Moda na pandemia: estudantes da área analisam mudanças na vestimenta do dia a dia - Revista Esquinas

Moda na pandemia: estudantes da área analisam mudanças na vestimenta do dia a dia

Por Mayara Campos Passos, aluna do Redação Aberta #2* : outubro 1, 2021

Segundo as jovens, a quarentena trouxe novas tendências no modo de se vestir e reforçou que a moda é um reflexo da realidade social

“As pessoas acabaram se acostumando a se vestir com o que realmente querem e estão trazendo isso para a vida normal agora”, aponta Luiza Noro, de 19 anos, estudante de moda na Universidade do Vale do Itajaí (Univali), sobre as mudanças que surgiram na pandemia na forma como as pessoas se relacionam com as suas roupas.

Segundo uma pesquisa do Google (Beauty & Fashion Trends), houve um aumento de seis vezes mais na busca por conforto do que por tendência. O moletom se destacou na procura, com um acréscimo de 91,4% nesse período. Ludmila Fernandes de Freitas, de 22 anos e estudante da mesma área na Faculdade Santa Marcelina (FASM), explica essa tendência: “Até para o home office é perfeito, por ser uma vestimenta econômica, confortável e informal, além de ser mais viável economicamente comprar um moletom do que uma roupa social”.

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Luiza Noro.
Arquivo Pessoal

Roupa social ou roupa confortável

Para Ludmila, no entanto, mesmo que muitos profissionais tenham tido que se adaptar, as roupas sociais não foram totalmente abandonadas. “Houve uma importância ainda maior, nesse período, das partes do top (vestimentas da parte superior do corpo) e o over top (sobreposições, como as jaquetas)”, explica.

Ela aponta que as vestimentas da parte inferior do corpo ficaram mais livres, por não serem capturadas frequentemente na câmera, mas enfatiza que as roupas mais confortáveis foram mais usadas e tiveram um aumento exponencial nas procuras.

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Ludmila Fernandes de Freitas.
Acervo Pessoal

“Se a pessoa não quer se arrumar, ela coloca o moletom e está tudo resolvido. Eu estou dentro da moda, confortável e parecendo estilosa”, diz Kelen Eckhardt, de 20 anos, estudante de moda na Universidade Feevale. Ela ressalta que há outro destaque da pandemia: o oversized.

A palavra ‘oversized’ tem origem da língua inglesa e, segundo o dicionário, no português significa “tamanho desproporcionado”. Esse estilo traz peças de tamanho maior que seu próprio corpo, ficando folgadas e mais confortáveis.

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Kelen Eckhardt.
Acervo Pessoal

Para Kelen, as roupas largas foram as mais usadas durante a pandemia, mas a tendência veio para ficar. Luiza Noro concorda que a moda está em alta: “Para sair, as pessoas estão usando muito o blazer oversized, por não estarem mais usando tanto em âmbito de trabalho. O moletom em si está sendo usado para trabalhar em casa”, explica.

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Peças de roupas que marcaram a pandemia, segundo as estudantes.
Colagem digital por Mayara Campos Passos

Vestuários repercutidos nas redes sociais

Com o isolamento social, as pessoas passaram mais tempo nas redes sociais, principalmente os jovens. De acordo com as estudantes, diversas peças e tendências foram se popularizando no TikTok e no Instagram. “Teve a febre do moletom ou ‘camisetão’ tie-dye”, lembra Luiza.

Ela comenta que, principalmente no início da pandemia, o tie-dye (técnica de customização com cores diversas) apareceu bastante, quando teve uma grande onda do handmade, conhecido por produtos artesanais ou peças feitas à mão.

“O estilo que ficou muito repetitivo foi o street style, inclusive algumas peças em específico, como o bucket hat e os sneakers“, aponta Ludmila. Ela notou que diversos influenciadores digitais, como Boca Rosa, Flavia Pavanelli, Jade Picon e grupos de K-pop, reproduziram esse estilo.

A relação das pessoas com a moda nesse período

“Eu vi o pessoal se conscientizando mais, para mim é um grande marco. Antes, era automático você sair comprando. Mas, agora, com as compras online, paro para escolher e pensar no que realmente quero. A moda parou de ser necessidade, acredito que agora temos consciência do que estamos comprando”, afirma Kelen.

Para Ludmilla, durante a pandemia, as pessoas priorizaram aquilo que já tinham: “Muitas pessoas perderam o emprego e outras não viam a necessidade de comprar mais coisas”. A exceção, segundo ela, foram as máscaras, que passaram a ser essenciais no cotidiano e agora são consideradas peças do vestuário.

“As tendências sempre se repetem e quanto mais o tempo passa, mais elas mudam. Então, passamos por anos 70, 80, 90 e 2000, tudo em um ano só”, conclui Luiza.

*Redação Aberta é um projeto destinado a apresentar o jornalismo na prática a estudantes do ensino médio e vestibulandos. A iniciativa inclui duas semanas de oficinas teóricas e práticas sobre a profissão. A segunda edição ocorreu entre 20 de setembro e 1 de outubro. O texto que você acabou de ler foi escrito por um dos participantes, sob a supervisão dos monitores do núcleo editorial e de professores de jornalismo da Cásper Líbero.

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