Professores apontam que a facilidade de acesso a novas metodologias se mostra cada vez mais comum no ensino remoto
O ensino remoto obrigatório, apesar de trazer diversas dificuldades para os alunos brasileiros, também proporcionou um grande avanço no ponto de vista metodológico. A utilização de plataformas digitais pelas escolas e faculdades fez com que surgissem novas formas de ensino, que se tornaram essenciais na continuação do aprendizado.
Segundo dados do Censo da Educação Superior 2019, divulgados pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e pelo MEC (Ministério da Educação), o número de indivíduos em cursos de EaD ultrapassou a quantidade de estudantes que começaram a graduação presencial, na rede privada. Além disso, a pesquisa aponta que 50,7% (1.559.725) dos alunos que ingressaram em instituições particulares optaram pelas aulas na modalidade citada.
Diante do cenário, o professor e coordenador pedagógico da consultoria de inglês Challenger Club, Gabriel Fabbri, relata um dos principais ganhos com o ensino remoto: a praticidade. “Tenho uma aluna que fazia aula às 7h da manhã e precisava deixar seus dois filhos pequenos na casa da mãe às 6h30 para conseguir ir à escola e depois seguir para o trabalho durante o dia todo. Agora, com o ensino online, ela faz as aulas em casa, junto com seus filhos, e não precisa se desgastar como antes”, conta o coordenador.
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Ellen Susana, aluna de inglês na mesma consultoria, relata que essa nova modalidade digital facilitou sua otimização do tempo, já que possui uma rotina intensa de trabalho como gerente na empresa Lacoste. “Hoje eu consigo fazer uma aula no meu horário de almoço ou em qualquer lugar que tenha internet”, afirma.
Ainda do ponto de vista estudantil, a aluna Giovanna Magalhães, de 14 anos, do colégio São Vicente de Paulo afirma que antes da pandemia achava que essa realidade era muito distante, mas agora está totalmente inserida nela. “Um dos aspectos mais positivos da aula remota foi o aumento de informações e buscas por novos assuntos”, opina ela.
O acesso rápido à informação também foi um ponto que facilitou a vida dos alunos, já que agora conseguem solucionar suas dúvidas quase instantaneamente, como diz a professora Natália Iotti, professora da escola particular São Vicente de Paulo. Ela também afirma que consegue adiantar todo o material didático para as turmas, por meio da plataforma Plurall, para que eles se sintam mais preparados para a aula. Para a professora, isso traz benefícios, pois “os alunos se sentem mais confiantes e preparados, além de possibilitar uma maior dinamicidade para a aula”.
Rodrigo Ratier, jornalista e doutor em educação, destaca outro ponto importante para a discussão. Segundo ele, o acesso forçado a essas tecnologias impulsionou uma mudança necessária para um ensino menos tradicional. Também professor de jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, ele afirma: “antes da pandemia me considerava muito refratário ao uso de ferramentas digitais em sala de aula, mas atualmente consigo enxergar que não é tão ruim quanto acreditava”.
Para Fabbri, essa forma de ensino vai continuar no futuro. “Não é uma onda que chegou na necessidade do momento e está passando, mas sim uma evolução”, pontua o coordenador pedagógico.