho e Emprego e ministro da Previdência Social no governo do presidente Lula, focou suas propostas na geração de empregos e na importância do trabalho. Marinho, como era de se esperar, utilizou a figura de Lula como um gancho, além de aproveitar para citar o novo candidato petista, Haddad, e falar do “golpe”. Provocou, posteriormente, Paulo Skaf (MDB), chamando-o de “candidato do Temer”. A reprovação do atual Presidente do Brasil, segundo o Ibope, atinge a casa dos 79%.
Em um dos embates entre os dois candidatos líderes nas pesquisas de intenção de voto, Skaf afirma que entrou na política sem padrinhos políticos e que é preciso renovar a política depois de 24 anos de gestão do PSDB. Doria revidou, tentando atrelar a imagem do concorrente à de Temer. “Não sei por que você tenta esconder que seu padrinho é Michel Temer. Ele é o presidente de honra do MDB, seu partido”, disse. “Tenho feito campanha junto com Alckmin. Não há motivação para esconder Alckmin, é o meu candidato”, emendou. A troca de farpas continuou e o candidato emedebista criticou a questão da segurança em São Paulo, tema sensível aos psdbistas, dizendo que, em seu governo, não haverá “saidinhas ou reduções de pena”.
Márcio França (PSB), atual governador de São Paulo, afirmou que a questão dos precatórios é um grave problema no estado de São Paulo e perguntou a Doria se ele sabia a quantidade de precatórios devidos pelo estado. Doria não soube responder e desviou do assunto falando sobre como pretende fazer a gestão do seu governo. Na réplica, França insistiu e brincou. “Doria acelera, mas, se não engatar, o carro não anda. Quanto São Paulo deve de precatórios? É importante responder. Tem que saber a dívida de São Paulo. Fale o número”. França, caso eleito, promete pagar 40% das dívidas em precatórios. Durante o intervalo, Doria foi, provavelmente, atualizado dos números pelos seus assessores. Assim que teve oportunidade, no retorno do debate, corrigiu França dizendo que, na verdade, o número correto era de 23 bilhões de reais em dívidas de precatórios, e não 22 bilhões, como França afirmou. Ainda, acusou-o de fazer “pegadinha” em vez de apresentar propostas, chamando-o de “vice decorativo”.
Sob a temática de geração de empregos, o tucano entrou em mais um atrito, dessa vez com o petista Luiz Marinho. Enquanto Doria defende a livre iniciativa e uma política liberal, Marinho aponta o governo do PSDB como uma das grandes causas do desemprego e da corrupção em São Paulo, referindo-se como “governo golpista”. O candidato petista provoca Doria ao chamá-lo de “mais rico do pedaço”, e o tucano, para contra-atacar, afirma que trabalhou “para ser rico, ao contrário do seu senhor que roubou e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está cumprindo pena em Curitiba”.
A Professora Lisete (PSOL) abordou a educação, criticando o histórico tucano no estado, além de incentivar políticas direcionadas às mulheres. Márcio França não perdeu a oportunidade e alfinetou o candidato Skaf, afirmando que a oferta de serviços à população deve ser feita gratuitamente, dizendo ainda que, no índice do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do ano passado, as Escola Técnica Estaduais (Etecs) ficaram à frente das escolas do Serviço Social da Indústria (Sesi), considerada a maior rede de ensino privado do País da qual Skaf é o presidente.
Ainda sobre a candidata do PSOL, Lisete escolheu Rodrigo Tavares (PRTB) para questionar sobre suas propostas voltadas à violência contra mulheres e para saber seu posicionamento sobre Jair Bolsonaro. Este, candidato à presidência do PSL, que possui apoio do PRTB, se envolveu em polêmicas por seus comentários de cunho misógino e machista, como o caso de insulto à deputada Maria do Rosário em 2014. Tavares cita o projeto “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” e defende Bolsonaro, dizendo que ele é a favor dos direitos humanos e das mulheres. O discurso de Rodrigo Tavares termina em uma risada coletiva da plateia, que comove até a apresentadora Maria Lydia da TV Gazeta. No final do debate, Professora Lisete convida a todos a participar da passeata “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro” no dia 29 de setembro no Largo da Batata, em São Paulo.
Em oposição ao debate anterior que seguiu tranquilo, nesse domingo, apoiadores do PSDB eram maioria na plateia e aproveitaram para fazer barulho e demonstrar apoio a João Doria, tal como uma torcida organizada. Márcio França foi o maior afetado, recebendo vaias dos tucanos. Há menos de um mês das eleições, a disputa pelo Governo paulista continua acirrada, sem indícios de vitória no primeiro turno.
Felipe Moura Brasil, jornalista representando a Jovem Pan, gravou um vídeo exclusivo para a revista Esquinas sobre as perguntas que fez aos candidatos:
O que acharam do debate
E abaixo, algumas impressões de algumas figuras que estavam na plateia.
Levy Fidelix, candidato a deputador federal pelo PRTB
Paulo Mathias, candidato a deputado estadual pelo PSDB
Ivan Valente, candidato a deputado federal pelo PSOL
Eduardo Suplicy, candidato a senador pelo PT
Alexandre Frota, candidato a deputado federal pelo PSL