Atleta amador e profissionais da área explicam como treinos melhoraram a qualidade de vida das pessoas durante a crise
“Comecei a me sentir bem melhor. Primeiro, fui forçado a regular meu sono e hoje durmo melhor e acordo muito mais cedo. Passo o dia inteiro com energia e disposição, tenho mais foco e mais concentração”. Esse é o depoimento de Enrico Cardoso, 33 anos, profissional de marketing e praticante de crossfit. Segundo ele, a pandemia o fez repensar seus valores e valorizar a vida. Após 20 anos sem realizar nenhum tipo de atividade física, decidiu se arriscar e começar a treinar na academia Madala CF, na Zona Sul de São Paulo.
Segundo o Strava, serviço americano de internet para rastreamento de exercícios humanos que incorpora recursos de rede social, no começo da pandemia, no Brasil, mesmo com a quarentena e as restrições, os registros de atividade física aumentaram 5% a mais do que o esperado, e continuaram crescendo ao longo da crise sanitária.
De acordo com Enrico, o crossfit foi o que realmente o cativou e o fez gostar de se exercitar, diferente de, segundo ele, sua experiência com a musculação, por exemplo. A dinâmica da modalidade, que trabalha com treinos em grupos de diferentes exercícios e habilidades por dia, foi o que o fez encontrar um tipo de treinamento que se identificasse.
Com o início dos treinos, o atleta amador relata ter percebido muitos benefícios: “Sinto menos o peso da idade, consigo acompanhar meu filho, brincar com ele e, aos poucos, consegui dar o exemplo para ele e minha esposa. Acabou criando um círculo virtuoso de coisas boas na nossa vida.”
Enrico se considera um exemplo não só para seu filho, mas para todos, de que nunca é tarde demais para começar a ter uma vida saudável, já que começou a praticar atividade física somente depois dos 30 anos e já conseguiu obter bons resultados em sua vida. Além dos treinos, o profissional de marketing comenta ter começado a fazer acompanhamento nutricional para aprimorar a sua qualidade de vida.
Retomada das academias e da atividade física
Não foi apenas Enrico que reconsiderou a importância da prática esportiva para uma melhor qualidade de vida. O personal trainer e treinador do Madala CF, Gabriel Cacuro, também considera que a pandemia foi um marco. “As pessoas próximas a mim começaram a procurar por essa atividade física mais direcionada. Todo mundo passou a entender melhor que a prevenção é uma das melhores ferramentas que a gente tem para ser saudável”, diz.
Além dele, o proprietário da academia de crossfit, Francisco Cordeiro, afirma que a procura passou a aumentar após a reabertura desses estabelecimentos: “Começaram a procurar um pouco mais, até porque viram que precisavam e precisam da atividade física no dia a dia. Não por uma questão de estética, mas por uma questão de saúde”.
O empreendedor lembra que no início da quarentena perdeu 70% de seus clientes por conta da mudança de treino presencial para online. Após a reabertura, no entanto, a procura cresceu a ponto de ter superado o número de frequentadores do pré-pandemia.
Com o aumento no número de clientes, Francisco teve que fazer algumas adaptações, como aumentar sua equipe, através da contratação de mais profissionais da área de educação física, e ampliar o horário de funcionamento do estabelecimento.