Diretora do EJA, segmento de Educação para Adultos, diz que alunos querem repetir o semestre - Revista Esquinas

Diretora do EJA, segmento de Educação para Adultos, diz que alunos querem repetir o semestre

Por Beatriz Foiadelli : maio 4, 2020

Pedro Ventura/Agência Brasília

EDUCAÇÃO PARA JOVENS E ADULTOS, EJA, ENFRENTA DESAFIOS EM MEIO AO DECRETO DE QUARENTENA EM SÃO PAULO

Maria Cecilia Milioni Ferraiol é diretora do segmento de Educação para Adultos do Colégio Santa Maria, zona sul na cidade de São Paulo. De acordo com ela, esse período está sendo difícil para os alunos do 1° ciclo, ou seja, que estão passando por um processo de alfabetização. “Alguns estão muito preocupados, dizendo até que querem repetir o mesmo semestre. Falam que não se sentem seguros em continuar essas atividades, mas esse receio é natural do aluno, afinal é uma pessoa que está ingressando agora nessa vida acadêmica”, comenta.

“A grande preocupação nossa para o 1° ciclo, principalmente primeira e segunda série, não é nem fazer com que o aluno aprenda, porque é muito difícil, nós queremos que ele se sinta amparado, que tenha o conforto de não mudar essa rotina da escola. São pessoas muito fragilizadas”, ressalta a diretora.

No dia 14 de março, o governador de São Paulo, João Doria, decretou em a suspensão de aulas presenciais no estado a fim de reduzir o avanço da covid-19. Desde então, os alunos de toda a rede pública e privada encaram uma transição temporária do ensino presencial para o à distância. Essa situação é ainda mais evidente para a Educação para Jovens e Adultos (EJA), que oferece uma retomada nos estudos para aqueles que não concluíram os ensinos médio ou fundamental na idade adequada.

Apesar da iniciativa online do governo, a diretora também comenta que é necessária uma adaptação para os estudantes do ciclo 1. “Eles não têm como trabalhar com essa plataforma online. Então, os professores criaram o mecanismo de trabalhar através de Whatsapp, que foi uma ferramenta importante porque se comunica via voz. A maioria troca fotos dos próprios cadernos com os professores, eles têm muita vontade de aprender”, explica.

Para os alunos, as impressões são próximas disso. Tereza da Silva Sirino, 57 anos, é estudante de alfabetização em uma escola municipal localizada também na zona sul de São Paulo. De acordo com ela, os estudos encaravam menos obstáculos quando as aulas eram ministradas presencialmente, principalmente na questão de comunicação com os educadores. “Os professores mandam o dever de casa todas as noites pelo Whatsapp e eu faço ele em casa. Minha filha me ajuda quando pode, porque ela também está estudando em casa agora.”

A ajuda dos familiares vem sendo um ponto fundamental para Tereza
Acervo Pessoal

A aluna do EJA diz que conta com sua filha para entender alguns assuntos. “Estudar está sendo mais difícil, lá na escola era melhor. Aqui eu tenho mais dificuldade para tirar dúvidas, porque não é toda hora que minha filha pode me explicar”, conta. Tereza relata que apesar da situação está tentando manter uma rotina de estudos. “Até voltar as aulas, eu vou fazendo o que posso. Sair de casa é só para trabalhar mesmo, e vou assim.”

Apesar das dificuldades encaradas por parte dos estudantes, a diretora  Maria Cecília ressalta que esse processo tem sido mais fácil para as pessoas do 2° ciclo, período da quinta série até o terceiro ano do ensino médio. “Nós criamos um link de comunicação com os alunos através de aulas virtuais. Eles têm vídeo-aulas, plantões de dúvidas, atividades e tiveram uma avaliação on-line no dia 8 de março”, conta.

De acordo com o governo do estado, as aulas devem voltar com um rodízio e de maneira gradual, começando pelas crianças da educação infantil — 0 a 5 anos. O plano apresentado no dia 24 de abril também diz que os ensinos fundamental e médio devem voltar no mês de julho. Nenhuma medida específica para o EJA foi mencionada.

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