Alunos do último ano do Ensino Médio relatam defasagens de ensino e inseguranças para prestar vestibulares após a adoção da metodologia remota por conta do isolamento social ocasionado pelo covid-19
Em 2020, em meio a pandemia de covid-19, as escolas públicas e privadas foram forçadas a adaptar suas metodologias ensino para as plataformas e ferramentas online, com o uso de programas como Google Meet, Zoom e Microsoft Teams. Agora, dois anos depois, a volta ao presencial revela as fraquezas do modelo aplicado e estudantes do Ensino Médio sofrem com a defasagem de conteúdo em ano de vestibular. “Tive muita dificuldade para voltar à rotina e estudar para os vestibulares que vão ocorrer no final do ano”, afirma Giovanna Olivati, 17 anos, estudante do terceiro ano do ensino médio na rede privada.
“Eu tinha acesso à internet e eu pesquisava tudo o que eu precisava, então eu não me aprofundei em nenhuma das matérias”, relata Maria Eduarda Augusto, 17 anos, estudante da rede privada, sobre a sua realidade dentro das aulas remotas nos últimos dois anos. A aluna confessa que o seu método de estudo não foi o mais adequado, mas também aponta a incapacidade do ensino remoto em promover a preparação necessária para os vestibulares que ela vai fazer esse ano.
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“Eu só fui aprender as matérias escolares no último ano do Ensino Médio e é muito mais difícil aprender, porque os professores não se aprofundam nelas.” declara Giovanna, que está concorrendo a vagas para o Ensino Superior. A estudante conta que foi proposto que o ano fosse dedicado a ser uma revisão dos conteúdos que foram perdidos durante a pandemia, mas não foi concretizado na prática.
Desse modo, a maioria dos vestibulandos se sentem perdidos e assustados com as reviravoltas nos últimos dois anos, que ocasionaram em como estão seus estudos hoje: “Não me sinto totalmente preparado para todos os vestibulares”, confessa aluno de Ensino Médio Técnico, Eduardo Shoiti, 17 anos.
Nas quatro entrevistas feitas pela reportagem de ESQUINAS, sendo duas com estudantes da rede pública e duas com estudantes de escolas particulares, existe um sentimento que permaneceu constante entre os jovens: o medo. Fora a sensação de despreparo causada pelo hiato de dois anos no ensino presencial, os recentes cortes pelo governo federal nas verbas destinadas à educação causa o receio nos estudantes. “Mesmo passando em boas universidades, não há garantia de que tenham boas condições de ensino”, conta Eduardo.