A arte da direção - Revista Esquinas

A arte da direção

Por Laura Lopes : agosto 30, 2018

Palestra sobre telenovelas, mediada pelo professor Marcelo Soler, teve participação especial do diretor de ficção seriada do SBT Mário Moraes

Mário Moraes, diretor de novelas do SBT, falou de suas experiências na ficção televisiva

Mário Moraes já trabalhou na TV Bandeirantes, Record TV e Record Internacional. Especializou-se em teledramaturgia no SBT e trabalhou como assistente de direção nas produções de Chiquititas e A Escrava Isaura. Avançou no cargo e dirigiu Patrulha Salvadora, Cúmplices de um Resgate e Carinha de Anjo. Hoje, tem nas mãos As Aventuras de Poliana, que conta a história de uma jovem garota que perde os pais e tem que viver, a contragosto, com a tia.

Quando se fala em dirigir uma telenovela, pensa-se ser algo difícil. Realmente o é, mas, para tudo acontecer, possui uma equipe grande por trás de todas as câmeras e do produto final visto na televisão. Na dramaturgia, há dois tipos de diretores: o artístico e o técnico. No trabalho da arte, acontece a organização dos cenários, a escolha dos materiais de cena e dos personagens, além dos figurinos. Na área técnica, por sua vez, ocorre o ordenamento da gravação levando em consideração os equipamentos, como câmeras e iluminadores, e a interação pessoal de cada personagem.

Os primeiros passos para uma produção de telenovelas se dividem em quatro categorias. A primeira delas é a sinopse, um resumo de tudo o que vai acontecer na novela, o qual todos os diretores devem seguir. Em seguida, pensa-se na iluminação para cada tipo de gravação, em que se deve usar determinada luz. Em uma área externa, por exemplo, as filmagens devem acontecer contra a luz do sol, enquanto em uma área interna, verifica-se o controle de sombras e foco sobre os personagens.

O terceiro passo na produção é a escolha dos personagens. Cada pessoa que participa do casting, o teste de audição, é estudada a partir das características próprias em relação às dos personagens exigidos. No final, já escolhido o diretor geral, são decididos cenários, elenco, iluminação e dá-se o ponta pé inicial para as filmagens.

Muitas pessoas trabalham por trás de toda essa produção. Cada um deles é importante para algum ponto da gravação. O assistente de câmera cuida do posicionamento de cada câmera de acordo com a indicação do diretor, enquanto o de direção é a “sombra” do diretor, que oferece ajuda caso o personagem ou o cenário tenham algum problema ou estejam posicionados em cena de forma errada. Já o continuísta lembra os diretores o caminho percorrido pelos atores, pois as cenas nem sempre são gravadas na ordem em que são determinadas. Para não se iniciar uma gravação de forma errada e sem lógica, é ele quem está preparado para atentar a equipe de filmagem da ordem dos quadros. Um diretor de fotografia é responsável por toda a beleza da novela. O grupo de filmagem não para.

Ser um diretor não é uma tarefa fácil. Possui os seus momentos de “perrengue”, principalmente quando a bagunça da equipe desconcentra o seu trabalho. Cada profissional utiliza um método diferente para fazer suas gravações. O roteiro utilizado para as cenas não possui muita liberdade para ocorrerem alterações, e o diretor apenas mexe na ordem das cenas. Somente quem tem o poder de alterar todo o roteiro são os criadores da dramaturgia.