Por causa da pandemia, inúmeros alunos perderam o último ano do Ensino Médio. Em meio à correria do vestibular, ainda foi preciso lidar com frustrações
Em março de 2020, quando as aulas presenciais foram suspensas para o controle de disseminação do novo coronavírus no País, muitos alunos se viram desamparados. Segundo uma pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), que mapeou os impactos da pandemia na vida dos jovens, 56% dos adolescentes estão preocupados com seu desempenho na próxima edição do Enem, 67% não estão conseguindo estudar para o exame nacional do ensino médio desde que as aulas foram suspensas e 49% já pensaram em desistir da prova.
Com o decreto oficial da quarentena, as aulas que antes eram presenciais passaram a ser ministradas em formato online. Muito mais do que o convívio diário, a pandemia jogou muitos sonhos por água abaixo: “perdi todos os campeonatos que tinham na minha escola”, relata a estudante Milleny Fialho. Segundo a estudante de Psicologia, Maria Eduarda Nucitelli, “os alunos não tiveram tempo de prepararem o seu cérebro, e tudo foi acontecendo de uma forma tão rápida que muitos estudantes não tiveram como reagir”. Para a estudante de psicologia, o maior dano foi no psicológico desses alunos.
Das conversas como distração aos grupos de estudo, a pandemia impossibilitou a troca entre os alunos. A formanda de 2020, Milleny Fialho, relata como foi a experiência de perder o ano de formatura: “O meu terceiro ano foi uma quebra de expectativa enorme, porque não foi nada do que eu sonhei. Também acabou influenciando nos vestibulares, porque eu perdi todas as aulas específicas que teriam sobre o Enem. Foi um ano atípico e solitário, já que eu eu não via mais os meus amigos.”
Segundo a estudante de psicologia Eleny Ramos, “esse cenário foi um gatilho ainda maior para crises de ansiedade, pânico e o desenvolvimento de outros transtornos”. Ramos ainda destaca o convívio familiar: “Na vida normal, eu passava a maior parte do tempo fora de casa, então, agora sendo “impulsionados” a ficarem em casa pelo cenário pandêmico, acaba sendo visto como um desafio”. Se adaptar a essa nova realidade acabou se tornando um desafio para os formandos. Dentre os diversos problemas no ensino a distância, a concentração ganha um destaque: “Eu já tinha dificuldade em me concentrar em sala de aula e em casa foi pior, às vezes assistia aula na cama, tinha extrema dificuldade em prestar atenção, o que foi muito prejudicial para o meu rendimento anual”, ressalta Milleny.