Criada há pouco mais de um mês, Campanha Vem Pra Guerra já arrecadou um total de R$ 6.072.025,00 e ajuda o HC no combate à pandemia
Em 48h o Vem Pra Guerra estava pronto e no logo primeiro dia, 23 de março, já tinham arrecadado 1 milhão de reais. Ficaram a madrugada toda esboçando o projeto e, por fim, foi definido uma campanha que tinha a pretensão de gerar um movimento de mobilização social, onde todos poderiam ajudar os profissionais da saúde a lutar contra o coronavírus.
“Eu falava para meu irmão Ricardo: ‘Estou vendo tudo isso acontecer e preciso participar de alguma maneira!’”, conta Alexandre Vasserman, formado em administração pela Fundação Getúlio Vargas, sócio da Rentbrella — aplicativo para alugar guarda chuvas — e co-criador do Vem pra Guerra.
Desde março, o país está em estado de calamidade pública por conta do novo coronavírus. Devido a isso, muitas pessoas que estão trabalhando em casa começaram a ser bombardeadas com notícias sobre a evolução da pandemia e a exaustão do sistema público de saúde. Esse fato acabou criando em muitas pessoas, como Alexandre, uma ansiedade em querer ajudar.
Ricardo Vasserman, irmão do empresário, é médico residente no Hospital das Clínicas, em São Paulo, um dos hospitais referência da América Latina. Em conversas entre os irmãos, constantemente Ricardo trazia informações sobre a preparação do HC para se tornar o principal polo de recebimento dos infectados com COVID-19.
Para entender um pouco mais sobre as necessidades do hospital, Ricardo entrou em contato com o superintendente do Hospital das Clínicas, Antonio José Rodrigues Pereira. O médico relatou que o hospital não poderia ficar sem suplementos de proteção básica individual, como máscaras N95, luvas, aventais descartáveis e álcool em gel. Fora isso, também precisavam de três máquinas portáteis de raio-x, para que os casos suspeitos de coronavírus não precisem se locomover pelo hospital para fazer exames, assim evitariam uma possível contaminação de profissionais e outros pacientes.
Com as demandas hospitalares em mãos, Alexandre colocou uma série de enquetes no Instagram, perguntando quem estava em casa e gostaria de contribuir. Tendo recebido muitas respostas positivas fez um banco de contatos com quem se dispôs a ajudar. No dia 20 de março, se reuniu com seu irmão e Gustavo Bezerra, um colega de Ricardo que também é residente, para que pensassem sobre como poderiam auxiliar o HC.
“Conversamos com o pessoal de compras do hospital e com os médicos, para saber a quantidade e a urgência dos materiais. Queríamos entender também a diferença no preço dos insumos, porque eles subiram muito com o aumento da demanda e a baixa na oferta”, lembra Alexandre.
Após essa conversa resolveram dividir o projeto em duas fases. Na primeira somente pessoas físicas poderiam doar e a segunda fase seria destinada a empresas e pessoas jurídicas. A arrecadação foi feita por depósitos bancários em uma conta criada pela Fundação Faculdade de Medicina, que gerencia o hospital, assim a parte administrativa do Hospital das Clínicas negocia a compra dos materiais necessários
Quando lançaram a campanha, 22 de março, não esperavam arrecadar tanto dinheiro. “Foi impressionante porque a gente não acreditava que em 24h iríamos juntar um milhão de reais. Tudo bem que a meta era agressiva, 10 milhões para sustentar dois meses a compra de máscaras, mas a gente não imaginava que seria tão expressivo”, recorda o empresário.
Com o sucesso do Vem Pra Guerra, a atenção da mídia foi captada e logo já eram pauta em diversos portais noticiosos. Por conta disso, conseguiram mais voluntários que ajudaram o projeto em sua área de especialidade: comunicação, design, audiovisual, financeiro e até mesmo jurídico, para que fossem resolvidas as questões legais que permeavam a campanha.
Essa mídia também ajudou a chamar a atenção de grandes empresas e bancos para contribuírem na segunda fase do projeto. A única diferença entre as duas foi que na primeira fase as doações eram feitas pelo intermédio da plataforma americana Charidy, que concedeu taxa zero de juros, sendo descontados aproximadamente 2% da quantia doada por cartões de crédito. Na segunda, como os valores eram mais expressivos, o dinheiro foi encaminhado diretamente para a conta da Fundação Faculdade de Medicina, caindo no mesmo dia e sem a porcentagem de desconto.
Na última sexta-feira, 17 de abril, a segunda fase foi finalizada, porém Alexandre afirma que o projeto não está acabado, já que essa causa chamou muita atenção para o HC e as doações acumularam R$ 6.072.025. Agora, o projeto iniciou uma terceira fase onde pretende ajudar instituições de saúde que estejam necessitando de apoio financeiro, tanto de São Paulo quanto de outros estados. Assim, também pretendem continuar o Vem Pra Guerra após a pandemia, mas o movimento irá se estruturar melhor para saber em qual instituição será mais eficiente.
“Acabou virando uma coisa muito maravilhosa, porque o nosso propósito não estava muito definido. Queríamos criar um movimento em que a sociedade civil pudesse atuar em prol de um bem maior junto da comunidade médica, do governo e das empresas. Foi maravilhoso quando percebemos que todo mundo entendeu isso e estavam guerreando conosco pela saúde”, conta Alexandre.