Brasil perde para Alemanha nas qualificatórias da Billie Jean King Cup e, ainda, há muito, a ser feito; mas há o que se comemorar
No último sábado (13), as brasileiras Beatriz Haddad Maia, Laura Pigossi, Carolina Meligeni, Ingrid Martins e Luisa Stefani foram eliminadas pela equipe alemã, ao perderem por 3 a 1 na fase classificatória do torneio de tênis. Porém o resultado está longe de ser negativo, já que as tenistas fizeram história batendo o recorde de público do Ginásio Ibirapuera. Ao todo, o espaço recebeu 14.940 pessoas, sendo 6.890 na sexta-feira (12) e outras 8.050 no sábado (13).
O nome do torneio serve de homenagem à tenista norte-americana Billie Jean, cuja trajetória profissional revolucionou o esporte feminino na década de 70, quando lutou pela igualdade nas premiações entre homens e mulheres.
Sonhos que se tornam realidade público
No cenário mundial, Haddad, Stefani e Pigossi são destaques no tênis feminino. A visibilidade que as boas campanhas das brasileiras tiveram nos últimos tempos foram essenciais para lotar o ginásio.
“Isso [apontando para o público] é resultado do empenho delas. Se o desempenho tivesse sido diferente, hoje, o ginásio não estaria lotado. Os resultados são muito importantes para gerar público em um torneio importante. Dá vontade de jogar e ser jogadora. É muito inspirador”, diz a torcedora Ana Luiza Cruz, que esteve presente no Ibirapuera.
Além da jovem, o carioca Wanderson Ferreira acompanhou o torneio e garantiu torcida para Pigossi. Já na coletiva de imprensa após o último jogo, Meligeni comentou sobre o público presente nas arquibancadas: “Estava cheio de crianças assistindo e torcendo. Tenho certeza de que, de alguma forma, elas vão se sentir inspiradas”.
A Billie Jean King Cup também foi uma conquista profissional e pessoal das atletas. Pigossi comentou sobre o sonho de jogar no Ginásio Ibirapuera: “Desde que comecei a jogar tênis, provavelmente esse é um dos momentos que eu mais sonhei na vida. Vim aqui pela primeira vez com 12 anos e toda noite, quando eu fechava o olho, me imaginava jogando”.
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Wanderson conta que conheceu o tênis por conta de Guga, mas só começou a acompanhar durante as Olimpíadas de Tóquio 2021.
“Eu conhecia o tênis por flashes da história do Guga, mas só passei a entender na última Olimpíada. Era pandemia e meu grupo de amigos estava totalmente entretido com os jogos. O tênis me chamou atenção pela Naomi Osaka, durante sua passagem com a tocha olímpica. Depois descobrimos Laura e Luísa. E quando elas ganharam medalhas, decidi segui-las em um aplicativo de esporte, onde são mostrados os placares dos jogos.”
“Meu contato começou com a Bia Haddad, em Roland Garros, no ano passado. Foi legal ver a história acontecendo”, comenta o torcedor Gabriel Ursi sobre o primeiro contato com o tênis. Em 2023, a tenista brasileira alcançou um resultado histórico: ser a primeira mulher brasileira a alcançar uma semifinal de Grand Slam desde 1968. Haddad derrotou a tunisiana Ons Jabeur nas quartas de final do torneio. A brasileira ficou a um jogo da final de Roland Garros, sendo derrotada pela polonesa e número 1 do mundo, Iga Swiatek, que acabou ganhando a competição.
E qual o legado?
A influência que essas atletas têm sobre os jovens tenistas atravessa gêneros e idades. No ano passado, o tenista João Fonseca venceu o US Open Junior e se consagrou número 1 do ranking juvenil. Após a conquista, Fonseca contou em entrevsista ao Sportv quem é sua inspiração: “Me inspirei na Bia Haddad, ela joga com o coração”.
Mas se engana quem acha que só as veteranas são lembradas. No final do torneio, Nana foi parada por vários fãs para dar autógrafos e tirar fotos. Mesmo sendo jovem, a paulista já é exemplo para vários torcedores de diferentes idades.
Assim, as atletas comentaram durante a coletiva como esse é o melhor momento do tênis feminino em muito tempo, mas não só pelos resultados que elas jogam, como também pelas histórias que elas escrevem fora de quadra. “Mais que a vitória ou a derrota em si, o importante é o legado. E a gente está construindo isso”, diz Carol Meligeni.