“Acredito que até o final deste ano voltaremos ao volume de negócios de antes da pandemia”, afirma dono de agência de turismo
Com o avanço da vacinação no mundo, países estão abrindo suas fronteiras a estrangeiros e, no Brasil, reservas de hotéis e passagens estão voltando a chamar atenção da população. O setor do turismo vê, finalmente, possibilidade de crescimento. O início da quarentena em março de 2020 significou a inviabilidade de viajar, tanto pelo país quanto internacionalmente, afetando diretamente o setor do turismo. Tal setor apresentou redução de 59% em seu faturamento, de acordo com o Ministério do Turismo.
Marcelo Pires, dono da Agência Top Turismo, afirmou que o negócio ficou por diversos períodos fechado por determinação dos decretos das autoridades locais e estaduais. “Neste meio tempo, continuamos a trabalhar no sistema home-office”, conta. Marcelo afirmou também que sua renda foi totalmente prejudicada e que, para se manter, precisou utilizar o capital de giro da empresa, que é o dinheiro guardado em contas bancárias, com a finalidade de possibilitar investimentos da empresa e mantê-la em casos de crises financeiras, como a gerada pela pandemia.
Felizmente, o agente de viagens diz que desde agosto as vendas vêm aumentando gradualmente, o que traz um alívio para a estabilidade financeira. Segundo Marcelo, houve um aumento de até 40% em relação aos preços de passagens e de 10% a 20% no caso de hotéis. Entretanto, os preços altos acabam, diversas vezes, afastando compradores, o que provoca insegurança sobre as vendas. Ele também destaca que, ao contrário do que se imagina, os preços de viagens internacionais são os que mais se mantiveram estáveis.
No primeiro semestre de 2021, o início da vacinação em países da Europa e nos Estados Unidos, gerou o ‘turismo da vacina’, isto é, brasileiros que viajavam para países com calendários de vacinação mais adiantado. Essa ideia surgiu principalmente do governo americano, que estava procurando uma maneira de voltar a movimentar sua economia. Tal procura foi vista como uma oportunidade de vender pacotes, e, segundo Marcelo, em sua agência houve sim, a procura por esses. No segundo semestre, essa prática está se tornando quase inexistente, uma vez que o Brasil já aplicou 234,67 milhões de doses (dados atualizados em 29 de setembro).
Quanto à volta de circulação de pessoas em âmbito nacional e internacional, a professora e pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC), Márcia Speranza, demonstrou grande preocupação. Segundo ela, “estamos muito suscetíveis a mutações mais perigosas e que podem desestabilizar o controle da crise sanitária.” O descontrole da pandemia trata-se de uma preocupação tanto de especialistas quanto de turistas pois, de acordo com Marcelo, “a maior preocupação no momento seria a ocorrência de uma 3ª e nova onda da doença, por algum novo variante da covid, aumentando os casos e obrigando o setor a fechar novamente”.
A retomada do turismo deve ser feita de maneira cautelosa, assegurando todas as medidas sanitárias. O governo federal lançou a campanha ”Viaje com responsabilidade e redescubra o brasil”, composta por três pilares provisórios. O primeiro foca na proteção dos empregos, com o pagamento do auxílio emergencial e flexibilização do trabalho. Para o consumidor, foram garantidos reembolsos no caso de cancelamentos e garantias de adiamento de viagens. Já para os negócios cadastrados no “Cadastur”, foi liberado 5 bilhões de reais em créditos para investimentos e mantimentos das empresas. No quesito de segurança sanitária, foi lançado o “selo turismo responsável”, que exige a garantia dos protocolos de biossegurança.
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, destacou a importância desta retomada, uma vez que o setor corresponde a 8,1% do PIB (Produto Interno Bruto) e emprega mais de 7 milhões de pessoas no país. “Nós impactamos diretamente 53 segmentos da cadeia produtiva, então, realmente é um setor que tem contribuição muito importante na agenda econômica do Brasil” afirmou o ministro.