Três histórias de planos interrompidos ou modificados pelo avanço do coronavírus
Em todo o mundo, a educação foi um dos setores mais duramente atingidos pela pandemia do novo coronavírus. O elevado poder de contágio em agrupamentos como salas de aula obrigou os governos a decretar a suspensão das aulas. Escolas e universidades fecharam e seus alunos, mandados para casa. Se a situação é complicada para quem estuda e mora na mesma cidade, no caso dos intercambistas ganha um drama adicional. Ficar no exterior ou voltar ao país de origem?
A brasileira de 21 anos Tâmisa Lanzarin viu seu intercâmbio de seis meses em Genebra, Suíça, afetado pela covid-19. Cursando Economia Empresarial e Controladoria, teve suas aulas presenciais suspensas de um dia para o outro. “Foi tudo muito repentino, pois. Antes do fechamento súbito, o único aviso de ação contra o novo vírus era o da necessidade de lavar as mãos com frequência”, diz a jovem. Segundo Tâmisa, da Suíça não dava para sentir a progressão do corona com tanta intensidade quanto nos países que a cercam, como Itália e França. As medidas não foram tão dramáticas quanto no resto da Europa – houve reforço de controle nas fronteiras e, posteriormente, fechamento de estabelecimentos por um mês. “Quando começou o fechamento, a maior parte dos intercambistas retornou a seus países”, relata.
Tâmisa decidiu ficar e acompanhar as aulas a distância. “A estrutura do sistema de saúde foi um dos motivos. Acho que aqui o sistema tem menos chance de colapsar”, argumenta a estudante, uma das intercambistas ouvidas pela reportagem.
Assim como Tâmisa, Vinícius Alves, 21, também escolheu continuar os estudos fora do Brasil. Com apenas duas semanas cursando Direito em Coimbra, Portugal, os casos de coronavírus começaram a aparecer. Logo em seguida as aulas remotas foram instauradas e a cidade esvaziou. “Coimbra é uma cidade quase que completamente de universitários, sendo que 20% dos alunos são estrangeiros, e os portugueses normalmente vêm de outras partes do país”, explica a intercambistas.
A universidade continuará fechada até o fim do semestre e a maioria dos brasileiros voltou para casa. Coimbra, segundo Vinícius, é uma instituição de ensino com muito nome, mas a estrutura para essa situação deixou a desejar. Alguns cursos não estão tendo aulas online, e a determinação oficial foi categórica: alunos em alojamentos, voltem aos seus países. “Minha família apoiou minha permanência. Acham que a estrutura e a segurança em relação ao vírus é maior aqui. Lamento por quem teve de voltar. Para muitos, era uma oportunidade única”, afirma.
Em outros casos, os estudantes simplesmente não puderam escolher. Louise Cnop, belga de 19 anos, ficaria na Nova Zelândia até abril. Mas em 16 de março, ao checar suas notificações, notou um e-mail de sua agência contendo passagens aéreas para o dia seguinte e uma mensagem pedindo que ela saísse do país em 24 horas, pois voar e entrar na Bélgica estava cada vez mais difícil. Louise admite que no início ela e os amigos “fizeram graça da situação” do covid-19, mas a preocupação sobre o alastramento do vírus pela Europa inteira fez ser impossível não começar a levar a situação mais à sério, e é honesta ao falar sobre como se sente mais segura estando em seu próprio país nesta conjuntura. “Não só pela família, mas também pela complicação que seria ter de recorrer a um plano de saúde em um país em que não sou cidadã nata”, explica, completando que sua volta aconteceu na hora certa: muitos amigos da belga, principalmente noruegueses, ficaram presos na Nova Zelândia por falta de vôos e fechamento das fronteiras.