Alunos e profissionais da educação relatam suas experiências em se acostumar com o “novo normal” e quais são os novos desafios que as instituições enfrentam
As dificuldades dos alunos do ensino público e particular durante o período online foram diversas: comunicação com professores, foco e concentração, alta demanda de atividades e uma nova forma de aprendizagem. O retorno às salas trouxe mais um ingrediente: o medo de voltar presencialmente. ESQUINAS entrevistou estudantes e funcionários da educação para entender as principais mudanças que o fim do distanciamento social causou nas escolas.
Com a volta ao presencial, o que mudou? escolas
Maryana Dantas Ribeiro tem 15 anos e cursa o primeiro ano do ensino médio na escola estadual Claudirene Aparecida José Da Silva, em São Paulo. Ao retornar às salas de aula, sentiu dificuldades de entender o conteúdo, especialmente por estar no projeto do Novo Ensino Médio – a mudança curricular desta etapa de ensino aumento de projetos, atividades práticas, cursos e oficinas. “O que ajudou foi estar com o professor sempre por perto”, afirma.
Já no caso de Clara Karaver Katchborian, de 17 anos, de instituição particular, cursando o terceiro ano, sentiu uma evolução ao voltar nos conteúdos e métodos demonstrados à lousa de forma mais virtual ou escrito, e também os professores, em sua opinião, evoluíram na matéria e na forma de dar as aulas.
Ambas, ao voltarem, conseguiram se concentrar e focalizar melhor nas aulas e nos estudos, mas sentiam-se mais cobradas, pois algumas atividades que eram feitas de forma presencial antes da pandemia, começaram a ser feitas e entregues de modo virtual. Ou seja, a maneira de estudar e de fazer pesquisas mudou.
A professora de Literatura, Débora de Almeida Azevedo, trabalha nas duas instituições. No ambiente particular, ela sentiu a falta de interesse por parte dos alunos. Já no público, diz que os alunos conseguiram ter acesso definitivo a internet somente no final de 2020, o que prejudicou drasticamente o estudo durante esse tempo de adaptação. Mas ela diz que em ambos os casos, “o que mudou foi o perfil dos alunos. Eles não conseguem mais ficar concentrados. As aulas precisam mudar, não podemos continuar como era antes”.
Para a coordenadora Gladys Maria Cavallieri Mello, alguns alunos sentiram-se bastante inseguros para voltar à sala de aula depois do decreto do estado de São Paulo que obrigava a volta 100% dos alunos presencialmente. “Num primeiro momento, houve bastante euforia, porque foi o reencontro dos colegas e de uma nova adaptação à escola, mas a maioria dos alunos teve dificuldades, principalmente em acostumar com o ritmo de aulas da maneira que elas aconteciam: em momentos de prova, na organização do tempo de aplicação etc”, conclui.