Um convite à Semiótica - Revista Esquinas

Um convite à Semiótica

Por Carolina Rodrigues : setembro 1, 2018

Conversa abre portas aos estudantes para a área da Comunicação

A Oficina Semiótica e Expressão Criativa surgiu a partir de uma ideia da professora Candida Almeida, da Faculdade Cásper Líbero. Logo no começo, a docente introduziu o conceito básico de Semiótica pelo filósofo Charles Peirce, contando que, ao contrário do que muitos pensam, essa corrente é para ser usada como ferramenta no dia a dia, já que tenta instigar os processos criativos dentro das pessoas. A criação não é um lugar da arte. É um lugar da vida, pois tomamos certas atitudes como escolher uma roupa ou uma imagem para tentar causar uma interpretação no outro. O homem cria sem saber que está criando.

Esse pensamento está diretamente ligado à lógica, à ideia de “olhar duas vezes” e perceber a mudança de raciocínio conforme os acontecimentos. Durante a aula, Almeida sugeriu que os presentes fizessem um exercício simples: tirar os calçados e pensar que, na verdade, estão tirando um problema. Logo depois, andar pela sala, descalço.

Quando a música parou, todos voltaram aos poucos aos lugares, calçaram os sapatos novamente e esperaram uma explicação do que tinha acontecido. Primeiramente, a professora explicou que quando se retira os sapatos, não necessariamente se retiram os problemas, mas somente a ideia de problema. Já o processo de andar ao redor da sala mostrou um padrão nas atitudes dos participantes: a partir de um momento, passaram a andar em círculos, de costas uns para os outros, seguindo um determinado discurso das massas. E quando a música parou, retornaram aos seus lugares.

Esse processo de significação pode ser explicado em três estágios: a primariedade que consiste na parte mais instintiva, somente um potencial; logo depois vem a secundidade, quando a primeira etapa toma corpo; e, por fim, a terceiridade, quando são dados uma interpretação e um significado às coisas. Essa teoria pode ser exemplificada na imagem do símbolo do infinito triádico, sustentando a ideia de que nada no mundo está parado e tudo muda.

 Para exemplificar melhor essa ideia de dar significado para as coisas, a professora passou um vídeo do poema da poetisa brasileira Viviane Mosé, que mostra esse pensamento de colocar algo no lugar de outro algo. Ele trabalha com inquietações.

Ao fim da oficina, Almeida passou um trecho do filme de David Lynch, Cidade dos Sonhos, o qual faz o espectador construir a própria narrativa das cenas. Ele apropria os acontecimentos e dá seus próprios significados, mostrando que, às vezes, a potência das emoções pode se sobrepor a da razão.