Rodeada de festas e moradias, a Rua Augusta é tão brilhante quanto as histórias que lá habitam
A Rua Augusta está localizada na região central de São Paulo. Seus 3020 metros de boates, saunas, casas de espetáculos e muito mais começam na Rua Martins Fontes com a Martinho Prado e Praça Franklin Roosevelt, cruzam a Avenida Paulista e terminam na Rua Colômbia.
Dentre as várias figuras da Rua Augusta, conheça o senhor Mário, 65 anos. Ele passa por lá desde 2010 caracterizado por vários personagens, em especial, o Chaves. Ganha seu sustento como artista de rua e relata já ter nascido com o dom da interpretação. Ele relembra já ter tentado largar a interpretação do Chaves algumas vezes, mas há algo mais forte que não o permite, como se sentisse um vazio forte quando fica longe da personagem.
Nas subidas e descidas, André, 37 anos, é outra figura conhecida na região. Ele mora em frente a um pet shop no começo da Rua Augusta, junto com seu cachorro, Rock. Ao contar a história de como o cão apareceu em sua vida, disse que Rock estava muito machucado e com fome. André alimentou-o e cuidou do animal. Decidiu adotá-lo e, atualmente, o cão está saudável e recebe muitos mimos. Alimentos não faltam já que quilos de ração foram doados a ele.
Dia sim dia não, a rotina de Felipe, 28 anos, e de seu filho Miguel se resume em ir para a Rua Augusta. O pai cuida sozinho do garoto, que foi abandonado pela mãe cinco meses depois do seu nascimento. Felipe não consegue trabalhar por conta da idade do filho e encontra na Augusta uma maneira de atender algumas necessidades básicas de sua família. “O restante Deus acrescenta”, diz o pai, que tem a crença em Deus muito presente em sua vida.
Em uma das pontas da Rua Augusta, Renata, de 21 anos e sua irmã Vicktoria, de 28, encontram-se há um ano. São transgêneras e enfrentam grandes dificuldades por conta de suas identidades. Elas denunciam que o Projeto Transcidadania, que tem como objetivo fortalecer as atividades de colocação profissional, reintegração social e resgate da cidadania para pessoas trans, é uma “lorota”. De acordo com elas, assim que precisam de amparo, não o encontram e, por isso, precisam pedir comida na rua.
Renata faz um apelo para que as pessoas tenham um olhar mais carinhoso e empático aos que se encontram em situações como a delas. Porém, mesmo com toda a dificuldade enfrentada, Vicktoria descobriu uma alegria no lado obscuro da Baixa Augusta, o talento do canto. Entre idas e vindas, a Augusta tem seus cantos e seus encantos. Na simplicidade, encontram-se histórias muito ricas que trazem alegria para uma São Paulo que cansa todos os dias.