No démodé do "corp", maternidade e empreendedorismo ainda são antagônicos - Revista Esquinas

No démodé do “corp”, maternidade e empreendedorismo ainda são antagônicos

Por Letícia Galli e Manuela Massera : setembro 19, 2024

"Quando nós [mulheres] pensamos “eu posso”, não há força que nos impessa de dar certo.” Foto: Reprodução/Pexels

Débora Baptista, sócia-fundadora da agência Qintal22, em entrevista a ESQUINAS, comenta sobre empreendedorismo na maternidade

Ainda jovem, Débora Baptista trilhava outro caminho, o desejo de ser diplomata, que se esvaneceu com a chegada da maternidade. À época, ser mãe não estava como objetivo de vida e o início não foi fácil. “No momento eu estava em dois empregos, e com a chegada dos meus filhos, não consegui conciliar as demandas do trabalho.”

Com o passar do tempo, Baptista se acostumou, ou, no minimo se arranjou, na rotina de mãe e empreendedora. Em um mundo onde o esforço da mulher precisa ser três vezes maior do que o de um homem; o caminho é ser excepcional nos dois universos: maternidade e trabalho.

“Em viagens, meus filhos brincavam com meu ex-marido enquanto eu trabalhava”, destaca a sócia-fundadora da Quintal22 sobre a importância de uma rede de apoio. “Durante a semana, eu e uma vizinha que também trabalhava fora, nos revezávamos para levar os meus filhos e os dela para a escola. É importante pedir ajuda quando algo não estiver legal.”

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O que falta nas empresas?

Em 1988, com a promulgação da 7ª Constituição Federal adotada no país, trabalhadoras mães conseguiram a licença maternidade, que é o direito de mulheres gestantes ou que adotaram uma criança de permanecerem afastadas de seu emprego e, ainda assim, manterem seu salário e benefícios.

Para Baptista, apesar do avanço federal, empresas ainda estão longe de proporcionarem um ambiente profissional adequado para mães. Hoje, poucas corporações disponibilizam o apoio ideal, com flexibilidade de agenda e ajuda financeira para mulheres grávidas. “Organizar o tempo é o maior desafio. É necessário ter agenda para não se desgastar com pequenas situações, assim, é mais fácil ter tempo para os filhos”, analisa a profissional.

Em meio ao crescimento da Quintal22, Baptista passou por um divórcio, que na visão da empreendedora só lhe trouxe mais sucesso. “A partir da separação eu me tornei uma mulher e uma mãe mais segura. Foi um momento de crescimento, de tomar rédea da minha vida e crescer com a empresa. Quando nós [mulheres] pensamos “eu posso”, não há força que nos impessa de dar certo.”

Editado por Clarissa Olivia

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