Condutores escolares param a Avenida Paulista em manifestação
Brinquedos de pelúcia no painel do carro podem parecer estranhos na maioria dos veículos, mas não são para as peruas escolares. Na manifestação desta sexta-feira, 25 de maio, o que surpreendia eram os dizeres “Intervenção Militar Já”, pintados no para-brisa de algumas das vans escolares estacionadas em duas faixas da Avenida Paulista
“Querem ver a história acontecer?”, nos perguntou o editor-chefe de Esquinas que havia acabado de chegar da rua. E então, descemos do Edifício Gazeta para fazer a cobertura.
O motivo principal da paralisação dos condutores escolares é o aumento do preço do diesel, que desde o começo do ano está com seu valor em alta. A manifestação estaria marcada para o dia 30, mas por conta da greve dos caminhoneiros que provocou a falta de combustível em São Paulo, os trabalhadores decidiram adiantar a data.
Mesmo com menor oferta de combustível na cidade de São Paulo, os condutores apoiam a greve. “Os caminhoneiros não são os bandidos”, declara Solange Santos, que, junto ao seu marido Jailton, aderiu ao ato com suas vans. “Na nossa casa tudo o que tem vem dos caminhoneiros. Eles trazem as peças de pano, alimentação e remédios”, acrescenta Tia Solange, como é chamada pelas crianças que leva diariamente em sua perua.
De acordo com Antonio dos Santos, condutor escolar há 18 anos, a manifestação tomou forma por meio do uso de grupos no WhatsApp e Facebook. “Todos são administradores, eu coloquei duas ou três pessoas e elas vão colocando mais”, diz. É dessa forma que o dono de perua escolar explica a concentração de vans vindas de todas as partes da metrópole paulista. Ele estima ter aproximadamente trezentas delas na avenida e mais outras espalhadas pela cidade, como por exemplo na Radial Leste.
Foi por meio de um grupo de WhatsApp que Jailton e Solange souberam do ato. “Os tios escolares querem intervenção militar já”, conta a mulher. Com frases pintadas na van do casal, o apoio aos militares é evidente. Antonio dos Santos, como outros condutores também concordam com a intervenção militar, sendo um assunto em pauta na paralisação desta sexta-feira.
O ato esperava também caminhoneiros e motoqueiros, segundo os manifestantes. Esta reportagem teria sido encerrada dessa maneira às quatros horas da tarde e publicada logo em seguida. Editamos o texto em meio aos sons de apitos e gritos na rua. Entretanto, o barulho dos rojões alcançaram o edifício onde estávamos.
“As motos chegaram”, alguém falou. Traziam consigo coletivos e sindicatos para aderirem ao ato. No mesmo momento, a incerteza tomou conta das pessoas ao nosso redor. Eram professores temerosos de um novo golpe militar e o boato que o prédio seria evacuado, o que de fato aconteceu.
Nas calçadas, havia um pouco de tudo acontecendo. Os manifestantes gritando suas reivindicações, gente apressada para chegar em casa e fugir do tumulto, artesãos vendendo seus produtos e pessoas sem saber quem tinha chegado ou quem seria o próximo a vir. A incerteza tomou conta da Avenida Paulista nesta sexta-feira.