Diretor de zoológico deve se ater aos novos procedimentos sugeridos para gestão dos parques. Trabalhadores medem esforços para garantir saúde dos funcionários e animais durante a pandemia
Astélio de Moura é diretor do zoológico de Bauru, no interior de São Paulo, e alerta sobre o perigo de contaminações. “É preciso evitar que o tratador contamine o animal, senão teremos uma série de problemas”. Ele também afirma que no Brasil há um trabalho preventivo com macacos desde de que a Associação de Zoológicos e Aquários no Brasil — AZAB — emitiu um boletim técnico aos zoológicos sobre esse tipo de contaminação.
Os primatas possuem atenção desde o início da pandemia porque têm uma proximidade com a espécie humana. Contudo, a associação também alerta que grande felinos devem ser observados, já que uma tigresa foi diagnosticada com coronavírus no Zoológico do Bronx.
Outro destaque dado pela entidade é que o bem-estar deve ser preservado. “A vida dos animais deve se manter normal, sem grandes mudanças na rotina que possam gerar ansiedade ou alterar seu comportamento. Além disso, também precisamos zelar pela saúde das pessoas”, completa. Segundo a AZAB, é necessário se prevenir porque há pouco conhecimento sobre a covid-19, principalmente nos animais. “As instituições têm adotado práticas que reduzem o risco de transmissão para os bichos. Por exemplo, estão afastando qualquer funcionário doente, utilizando máscaras e reforçando a higienização”, explica.
No caso do Zoológico de Brasília, um quadro mínimo de funcionários é mantido com técnicos plantonistas, que são, geralmente, um biólogo e um veterinário. O diretor de mamíferos do parque, Filipe Reis, ressaltou que protocolos para uma maior proteção foram implementados, como a higienização rotineira, utilizando água sanitária ou sabão, e uma menor exposição dos animais. “Evitamos muita proximidade com eles, mas o mínimo de contato é inevitável”, relata.
Já a equipe do Zoológico de Goiânia, além de usar luvas e máscaras, foi dividida pela metade e trabalha em dias intercalados. Os animais também são checados diariamente para ver se apresentam algum sintoma do vírus .Segundo Raphael Cupertino, supervisor geral e médico veterinário do parque, os procedimentos ficaram mais criteriosos desde o início da pandemia. “Nossos pedilúvios — locais de limpeza dos sapatos — estão com cal hidratada. Os tratadores agora usam botas de borracha que são higienizadas duas vezes por dia e, antes de entrar no ambiente com o animal, pisam nessa cal”, explica.
Os parques, por estarem de portas fechadas, podem ter seu orçamento afetado. “Aqueles que dependem mais dos recursos advindos da bilheteria certamente sofrerão maior impacto pelo fechamento, mas os parques sabem que estão sujeitos a situações de crises e devem ter condições de manter suas atividades durante esses períodos. Ocorre que se o fechamento se prolongar por muito tempo suas reservas serão atingidas, podendo criar dificuldades financeiras”, explica a AZAB.
Para o Zoológico de Bauru, Astélio diz que há um fundo emergencial criado ao longos dos anos. Esse dinheiro junto da verba repassada pela prefeitura possibilitam a sustentação do parque. O veterinário Raphael Cupertino diz que o parque de Goiânia tem seu funcionamento garantido pelo município, especialmente durante esse período de crise.
De acordo com o superintendente financeiro do Zoológico de Brasília, Antônio Elvídio, o impacto nas contas da instituição será pequeno, apesar a venda de ingressos somada aos recursos do governo estadual representar um quinto de toda a receita.