Pensamento Brasileiro e Jornalismo: como articular? - Revista Esquinas

Pensamento Brasileiro e Jornalismo: como articular?

Por Profa. Dra. Joana Salém Vasconcelos : outubro 21, 2021

Da esquerda para a direita: Carolina Maria de Jesus, Paulo Freire, Conceição Evaristo e Abdias do Nascimento. Fotos: Arquivo Nacional, Domínio Público, Fora do Eixo, Senado Federal

Leia 14 reportagens de estudantes do 3º ano de Jornalismo da Cásper Líbero, que articulam pensadores brasileiros com a nossa realidade

É com orgulho e alegria que apresento as 14 reportagens publicadas nesse pequeno dossiê, escritas por estudantes do 3º ano de Jornalismo da Cásper e apresentadas à disciplina de História do Brasil Contemporâneo, conduzida por mim no 1º semestre de 2021. De partida, confesso que o desafio que lancei aos alunos não era simples: surgiram dúvidas e angústias, receios de que a tarefa estivesse além das possibilidades. Apesar disso, o processo de diálogo e orientações permitiu uma construção paciente e coletiva de conhecimento, cujo resultado alcançou excelente qualidade.

A proposta era estudar o pensamento brasileiro dos séculos 20 e 21 de uma perspectiva metodológica coletiva. Assim, cada grupo de até quatro pessoas selecionou um pensador ou uma pensadora brasileira para pesquisar, produzir uma reportagem e apresentá-la em um seminário. Durante o compartilhamento dos trabalhos, compusemos um painel amplo de conhecimentos produzidos por todos, no qual o aprendizado recíproco e prazeroso deu o tom.

A lista original de pensadores foi feita por mim com as seguintes figuras: Florestan Fernandes, Pagu, Caio Prado Junior, Carolina de Jesus, Abdias do Nascimento, Lélia Gonzalez, Celso Furtado, Emília Viotti, Clóvis Moura, Sergio Buarque, Conceição Evaristo, Heleieth Safiotti, Darcy Ribeiro, Vânia Bambirra, Paulo Freire, Antônio Cândido e Mario de Andrade. Três grupos propuseram acrescentar Kabenguele Munanga, Heloisa Buarque de Holanda e Gilberto Freyre, todos incorporados.

A reportagem precisava percorrer três objetivos: identificar a relação entre a história de vida e produção intelectual/literária, selecionar um ou dois conceitos para uma explicação mais detida e testar o poder explicativo deste conceito com algum recorte da nossa realidade, ou seja, demonstrar sua atualidade para interpretar o Brasil.

As fontes bibliográficas básicas foram oferecidas em uma Biblioteca do Pensamento Brasileiro criada por mim, com pastas de cada pensador/a a ser investigado. Também indiquei entrevistas no Roda Viva, da TV Cultura, e fontes primárias no Youtube, nos quais se poderia escutar diretamente a pessoa estudada. Era um requisito obrigatório que os grupos prospectassem e entrevistassem pelo menos um/a pesquisador/a especialista no tema.

O esforço de articulação entre história/teoria, vida/obra, conceito/realidade do pensamento brasileiro era por si só desafiador. Havia ainda a exigência da forma. Dentro do gênero reportagem era necessário encontrar uma linguagem ampla, de divulgação e tradução de interpretações complexas para um contexto comunicacional maior. Para isso, os estudantes precisavam buscar um “jornalismo explicativo”, desviando do gesto automático de “escrever um trabalho de faculdade”.

Bom, só posso ficar feliz com os resultados! No total, em quatro turmas, produzimos uma batelada de 48 apresentações de seminários de alto nível e 48 reportagens lidas e avaliadas por mim para a disciplina. As reportagens aqui publicadas são de autoria de estudantes que toparam o desafio de incrementar e publicar o resultado de suas pesquisas em ESQUINAS. E claro, com apoio do querido professor Rodrigo Ratier, a quem agradeço à generosidade.

A todos, uma excelente leitura.

Profa. Dra. Joana Salém Vasconcelos

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