TRANSMISSÕES ESPORTIVAS CRESCEM NOS SERVIÇOS DE STREAMINGS. JORNALISTAS COMENTAM SOBRE A INFLUÊNCIA DOS NOVOS MEIOS NA COMUNICAÇÃO
Durante os últimos anos, foi possível perceber um alto crescimento e renovação dos serviços de streaming, que agora estão inseridos também no meio esportivo, como a Paramount + que passará a ter direitos de transmissão da Copa Conmebol Libertadores, disputando com a rede Globo.
Mudança de hábito na sociedade
De acordo com a jornalista Letícia Denadai, que trabalha nas mídias sociais da FPF (Federação Paulista de Futebol), entende-se que as transmissões nas plataformas de streaming ocorrem por uma mudança de hábito da sociedade. “O que influencia a transição da TV para as mídias é que agora está todo mundo conectado. Vivemos em uma sociedade que está sempre fazendo alguma coisa, correndo atrás de algo e você passar uma transmissão de jogo para uma plataforma streaming, YouTube, você amplia o alcance dessa plataforma. Fazendo com que mais pessoas assistam mesmo não estando em casa.”
Para a profissional, o mais provável é que as plataformas de streaming tenham mais audiência do que as grandes emissoras. A exemplo disso, a final da Champions League de 2020, entre Bayern Munique e Paris Saint-Germain, transmitida pelo Esporte Interativo atingiu 4,2 milhões de espectadores no Facebook, assumindo o posto de maior live já transmitida dentro da plataforma. Apesar do crescimento dos streamings, a TV permanece forte, mantendo a sua exclusividade em outros campeonatos. Os novos meios de transmissão vieram para agregar e cada um assiste no formato que achar melhor.
Em relação a influência dos streamings na rotina dos comunicadores, Letícia entende que é bom, pois gera mais espaço de comunicação aos profissionais da área: “Isso acaba sendo muito bom, porque você acaba tendo mais espaço e mais oportunidades para mostrar seu trabalho”.
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A linguagem dos streamings
Em entrevista exclusiva para ESQUINAS, a jornalista Domitila Becker, ex-comentarista do SBT e da Globo, e atualmente apresentadora de esportes do UOL, comenta sobre a influência das plataformas de streaming em transmissões esportivas.
“Está onde dá dinheiro para as empresas de marketing, e é o que está diminuindo na televisão, eu ainda sou da geração velha e assisto, mas a geração Z, por exemplo, não assiste mais TV. Então, como as pessoas estão assistindo mais conteúdos na internet, o mercado vai se regulando para conseguir mais patrocínios que é onde os eventos estão migrando.”
Com essa diversidade de meios para assistir aos jogos, a abertura para que pessoas da internet possam integrar às transmissões esportivas acontece de forma gradual. A “CazéTV” por exemplo, foi o primeiro canal a transmitir o maior campeonato entre seleções. De 64 jogos da Copa do Mundo, a rede teve o direito de transmissão em 22, incluindo os jogos da seleção brasileira, as semifinais e a final.
Além de crescer na comunicação esportiva, Casimiro possui as três posições no pódio de maiores lives no YouTube, todas com os jogos do Brasil. Dando espaço a Diogo Defante, com o quadro “Repórter doidão”, Cazé demonstra a desconstrução da seriedade do jornalismo esportivo, que além de noticiar, também entretém o público. Domitila Becker concorda que a comunicação está se reinventando com a adaptação ao mercado.
“Quando eu era pequena, o jornalismo esportivo era um negócio super quadrado, era um cara de terno, como se fosse o (William) Bonner das antigas. E aí, o Leifert, na minha opinião, foi muito precursor desse jornalismo mais desconstruído, mais natural”, comenta a jornalista.
Com isso, as emissoras foram obrigadas a se adaptar a nova linguagem, como a Rede Globo que migrou seus canais para o Globoplay. Referências antigas da emissora, também estão se reinventando de acordo com a evolução da comunicação, é o caso de Galvão Bueno, que com 41 anos sendo narrador esportivo na TV Globo, saiu da emissora e abriu o seu canal no YouTube, “Canal GB”, que tem como ideia transmitir jogos da seleção brasileira.
Influência do streaming
Algumas transmissões em streaming já tiveram números de audiência maiores do que a mídia tradicional, mas mesmo em crescimento, ainda possuem dificuldades de se tornarem referência, muito por conta que parte do Brasil não tem acesso rápido e de qualidade ao streaming. Segundo a pesquisa TIC aproximadamente 18% dos lares brasileiros ainda não possuem nenhum tipo de conexão com a internet, sendo mais prático assistir as transmissões pela televisão.
A jornalista diz, que em termos de referência, a Rede Globo, já não possui a mesma influência que antes: “Hoje em dia, os formatos de linguagem, e o jeito que você comunica a informação, já são pautados pela internet.”