Checagem preventiva nos aeroportos só começou no dia 27, quando número de casos ultrapassou 3,4 mil, com 92 mortes
O Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, passou a medir a temperatura dos passageiros que desembarcam na capital paulista a partir da última sexta-feira (27). A medida, fruto de acordo entre Anac, prefeitura de Guarulhos e a concessionária GRU Airport, foi tomada para detectar possíveis infectados com o novo coronavírus. A tendência é que, a partir daqui, aeroportos de todo o país adotem o procedimento. Até a noite do dia 30, já são 4.579 casos confirmados e 159 mortes causadas pela doença.
É um cenário diferente das chegadas de apenas uma semana atrás. “Segunda-feira passada, estava tudo liberado”, afirma a jornalista Elaine Iorio, 37 anos. Elaine voltava de Estocolmo, na Suécia, e se assustou porque o desembarque na capital paulista na última semana não possuía restrições. Toda a estrutura do aeroporto estava funcionando. “Estava mais tranquilo que o normal, não houve nenhum cuidado”, afirma. No momento de sua chegada, às 6h40 de 23 de março, o país já contabilizava 1.546 casos da doença e 25 óbitos. Foi também o dia de início oficial da quarentena no estado de São Paulo.
Elaine conta que a companhia aérea forneceu aos passageiros máscaras de prevenção, mas no aeroporto nenhum material foi exigido ou disponibilizado. “Nada aconteceu. Era como se tudo estivesse normal. Fomos até ao free shop, onde os vendedores nos atendiam sem máscaras. A única informação foi o serviço de som da aeronave, que falava em buscar o médico em caso de sintomas”, diz. Nenhuma palavra sobre o isolamento obrigatório de 7 dias determinado pelo Ministério da Saúde a quem retorna do exterior.
A jornalista diz que em Paris e Roma, lugares em que fez escala, havia cuidados maiores nos aeroportos: atendimento reduzido, lojas fechadas e funcionários alertando passageiros para que as recomendações da OMS fossem seguidas à risca, como distância de um metro e evitar aglomerações.
“Dentro do voo, os comissários de bordo e aeromoças estavam usando máscaras, óculos e luvas o tempo todo. Quando alguém tirava a máscara, a equipe chamava atenção”, conta a passageira. “Ao chegarmos em São Paulo, as pessoas tiraram a máscara como se nada estivesse acontecendo e só precisasse usar dentro do avião”, completa.
Procurada pela reportagem de Esquinas, a GRU Airport, concessionária responsável pelo Aeroporto de Cumbica, afirmou que “segue todas as recomendações da Anvisa e coopera com os órgãos federais e companhias aéreas, além de manter alertas em seus meios de comunicação para todos os passageiros e colaboradores.” Comunicou, ainda, aumento da frequência de limpeza nas áreas comuns do aeroporto, reforço no abastecimento de papel higiênico e papel toalha, sabonete e álcool gel, com implantação de 72 novos dispensers, e remoção de passageiros e funcionários com suspeita da doença para hospitais referenciados, quando necessário.