A pandemia como o despertar para realização de ações de solidariedade e os impactos emocionais e psicológicos positivos para quem se envolve
Em momentos de pandemia, a solidariedade pode ser enxergada como um respiro no meio de todo o caos. Para Luana Christine Alá, estudante do terceiro ano de Publicidade e Propaganda da Faculdade Cásper Líbero, a pandemia a fez abrir os olhos e enxergar o seu redor. “Me comovi assistindo uma reportagem na televisão, em que mostrava o quão importante as doações eram para as famílias mais carentes. Me peguei pensando no quanto reclamo de ‘barriga cheia’, enquanto essas pessoas muitas vezes não tem nem o básico”, relata. Alá começou a acompanhar projetos de cunho social e ajudou-os com doações financeiras. Entre eles, está o “Papo Futuro”, uma ONG fundada em 2020 por estudantes do ensino superior privado. O objetivo da Organização é arrecadar doações para ajudar alunos que não possuem recursos tecnológicos a continuarem estudando durante a pandemia. “Sou doadora recorrente e acompanho eles pelo Instagram constantemente também, porque por lá eles mostram o efeito que isso causa na vida desses alunos”, conta.
Há pouco mais de um mês, ela e mais dois amigos, decidiram criar um perfil no Instagram (@cantinho.damariia) para ajudar uma protetora de cachorros independente, que resgata os animais e os leva para a própria casa. O objetivo é conseguir doações que serão convertidas em ração, medicamentos, exames e consultas veterinárias. “Criamos o nome, a identidade visual e ‘de pouquinho em pouquinho’ estamos conseguindo arrecadações. Postamos os cachorros, o que eles precisam, suas histórias”, relata. A ideia do projeto veio através da percepção de que a maioria das ONGs que acompanha, estão presentes nas redes sociais. “Para você ganhar visibilidade, conseguir alcançar pessoas, acho que é essencial ter sua presença digital. É ótimo para influenciar a fazerem o mesmo. Se não vemos, parece que não cremos, que não existe”, compartilha.
De acordo com Laís Prado dos Santos Assis, formada em Psicologia pelo Mackenzie e Especialista em Psicologia Hospitalar pela Santa Casa de São Paulo, falar sobre sentimentos é algo que vai muito além da subjetividade de cada um. “Acho que existem pessoas que vão procurar sim reconhecimento de terceiros e pessoas que buscam a sensação boa que isso pode trazer de fato, a satisfação pessoal. Alguns vão querer aplausos e outros simplesmente o conforto que pode ser gerado”, comenta.
Assis ainda acrescenta que são inúmeros os benefícios quando realizamos ou recebemos um ato de solidariedade. “Isso tem a capacidade de melhorar o nosso humor, de aumentar a nossa noção de responsabilidade com o outro e com nós mesmos. Existe a liberação do hormônio da ocitocina, que é o hormônio que gera essa sensação de bem-estar, inclusive é como é conhecido, então ambos os lados ficam mais felizes”. Luana Alá confirma o sentimento: “só de eu sentir que um ‘dinheirinho’ que eu doei vai ajudar uma família por um mês ou até mesmo uma semana, fico muito feliz em saber que de algum modo consegui causar um impacto positivo na vida de alguém”.
Segundo Assis, existem muitas pesquisas acerca da origem da solidariedade, embora nenhuma consiga chegar a uma conclusão em específico se é algo inerente ao ser humano ou se é algo construído socialmente. No seu ponto de vista, “é um pouco dos dois”. De qualquer modo, tendo como base o que já foi citado sobre as implicações do ato solidário, fazer o que tiver ao seu alcance é o grande objetivo. Ter o pensamento de que se mudar um momento que seja na vida de alguém, já está valendo: “pensando em questão da pandemia, você se sentir olhado com carinho, com cuidado, ajuda bastante na diminuição de emoções negativas que estão atreladas a esse momento”, avalia Laís Assis.