Com centros de treinamento fechados, clubes adaptam os treinos de seus atletas
A paralisação do futebol e de todos os esportes na maioria dos países do mundo afetou de forma drástica o dia a dia dos atletas de todas as modalidades. Os campeonatos foram cancelados de um dia para o outro, já que aglomerações representam um risco à saúde de torcedores e profissionais que atuam nos clubes, desde o roupeiro até o mais bem pago jogador. Não só os jogos, mas os treinos também foram comprometidos. Agora, clubes e seus atletas se adaptam à nova realidade para manter a rotina de exercícios.
ESQUINAS contatou os três principais times de futebol da capital paulista, Sport Club Corinthians Paulista, Sociedade Esportiva Palmeiras e São Paulo Futebol Clube, para saber como está sendo a adaptação dos treinos durante o período de isolamento.
O esporte mais popular do planeta demorou a oficializar a pausa por conta da covid-19. No Brasil, a espera foi ainda maior. O País foi um dos últimos do mundo a encerrar as atividades de todas as divisões englobadas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) – séries A, B, C, D e divisões regionais. Isso porque há muito dinheiro envolvido e diversos patrocinadores e sócios.
A última rodada de jogos em São Paulo foi em 16 de março, na 10ª rodada do paulistão, quando torcedores do Guarani, aglomerados do lado de fora, invadiram o estádio que estava com portões fechados. Desde então, nenhuma partida foi disputada no estado e, aos poucos, os clubes também adotaram medidas de segurança. Treinos foram cancelados, o home office foi instaurado e todos os centros administrativos foram fechados. Para reduzir ao máximo a perda de condicionamento físico dos jogadores e fazer com que o retorno aos gramados seja o menos dolorido possível, os treinamentos passaram a ser enviados por meio de planilhas.
Porém, a cobrança com relação à realização dos treinos é menor, já que os três principais clubes de São Paulo deram férias aos atletas e não se sabe quando a bola voltará a rolar no País.
Cada clube tem se organizado de um jeito durante o período de férias. Segundo a assessoria do São Paulo, o time permaneceu com o CT aberto, mas somente para jogadores e médicos fisiologistas, como o Dr. Luis Fernando de Barros. Segundo ele, “o clube está modificando os exercícios para que sejam realizados totalmente em casa, além de disponibilizar campos para treinamentos individuais e planilhas feitas pelos preparadores físicos. Sempre visando a melhor condição possível do profissional para quando as atividades voltarem”.
Já o Corinthians optou por fechar sua sede e o centro de treinamento. Além disso, não está prescrevendo treinamentos aos jogadores. Segundo os assessores do time, cabe a cada atleta entender como cuidar melhor do seu corpo, visto que a mentalidade do profissional de hoje é diferente da de outras épocas. Os próprios atletas postam exercícios em suas redes sociais para que os torcedores também possam acompanhar a rotina de seus ídolos em casa.
O Palmeiras também fechou todo o clube, só permitindo a entrada de pessoas fundamentais. Para o treino dos atletas, passou uma planilha geral que permite trabalhar todas as áreas necessárias, porém sem focar em cada jogador.
Nenhum dos três clubes está realizando treinos táticos, pois isso só poderá voltar a acontecer quando o governo, juntamente com a federação paulista, permitir a reabertura dos centros de treinamento.
Por esse motivo, o goleiro Gabriel Gasparotto, atualmente no São Bernardo Futebol Clube, acredita que serão necessários, no mínimo, 15 dias de treino antes do retorno dos campeonatos, ainda sem data. “Nesse momento não estão sendo realizados treinos táticos, ou seja, com a bola nos pés. Por isso, o tempo para retomar as atividades no mesmo ritmo de antes seria em média de duas a três semanas”, opina o goleiro, que acumula passagens pelo Santos, Arouca de Portugal e pela seleção brasileira sub-20.
Natural de Lucélia, interior de São Paulo, Gabriel se encontra em uma situação diferente dos demais jogadores, já que, devido à sua posição, tem que manter o ritmo de jogo para não desacostumar e correr o risco de sofrer lesões no futuro. “Mantive os exercícios físicos passados para fazer dentro de casa. Depois de algumas semanas, comecei a ir com o treinador de goleiros do clube a um campo da cidade para fazer treinos específicos, sempre tomando o máximo de cuidado para evitar a contaminação”, conta o goleiro, que diz treinar em casa junto com a namorada para ter companhia.