Ignis Cup: quais são os próximos passos para o cenário feminino no LoL? - Revista Esquinas

Ignis Cup: quais são os próximos passos para o cenário feminino no LoL?

Por Gabriela Antualpa : dezembro 1, 2022

Jogadoras da paiN Gaming após a vitória contra a Raizen.

Um novo horizonte se expande para as jogadoras de League of Legends. Confira entrevistas exclusivas sobre como a Ignis Cup mudou a perspectiva das gamers para o futuro

Uma nova chama se acende – o projeto da Ignis Cup, tão sonhado pelas casters, fãs e players, finalmente foi concluído com êxito. No dia 12 de novembro, torcedores e torcedoras marcaram presença na Arena CBLOL, em São Paulo, a fim de assistir a final histórica do primeiro campeonato feminino oficial de League of Legends.

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Jogadoras da paiN Gaming após a vitória contra a Raizen.
Gabriela Antualpa / Revista Esquinas

Torcida pelo cenário

Com um 3×0 para a torcida dos Tradicionais o campeonato se encerrou com muita festa e celebração. A euforia não foi só pela vitória da equipe da paiN, mas por uma vitória feminina num cenário que, por muito tempo, ignorou a presença das mulheres dentro de um cenário tão amplo.

“A gente não tá aqui só pela paiN: a gente tá aqui pelo campeonato, pelo crescimento do cenário feminino. A gente sempre pediu por oportunidade. Acho que não adianta só torcer pro nosso time. Temos que torcer pra todo mundo, pra todas as meninas jogarem bem e para ter jogos muito pegados”, afirma Giovanna Britto, uma das administradoras da torcida organizada feminina da paiN, Herdeiras da Tradição.

As participantes do projeto mostraram seu espírito competitivo, levando cartazes apoiando as adversárias com escritos como “Herdeiras pelo cenário feminino” e vibrando com boas jogadas do outro time.

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Giovanna Britto e mais torcedoras da Pain com cartazes na Arena CBLOL.
Gabriela Antualpa / Revista Esquinas

Para Bianca “Thaiga” Lula,  analista de League of Legends e influenciadora da LOUD, a Ignis Cup já mudou muita coisa; “A parte mais importante é a quantidade de garotas que ela colocou na cena pra outras meninas se inspirarem.”

A cuiabana também fala que a competição trouxe inclusão e serviu como forma de identificação para as gamers. “A Ignis traz pessoas com histórias diferentes, com cargas diferentes para serem influenciadores, casters, jogadoras, staff, backstage, jornalistas. Ela movimenta toda uma cena para que, na hora que forem fazer um campeonato, falem: ‘Calma, quem vão ser as mulheres que vão fazer isso?’”, explica.

Sobre as mudanças que virão para as meninas que entrarão no cenário, a influenciadora diz que as portas abertas serão o diferencial para o futuro: “É sobre quantas portas elas vão abrir daqui pra frente. Com portas que várias outras meninas deixaram abertas.”

Ravena Dutra, uma das pioneiras no cenário de casting e idealizadora do Ravenão, fala sobre a diferença entre o LOL de hoje e o de 2015, em seu primeiro contato com o competitivo:

“Dá muito mais motivação, principalmente pra quem quer percorrer com a sua carreira de crescer de jogadora. Ela sabe que vai ter um cenário sustentável e vai ter o apoio da comunidade, principalmente da desenvolvedora. Eu acho que isso que é o mais importante. Tendo o Ignis, por exemplo, outras edições virão e, com isso, nosso cenário é fomentado e traz mais segurança para as meninas.”

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Equipes paiN Gaming e Raizen e enfrentando no palco da Ignis Cup.
Gabriela Antualpa / Revista Esquinas

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Entre Ignis Cup e o CBLOL

A paiN, time ganhador da Ignis, faz parte das franquias do CBLOL. Dentre os times do regular, apenas ela e a Netshoes Miners participaram da inciativa feminina. Gabriel ‘Revolta‘ Henud, tricampeão do campeonato brasileiro e hoje streamer do jogo, fala sobre a falta de grandes times apoiando o cenário feminino:

“Honestamente, fiquei um pouco decepcionado ao não ver algumas orgs bem grandes não entrando nisso. Eu acho que por ter sido algo meio em cima da hora que não foi tão bem comunicado nos bastidores, deu brecha pra isso. Por isso, espero que tenham mais edições da Ignis Cup pra gente poder ver realmente quais são as orgs que vão entrar nesse momento e quais não vão. Isso já diz muita coisa.”

O caçador também destaca a importância do torneio, e espera que veja mais destas meninas daqui para frente:

“Eu acho que já é uma parada que tinha que estar acontecendo há um tempo atrás. Acho que é importante também reconhecer que: Beleza, A Riot olhou pra isso e viu que era uma parada necessária pro cenário. Eu espero ver alguns nomes daqui eventualmente indo pro CBLOL, porque eu sei que tem pessoas lá que jogam muito bem. Eu particularmente tive contato com três jogadoras da paiN, e as três muito boas. A Luma, a Lu Nardelli e Yastu. Joguei com a Yatsu na INTZ, inclusive. Então acho que é o momento das pessoas olharem para isso, sabe? Dar um valor que não era dado antes.”

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Torcedoras da paiN em festa após a vitória da equipe.
Gabriela Antualpa / Revista Esquinas

Próximos passos

Ao se tratar de próximas etapas, o ex-jogador da INTZ explica que transformar esta única iniciativa em algo recorrente é um caminho para trazer ainda mais visibilidade para o cenário:

“Crescer e investir. Colocar isso não só como um campeonato de uma vez: talvez se transforme numa liga, em um segmento dentro do CBLOL. É incluir isso no calendário oficial. Uma parada que vai ter todo ano, e olhar pra isso como uma oportunidade de revelar muitos talentos. Acho que é só olhar pra frente e querer expandir.”

Do mesmo jeito, Ravena também foca em consistência:

“O principal é manter, ter esse apoio e essa consistência de sempre, principalmente o investimento. Acho que é o mais importante e não só fazer uma vez e pronto.”

Editado por Nathalia Jesus

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