Sem eventos e feiras geek, o cosplay sobrevive nas redes sociais durante a pandemia - Revista Esquinas

Sem eventos e feiras geek, o cosplay sobrevive nas redes sociais durante a pandemia

Por Silvano Furtado : maio 28, 2021

Artistas contam sobre a experiência de fazer cosplay em casa e as dificuldades de manter o trabalho ativo e rentável de forma virtual

Fantasias coloridas, maquiagens vibrantes, assessórios personalizados e uma caracterização impecável – tudo para se parecer com um personagem da cultura pop. O ritual de produção dos artistas de cosplay ainda é o mesmo, mas, desde que a pandemia da covid-19 começou, ele é feito em casa e para ficar em casa apenas.  E os cosplayers tiveram que trocar os eventos lotados, abraços e o calor do público pelas fotos, lentes e telas dos celulares, para desfilarem nas próprias redes socias.

O cosplay é uma arte performática com elementos de moda, na qual o artista se veste e atua como um personagem da ficção. Eles têm o hábito de se reunir com outros artistas em eventos de anime ou feiras geeks, que atraem milhares de pessoas todos os anos. “É como a gente consegue iniciar conversas, fazer novos amigos, expressar aquilo que a gente gosta”, relata Moo Grantaine, atriz, cosplayer e apresentadora no site Omelete.

Tamanha era a importância da arte nesses eventos, que os cosplayeres mais famosos e renomados eram contratados como jurados, apresentadores e, claro, atrações. Durante a pandemia, esses contratos simplesmente acabaram. “Muitos amigos se deram mal com tudo isso, porque essa era renda deles”, comenta o cosplayer Renato Lima.

Confrontados com a realidade de que os eventos não voltariam em um futuro próximo, alguns artistas viram como alternativa focar nas redes sociais. Sakura Prongs, cosplayer profissional, tem direcionado suas energias para a produção de vídeos para o Youtube e para a Twitch. Outas pessoas, como a jornalista Victoria Hope, se adaptaram e começaram a fazer ensaios fotográficos em casa.

As redes sociais se tornaram a principal forma de divulgação dos cosplays. Por isso, muitos artistas vêm investindo em estúdios caseiros e confecções de fantasias e acessórios próprios. Na hora de se caracterizar, os corredores apinhados de gente dão espaço ao trabalho solitário do artista, e as lentes são as únicas companhias.

Mas nem todos cosplayers conseguiram se adaptar a esse novo contexto de trabalho remoto e performances virtuais. A artista Joana d’Art comenta que o ambiente das redes sociais é muitas vezes hostil para a comunidade: “Apenas ver o que tem na internet faz com que a dinâmica de uso não seja saudável”.