Rodada dos prefeitos durante o Catalisando Futuros Urbanos Sustentáveis mostrou como os governos lidam com questões ambientais, sociais e econômicas em suas cidades
Na luta pelo cuidado com a natureza, o Programa Cidades Sustentáveis busca gerar mudanças globais atuando a nível nacional. O foco do programa é agir nos municípios para gerar o desenvolvimento desses locais e, consequentemente, uma melhoria local. Durante a Conferência Internacional Cidades Sustentáveis, sediada neste ano na cidade de São Paulo, a Rodada de Prefeitos gerou um momento propício para discussão entre gestores de cidades de vários países ao redor do planeta. Eles compartilharam as ações que tomam em suas cidades quanto à preservação do meio ambiente e a igualdade social.
A rodada foi mediada pelo jornalista André Trigueiro, especializado em jornalismo ambiental. Ele falou da importância da pauta ambiental, afirmando que este não é um assunto que pertence a determinado partido ou ideologia política. O que deve ser discutido, na verdade, é o modo de melhorar a qualidade de vida das pessoas. Para Trigueiro, aqueles que ocupam cargos públicos não devem trabalhar com achismos, e sim com ciência. Ele insistiu na validação científica do aquecimento global, colocando este como o tópico de maior relevância da rodada.
“Tudo acontece nos municípios, a gente precisa olhar para todas as áreas”, enfatiza Paula Mascarenha, prefeita da cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Como mais da metade da humanidade vive hoje nas cidades, o Programa Cidades Sustentáveis, que organiza a conferência ao lado do Banco Mundial e da Prefeitura de São Paulo, busca desenvolver esses meios urbanos, sendo o modo mais eficiente de agir pelas prefeituras locais.
Prefeitos têm uma relação mais íntima com os cidadãos, podendo direcionar melhor o que é importante para sua cidade baseado no perfil desta. Os indicadores utilizados pelo Programa, por exemplo, medem situações que devem ser melhoradas. Um deles é a quantidade de empregos formais, que nada mais indica onde a prefeitura deve direcionar seus esforços.
De acordo com Jorge Abrahão, coordenador geral do Programa Cidades Sustentáveis, o programa é feito para estimular as prefeituras das cidades a criarem um planejamento municipal, para que a sociedade possa acompanhar o avanço ou não do que elas estão fazendo. “É uma mudança de uma cultura política”, diz.
Os prefeitos que subiram ao palco do Auditório Oscar Niemeyer, no Parque Ibirapuera, discutiram o combate ao aquecimento global. Cada cidade contou sobre seus modos de colaborar com o meio ambiente. Bruno Covas, prefeito da cidade de São Paulo, conta que um dos principais problemas em seu município é o aumento de chuvas torrenciais e de alagamentos. Em 11 de março deste ano, a Grande São Paulo registrou 58 pontos intransitáveis, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas de São Paulo (CGESP), 740 chamados aos Bombeiros para ocorrências de enchentes entre 0h e 16h20 e 12 óbitos por causa das fortes chuvas. Para lidar com situações como essa, que paralisaram a cidade o dia inteiro, estão sendo construídos 27 piscinões pela capital para armazenarem, por certo tempo, a água da chuva e depois bombeá-la aos rios mais próximos.
Ao lado de Covas, a vice-prefeita de Paris, Pénélope Komitès, tem um papel fundamental no processo de aumento de espaços verdes em meios urbanos – sua cidade é referência no assunto. Em 2015, com a implementação da “licença ecológica”, ela permitiu que parisienses fizessem jardinagem em locais públicos. Komitès atualmente trabalha para diminuir o uso de asfaltos na cidade para diminuir a temperatura da região. Seu intuito é criar florestas em Paris para melhor a qualidade do ar, da umidade, da temperatura e de vida na cidade.
A cidade de La Paz, no México, esteve representada por seu prefeito, Rubem Gregório. Ele confessa que sente uma necessidade de dar algo de volta para a natureza e, por isso, desenvolveu alguns projetos em sua cidade. De acordo com Gregório, toda energia consumida em locais públicos da cidade será proveniente de placas solares. La Paz também foi a pioneira no México a regulamentar plásticos de uso único.
“Desenvolvimento sustentável não é só um slogan poético”, afirmou o governador do Abidjan, na Costa do Marfim, Beugré Mambe. Presente na rodada, um dos focos de sua gestão é reduzir a desigualdade. Vinte por cento dos bairros de sua cidade são carentes e a missão do governo é melhorá-los para aumentar a qualidade de vida da população como um todo.
Prefeitos chineses, senegaleses e de outras cidades brasileiras – como Caruaru (PE), Recife (PE) e Lago de Freitas (BA) – também participaram da rodada e contaram quais eram seus projetos locais.