Mulheres do jornalismo se reúnem para debater sobre os desafios e alternativas da comunicação hoje
Na manhã de quarta-feira (19), quatro jornalistas foram ao Teatro Cásper Líbero a convite do Centro Acadêmico Vladimir Herzog (CAVH) para debaterem a resistência dentro do jornalismo independente. Com mediação do professor da faculdade Marcos Zibordi, o debate levantou assuntos importantes para a profissão, como a polarização ideológica, o financiamento de novos veículos de imprensa e a cobertura parcial e, muitas vezes, incompleta do cotidiano brasileiro.
Ana Flavia Marx é a diretora de formação do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé. A jornalista lembrou em dado momento das demissões em massa nas redações do País, como aconteceu em agosto deste ano dentro do Grupo Abril. Para ela, os passaralhos, como são conhecidas essas dispensas numerosas de empregados, são o menor dos problemas. Na verdade, as pessoas que continuam no veículo, as quais passaram a ser chamadas de “ficaralhos”, são mais uma face da moeda dessas demissões: repetem uma rotina interminável, sem qualquer propósito e diante de um salário precário.
A casperiana Nina Weingrill, que se formou em 2007 e é cofundadora da Énois Inteligência Jovem. Seu projeto é uma oficina para jovens de 15 a 24 anos que incentiva o desenvolvimento de projetos de educação e jornalismo. Ela lembrou a importância de as pessoas financiarem e investirem em negócios de veículos de imprensa alternativos, como o das mulheres presentes no evento, não apenas por parte dos leitores, mas também dos próprios colegas de profissão.
Paraense radicada em São Paulo, Luka Franca é jornalista e ativista negra. O roxo, verde e rosa dos cabelos coloridos são marcantes. Ela é integrante do site Blogueiras Negras e do blog antirracismo Bidê, do site Opera Mundi. Franca comentou sobre a luta negra dentro do País e as coberturas noticiosas em relação ao assunto.
Ao seu lado, a jornalista Maria Teresa Cruz, também formada pela Cásper Líbero em 2007, falou do jornalismo voltado para segurança pública e direitos humanos, focos da Ponte Jornalismo, onde trabalha. Do interior de São Paulo, vive na capital há 14 anos e passou por veículos hegemônicos da imprensa internacional, como a Editora Globo e a Rede Bandeirantes.
As quatro jornalistas concordam em um ponto: o modelo de negócio do jornalismo tradicional respira, hoje, com a ajuda de aparelhos. A chamada “crise” da profissão é, na verdade, uma oportunidade para surgirem novas mídias alternativas.