Jovens estão abandonando ou trocando de curso na graduação por pressão externa? Veja o que especialistas têm a dizer sobre esse processo
O fim do ensino médio marca a passagem para a fase adulta e é quando a pressão dos pais e de toda a sociedade para saber qual é seu “dom”, e provavelmente com que você vai trabalhar, aparece.
Observa-se na fase educacional que algumas pessoas apresentam maiores vocações para artes ou matérias relacionadas a humanas ou biológicas. E é de se esperar que tais pessoas optem por fazer alguma graduação na área voltada ao que lhe dar mais prazer.
Porém, um dado divulgado pelo INEP aponta que cerca de 56% dos estudantes que ingressaram em uma universidade acabaram desistindo no meio do caminho ou trocaram de curso no decorrer. Os dados, divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep), com base no Censo de Educação Superior, apontam que mais de 1.392.470 estudantes passaram por situações de instabilidades com a vida universitária, entre os anos de 2010 e 2015.
“Não precisa fazer o que gosta, faça o que dá dinheiro”
Entre os motivos de desistência apontados por especialistas estão a mudança de universidade, não identificação com o curso, dificuldades financeiras ou até mesmo pela necessidade de mudar de curso de graduação. Os cursos que sofrem maior desistências pelos alunos estão para a área Administração (182.591), Direito (128.728), Pedagogia (100.743), Ciências Contábeis(59.002), Enfermagem (43.429).
Tais escolhas de primeira opção de curso não é surpreendente para um cenário de crise econômica e de alta taxa de desemprego, pois, segundo uma pesquisa divulgada pela revista Forbes as profissões que mais iriam contratar em 2022 seriam as do nicho de: Engenharia, Finanças e Contabilidade, Setor Jurídico, Seguradoras, Tecnologia e Vendas.
Assim muitos jovens escolhem a profissão baseada na rentabilidade monetária que a profissão dará, e não levando em consideração de fato o que eles se sentem aptos a fazer. Decisão que acarreta, a curto prazo, no abandono e troca dos cursos da graduação.
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A pressão econômica na escolha dos jovens
Em entrevista para ESQUINAS, o vestibulando Diogo Vianna, de 20 anos. afirma que o momento financeiro da família impactou a sua escolha de graduação: “Eu não tive nenhuma pressão, mas, pelo momento financeiro que a gente vivia e por eu querer ajudar, eu me baseei em um curso que eles gostariam”.
Contudo, depois de um certo tempo, Diogo não contente com o mercado de Publicidade e Propaganda, desistiu do curso e voltou a fazer cursinho.
A pressão para o jovem ter rentabilidade monetária é sentida também pelos os professores, como confere o relato do professor história no ensino médio Alan Leitão, de 35 anos: ”O vestibular ele por si só já é uma situação de grande pressão, então no geral a grande maioria dos jovens se sentem pressionados por uma questão até que sistemática da própria organização da educação no País.” e o professor explica ainda que: “Na situação de vestibular não, é quase que um rito de passagem, para ele entrar no mundo adulto, ele precisa passar por uma prova de 1 ou 2 fases que vai decidir a sua vida”.
Como escolher?
O professor finaliza dizendo que: “É importante você reconhecer suas habilidades, a vocação, aquilo que você curte, que dá prazer. Você vai exercer aquela profissão durante a maior parte da sua vida. Imagina ser uma chatice, ou ser aquilo que você não esperava. Então o que eu aconselho para o jovem é fazer algo que ele sinta prazer, felicidade, e que te transforme e motive.
Já o psicólogo Massimo Mazzoni, de 52 anos, afirma que sente essas alterações emocionais nos adolescentes que estão saindo do ensino médio: “Percebo que a insegurança de não atender as expectativas, principalmente da família, causam muita angústia e ansiedade que podem comprometer o desempenho na prova”.
Mazzoni ainda aconselha os jovens que estão em dúvida quanto ao curso e carreira que pretendem seguir: “Minha dica é, cuidar para que as influências nessa etapa sejam de boa procedência. Outra dica, é entender que está terminando uma etapa importante dos estudos que foi até a finalização do ensino médio e se conscientizar que um curso numa faculdade não precisa ser escolhido na pressão, ou somente por ganhos vultosos de dinheiro, ou seja, ter um olhar com cuidado para buscar uma profissão que irá executar, se possível, com amor”, conclui.