River x Boca: uma rivalidade muito além do futebol - Revista Esquinas

River x Boca: uma rivalidade muito além do futebol

Por Felipe Ockner (1ª ano), Gabriel Simões (1ª ano) e Luis Felipe Matias (1ª ano) : maio 9, 2023

Torcedores do Boca Junior e do River Plate em partida. Wikimedia Commons/ Elemaki e Flickr/Jimmy Baikovicius

O primeiro clássico argentino entre Boca Juniors e River Plate completa 110 anos em 2023; as rivalidades e histórias dos clubes vão muito além do futebol

Ontem (7) River Plate e Boca Juniors entraram mais uma vez em campo para definir o superclássico argentino pelo Campeonato Argentino de Futebol no Estádio Monumental de Nuñez, casa do River Plate, conhecidos como Millionarios. O clássico, classificado como o maior do futebol mundial por grandes jornais como Daily Mail, The Mirror e 442, já acumulou histórias, conflitos e rixas ao longo dos últimos 110 anos.

A partida de ontem inaugura também os preparativos para a festa de 110 anos desde o primeiro jogo oficial entre os times nascidos no bairro de La Boca na Argentina. Os dois times marcaram sua rivalidade não apenas para definir quem era o melhor clube do bairro, mas também por uma questão histórico social, se tornando uma verdadeira guerra de classes dentro do futebol argentino.

A história do futebol em La Boca

Os times nasceram no bairro de La Boca, na cidade de Buenos Aires, na Argentina. O River Plate foi fundado no dia vinte e cinco de maio de 1901, resultando da fusão entre os times La Rosales e Santa Rosa. Seu nome, criado por um dos fundadores do time, o argentino Pedro Martínez, teria sido inspirado por um caixote com a mesma designação, encontrado junto ao porto de Buenos Aires.

Já o Boca Juniors, nascido no dia três de abril de 1905, foi fundado por cinco jovens imigrantes italianos. O nome do clube faz uma referência carinhosa ao bairro em que foi fundado, o La Boca.

A primeira partida oficial entre os times aconteceu no dia vinte e quatro de agosto de 1913, ocasião na qual os Xeneizes, como são conhecidos os torcedores do Boca Juniors, venceram com o placar de 2 a 1.

Os estádios do River e do Boca foram construídos  relativamente próximos e tinham um único objetivo, mostrar qual time era o melhor do bairro. No total, os clubes tiveram 258 confrontos, 91 vitórias do Boca, 84 vitórias do River e 83 empates (número sujeito a mudanças).

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Primeiro jogo entre Boca e River, realizado em 1913.
Wikimedia Commons

O combate sócio-histórico

Os dois clubes nasceram no bairro La Boca, bairro popular da cidade de Buenos Aires. Porém, em 1906, o River Plate foi despejado pelo Ministério da Agricultura argentino. Assim, outro estádio foi construído para o clube, em 1907, com a ajuda de sócios e jogadores. O time se estabeleceu no local até 1912, ano em que o campo foi destruído por uma tempestade.

Com isso, na década de 20, o River Plate se mudou para Palermo, região mais nobre de Buenos Aires. Posteriormente, na década de 30, o time se mudou para Belgrano, local onde foi inaugurado o seu estádio, o Monumental de Nuñez. O River se tornou o clube favorito da burguesia argentina, trazendo um embate de classes entre a elite, representada pelo River Plate e o povo, representado pelo Boca Juniors (que continuou no bairro de La Boca). Atualmente, ambos os clubes possuem torcidas bem segmentadas.

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Jogo entre River e Boca, em 1931.
La Nácion Newspaper

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O amor pelos clubes

O clássico é um dos mais poderosos do mundo do futebol, ficando junto de outros gigantes, como Celtic e Rangers, Milan e Internazionale, Real Madrid e Barcelona e outras grandes rivalidades do futebol mundial. As partidas entre Boca e River chamam a atenção pela energia das duas torcidas, a , ainda mais por imagens de ambos os estádios balançando apenas com a vibração da torcida.

“Na maioria das vezes que eles estão perdendo, a torcida do River vai saindo, vai embora” conta Verusca, torcedora do Boca Juniors. Na visão dos torcedores xeneizes, eles são muitos mais apaixonados pelo clube e não abandonam o time na hora da derrota, diferente da torcida rival. “A torcida do Boca fica mais concentrada e fica cantando mais forte, dando mais energia ao jogador de futebol”, completa a torcedora.

Verusca comenta também que, por vezes, as partidas podem acabar violentas, relembrando o incidente ocorrido na final da Libertadores de 2018, ocasião em que os torcedores do River Plate atacaram o ônibus dos jogadores rivais. “Penso que o clássico brasileiro mais parecido é o Fla X Flu, porque é um pouco violento”.

Também é comum escutar que o estádio do Boca Juniors, a Bombonera, traz uma energia mais empolgante do que o estádio do River Plate. “Meu filho, de 6 anos, estava louco porque sentiu a Bombonera tremer. A Bombonera bate como um coração”, explica Santiago, torcedor do Boca.

Apesar de envolver muito amor e tradição, grandes clássicos, como Boca e River, costumam resultar em tragédias. “Eu nunca presenciei violência ou falta de respeito no estádio, tanto comigo, quanto com os outros torcedores”, relata Maria Julia Cabezas, torcedora do River, que, apesar de nunca ter presenciado nenhum incidente, não nega a violência que ocorre nas partidas entre os dois times.

O clássico, considerado o maior da Argentina, chega a parar o país, fazendo inclusive com que torcedores de outros times acompanhem o espetáculo. “River e Boca são os mais forte da Argentina. O clássico argentino mais próximo é Racing e Independiente, a diferença é que Boca e River têm a maior quantidade de torcedores no país”, diz Luis Julian Fernandez, torcedor do Racing.

A repercussão do clássico é absurda, não apenas na Argentina, como em todo o mundo, graças à história, tradição e  torcidas dos dois times. Boca e Rivers já abrigaram nomes gigantes do mundo do futebol, como Riquelme, Di Stéfano, Crespo, Maradona. 

Editado por Mariana Ribeiro

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