Novos hábitos? Geração de jovens opta por bancos digitais pela facilidade e praticidade - Revista Esquinas

Novos hábitos? Geração de jovens opta por bancos digitais pela facilidade e praticidade

Por Ana Luiza Guimarães, aluna do projeto Redação Aberta #4* : outubro 27, 2022

Foto: CardMapr.nl

Em pesquisa feita com 54 jovens entre 17 e 30 anos, bancos digitais lideram a preferência dentro do grupo, mas também sentem falta da segurança dos bancos tradicionais

Fenômeno que começou no Brasil com uma cara roxa e a promessa de maior praticidade, os bancos digitais conseguiram cada vez mais mercado no país, sobretudo entre os jovens. Com a união dos serviços tradicionais – como a emissão de cartões de débito e crédito, empréstimos, investimentos e saques em caixas 24 horas – e uma cartela de serviços inovadores – como cashback, sistema de pontos, rendimento de acordo com o CDI e atendimento 100% online -, essas empresas foram responsáveis por dinamizar o sistema econômico vigente até então, e conseguiram captar a atenção do público jovem.

Para a reportagem, ESQUINAS organizou uma pesquisa via Google Forms, divulgada para que jovens entre 17 e 30 anos respondessem sobre a sua organização financeira e seu relacionamento com os bancos. Dentro da amostra, pode ser observado que 64,8% dos respondentes afirmam ter como atual ferramenta principal de gestão financeira os bancos digitais.

“Procuro onde há mais praticidade e rapidez nos percursos. Uso pouco o físico, apenas para saques e poupanças. Não me sinto motivado a movimentar minha conta por lá, por conta das taxas”, afirma Pedro Gonzaga, 21 anos, eletricista. Como exemplos de praticidade, Pedro cita a facilidade em pagar faturas antecipadas e o rendimento que conseguiu ao guardar valores na sua conta, seguindo a porcentagem do CDI (Certificado de Depósito Interbancário). “Sinto que, apesar de conseguir um limite alto no banco físico, o banco digital tem toda uma praticidade no aplicativo, visto que o mundo hoje em dia está se digitalizando cada vez mais.”

Com o avanço das grandes instituições financeiras digitais, os bancos tradicionais foram obrigados a expandir, também, para o mundo virtual e a se modernizarem. Porém, essa atualização foi fruto de um processo lento e, enquanto ele acontecia, os que já nasceram digitais investiam em inovações nas interfaces dos aplicativos e na usabilidade da plataforma.

Pela demora na adaptação, 42,6% dos usuários de bancos digitais abriram suas primeiras contas direto nas plataformas online, sem passar pelas empresas tradicionais e já conhecidas. Dentre os motivos, estão a rapidez oferecida para a abertura das contas, os juros mais baixos e a facilidade de não precisar se deslocar presencialmente até às agências para ter acesso aos serviços oferecidos. “O tempo de espera para ser realizado os serviços são mais curtos em comparação com os bancos tradicionais, e no digital é mais prático monitorar seus gastos atuais e planejar os futuros”, explica Fábio Silva, 20 anos, trainee.

A transparência e os investimentos na comunicação com os clientes também são pontos positivos mencionados pelos jovens sobre as novas empresas. “Já usufrui de empréstimo com muita facilidade de constatar como está sendo realizado, sem golpes e acréscimos. E, caso surja alguma dúvida, o aplicativo e a mídia social do banco tem diversas dicas para facilitar seu funcionamento”, conta Victoria Gatto, 19 anos, estagiária de marketing. Ainda segundo dados da pesquisa, 77,8% dos respondentes afirmam que os bancos digitais conseguiram corresponder às suas expectativas em relação à praticidade e estruturação da sua vida financeira.

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O digital reina, mas o tradicional ainda vive

Porém, ainda é possível encontrar jovens que optam pelos bancos tradicionais. Dentre os motivos, os entrevistados citam sentir mais segurança em sua contabilidade e acham mais prático resolver questões presencialmente.

“Tirando o uso de pix e transferências, prefiro não usar bancos digitais. Já tive muitos problemas que não consegui resolver no SAC do banco, por uma questão que se resolve mais por telefone, e comigo essa maneira não facilita. Isso é algo que um banco tradicional me ajuda mais pois, fisicamente, teria uma estrutura melhor para me auxiliar”, relata Lorrany Mendes, 19 anos, cabeleireira.

Parte dos jovens respondentes ainda não se sentem completamente seguros a tecnologia dos bancos digitais, e comentam a falta de ter um gerente tomando conta da sua conta. “O diferencial do tradicional é a superioridade de suporte e segurança que ele me trás. Só de ter um lugar físico que posso recorrer, crio mais credibilidade em mover minha vida financeira por lá”, opina Analuá Baptista, 21 anos, estagiária.

Não imune às críticas, jovens mantém ressalvas aos bancos digitais

A preferência pelos bancos tradicionais se intensificou, também, após os recentes casos envolvendo golpes online. Jovens começaram a expor casos em que foram vítimas desses golpes, denunciaram a falta de assistência que receberam por parte dos bancos digitais nos quais eram clientes e expuseram a fragilidade da segurança das plataformas. Esses relatos viralizaram no Twitter e, somente após a repercussão, os bancos entraram em contato com as vítimas para solucionar o problema e começaram a criar estratégias para combater esse tipo de situação.

“Os digitais possuem boas propostas mas, como ainda são novos, aparecem erros no aplicativo. Eles ainda não conseguiram substituir a comunicação que o tradicional oferece”, afirma Prediz Eduarda Lima, 23 anos, publicitária.

*Redação Aberta é um projeto destinado a apresentar o jornalismo na prática a estudantes do ensino médio e vestibulandos. A iniciativa inclui duas semanas de oficinas teóricas e práticas sobre a profissão. A segunda edição ocorreu entre 20 de setembro e 1 de outubro. O texto que você acabou de ler foi escrito por um dos participantes, sob a supervisão dos monitores do núcleo editorial e de professores de jornalismo da Cásper Líbero.

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