"Dá um gás a mais": com ingressos esgotados, CBLoL retorna com torcida presencial - Revista Esquinas

“Dá um gás a mais”: com ingressos esgotados, CBLoL retorna com torcida presencial

Por Gabriela Antualpa : junho 23, 2022

Stage com as cores da bandeira LGBTQIA+, em homenagem ao Mês do Orgulho.

Segundo split do Campeonato Brasileiro de League of Legends conta com arena aberta à torcida; confira o que narradores, jogadores e apresentadores esperam deste retorno

Após muito tempo de espera, o Campeonato Brasileiro de League of Legends, o CBLOL, retorna ao modelo presencial e aberto ao público. Todos os fins de semana, desde o dia 11 de junho até o dia 7 de agosto, todos que quiserem comparecer para acompanhar as 18 rodadas do segundo campeonato do ano de perto, poderão ocupar as arquibancadas das arenas.

A Fase de Pontos do campeonato é realizada na sede da Riot, empresa fundadora do LoL, no bairro paulistano Barra Funda. A arena conta com 142 lugares, estando todos os ingressos esgotados desde o lançamento das vendas.

Para acessar o evento é necessário, além do ingresso, a apresentação do comprovante das duas doses da vacina contra covid-19, podendo ser mostrado de forma digital através de um dos aplicativos oficiais do SUS, ou através de registro físico. O uso de máscaras também é recomendado.

Comparado ao tamanho das redes sociais oficiais do CBLoL como o Youtube, com 1,45 milhões de inscritos, ou o Twitter, com 570 mil seguidores, a quantidade de ingressos vendidos foi reduzida.

Mylon, tricampeão do CBLoL aposentado e analista dos jogos nas transmissões, comenta sobre a experiência da volta ao presencial aos torcedores que forem ao stage. “Como o público é menor, dá para dar mais atenção. A pessoa realmente tem uma experiência muito legal, podendo interagir e tirar fotos com os jogadores”

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RED Canids e Miners se enfrentando na terceira rodada no CBLOL.
Gabriela Antualpa/Revista Esquinas

A torcida no CBLoL

Nos jogos presenciais, os jogadores ficam de frente uns para os outros, estando lateralmente em direção ao público, que faz barulho e torce com o auxílio de batekos, um par de bastões infláveis que simulam palmas, objetos que se tornaram tradição nos campeonatos de League of Legends desde 2012.

Este formato de competição com torcida aberta é novidade tanto para os jogadores novos, como Brance (LOUD) ou Hidan (INTZ), que vieram dos times de base para a escalação oficial, quanto para jogadores mais antigos, contratados em 2020 ou 2021.

Até mesmo a final do primeiro split, primeiro campeonato do ano que levou os campeões ao torneio global de meia-temporada (MSI), não teve venda de ingressos: apenas alguns torcedores foram sorteados pelas páginas dos times finalistas, RED Canids e paiN. Eles, junto a familiares e jogadores de outras organizações, foram os únicos a experienciarem a torcida presencial.

Tay, top laner do Flamengo Los Grandes, fala sobre como o presencial afeta a maneira de se jogar: “O fato de ser presencial e com torcida cria uma atmosfera competitiva muito grande. Você se prepara, se arruma, pega os equipamentos, vai até o estúdio. Se cria um clima muito gostoso pra poder competir.” Ele completa descrevendo a diferença entre jogar remota e presencialmente. “Dá um gás a mais, diferente de jogar online. Como a gente já treina remotamente todo dia, fica parecendo mais do mesmo. Você não sente tanta diferença.”

Nappon, ex-jogador e hoje caster do CBLol, descreve a sensação de ter o público presente nos jogos: “Eu já fui jogador, e é muito bom ter o público gritando, te empurrando. Te dá uma energia a mais.”

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Torcedores no stage com batekos, característicos nas torcidas do CBLOL.
Gabriela Antualpa/Revista Esquinas

Pressão presente

Rafaela Tomasi, repórter do CBLOL, comenta sobre a pressão a que os jogadores são submetidos em dias de jogos, especialmente os jogos em que há torcida presente. “Como participo bastante dos bastidores com eles, noto muita diferença. Tenho contato com os jogadores relaxados, no dia a dia. Noto a tensão que alguns deles tem no stage.”, comenta.

No presencial, é nítida a presença maior de torcidas dos times mais antigos ou consagrados no League of Legends, como a paiN, FURIA ou RED Canids. Os times menos reconhecidos ou mais novos no cenário podem se sentir mais ansiosos quando enfrentam estes times e suas enormes torcidas que comemoram cada erro do adversário. “Quando um time menor enfrenta uma grande torcida, sente uma pressão que acaba desestabilizando o game, muitas vezes por intimidação.” Diz torcedor da RED Canids, presente no stage nas últimas duas rodadas.

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Jogos da semana no CBLoL

Nos jogos desta semana, os times RED Canids Kalunga e FURIA estavam disputando, invictos, o primeiro lugar na Fase de Pontos. O segundo time, por casos de covid-19 no elenco, não compareceu ao stage.

Do embate entre os dois, que ocorreu no domingo (19), a FURIA levou a melhor e garantiu o primeiro lugar na tabela. Apesar dos Panteras não estarem fisicamente na sede da Riot, muitos fãs torciam pelo time, gritando e torcendo quando os adversários da RED avançavam no mapa ou derrotavam os oponentes.

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Stage na Arena CBLOL com picks dos times FURIA e RED Canids.
Gabriela Antualpa/Revista Esquinas

Em embates antigos em que se situavam frente a frente aos inimigos, estando expostos em um lugar fora do ambiente de treino, os resultados foram diferentes.

No split passado, na disputa por uma vaga na final do CBLoL contra a paiN, os mesmos times se enfrentaram, numa série de jogos que viria a ser 3×1 para a atual campeã, RED Canids.

Neste confronto presencial, porém sem torcida aberta ao público, houve troca de gritos entre os caçadores dos dois times: Aegis e Ranger, que direcionaram farpas um ao outro. Tal comunicação bruta aparentou afetar o gameplay dos jogadores da FURIA.

Um exemplo é o caso do top laner fNb. Aegis, após impedir seu backdoor, jogada em que o player consegue passar despercebido pelos adversários e derrubar torres, gerou ainda mais provocações ao Pantera.

“A FURIA me surpreendeu muito esse fim de semana. Talvez pelo fator stage, por não estarem aqui. Principalmente o fNb. No outro jogo com a Red deu pra ver nitidamente o quanto afetou ele os meninos da Red estarem gritando, no 3×1 que tivemos no split passado.”, comenta Rafa Tomasi sobre a vitória da FURIA no último jogo.

A repórter também cita alguns casos de melhora de performance, se comparada ao início do split. “Agora que estamos há duas semanas, quatro rodadas, percebo o quanto a performance de alguns jogadores estão voltando. O quanto, por exemplo, o Parang e o Wiz (Kabum) se afetaram no começo e atualmente, se acostumando com a galera, tornando esse processo mais natural.”

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Rafaela Tomasi como repórter no jogo da FURIA contra INTZ na terceira rodada.
Gabriela Antualpa/Revista Esquinas

As 14 rodadas restantes ainda reservam muitas reviravoltas, alegrias e tristezas para os torcedores e equipes. A final, marcada para dia 3 de setembro, já tem seu lugar definido: o Estádio Ícaro de Castro Melo – mais conhecido como Estádio Olímpico do Ibirapuera.

O lugar comporta aproximadamente 13 mil pessoas, mas os finalistas que se enfrentarão lá ainda estão longe de serem definidos.

Editado por Nathalia Jesus

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