Adiamento das olimpíadas e cirurgia: medalhista Arthur Nory fala à ESQUINAS - Revista Esquinas

Adiamento das olimpíadas e cirurgia: medalhista Arthur Nory fala à ESQUINAS

Por Diogo Yamada : agosto 5, 2020

Com esperança de medalhas em Tóquio, Arthur Nory conta detalhes do início da carreira e fala sobre a falta de investimentos na modalidade

Arthur Nory Oyakawa Mariano, de 26, é medalhista olímpico e campeão mundial na ginástica artística pela Seleção Brasileira. Além disso, ele também é visto como o grande favorito para os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021. Em entrevista exclusiva à ESQUINAS, Arthur contou um pouco sobre o adiamento das Olimpíadas, como está fazendo suas atividades durante a quarentena e sua carreira.

ESQUINAS QUAL FOI SUA SENSAÇÃO EM RELAÇÃO AO ADIAMENTO DAS OLIMPÍADAS, E A SUA EXPECTATIVA PARA A COMPETIÇÃO CONSIDERANDO SEU FAVORITISMO APÓS A CONQUISTA DO CAMPEONATO MUNDIAL?

O adiamento da Olimpíada gerou muita incerteza no início. A gente ainda não sabia o que ia acontecer, mas mantivemos os treinamentos adaptados em casa. Mas após a confirmação do adiamento unimos toda comissão e médicos para uma reunião técnica. Nessa conversa decidimos fazer um procedimento cirúrgico no ombro para poder recuperar de uma lesão antiga que já incomodava e causava dores.

ESQUINAS COMO ESTÁ SENDO A COMUNICAÇÃO COM A EQUIPE TÉCNICA E SUA ROTINA DE TREINOS DURANTE A QUARENTENA?

A gente se reúne todo dia pela manhã. A equipe multidisciplinar junta todas as comissões técnicas para fazer treinos online com todos os atletas do Brasil. A categoria juvenil e adultos pela manhã, e infantis à tarde. Foi uma forma de promover interação, para compartilhar conhecimento e aproximar os atletas da ginástica masculina.

ESQUINAS O BRASIL, NOS JOGOS OLÍMPICOS DE 2016, TEVE UMA EQUIPE MASCULINA COMPLETA PELA PRIMEIRA VEZ NA HISTÓRIA. VOCÊ ACHA QUE A FALTA DE TRADIÇÃO DE HOMENS NA GINÁSTICA BRASILEIRA SE DEVE AO PRECONCEITO? JÁ SOFREU ALGUM TIPO DE PRECONCEITO NA CARREIRA?

A falta de tradição não é pelo fato de preconceito, e sim, falta de infraestrutura, investimento e locais para ter a prática e o estudo da ginástica. Precisamos de investimentos, clubes e centros esportivos. Nunca sofri preconceitos.

ESQUINAS OURO NO MUNDIAL OU BRONZE NAS OLIMPÍADAS, QUAL FOI O PONTO MAIS ALTO DA SUA CARREIRA?

Os dois momentos foram muito importantes para mim e para a minha carreira. Pelos dois eu tenho um carinho especial, porque é um marco pra todo atleta poder entrar numa seleção, competir nos jogos olímpicos e ser campeão mundial. Então as duas conquistas foram incríveis e inesquecíveis para mim.

ESQUINAS SOBRE SUA INFÂNCIA, VOCÊ CHEGOU A PRATICAR GINÁSTICA ARTÍSTICA E JUDÔ AO MESMO TEMPO. QUAIS ELEMENTOS FIZERAM VOCÊ OPTAR PELA GINÁSTICA?

O judô eu era obrigado a fazer, meu pai queria que eu fizesse judô até a faixa preta. E a ginástica para mim foi uma paixão. Eu fiquei impressionado quando eu vi, pela TV, a Daiane dos Santos e eu comecei a entender mais da ginástica e ficar encantado. Então a partir do momento que eu entrei na modalidade, foi aquele amor que é o motivo de eu acordar todo dia de manhã. Essa paixão é o que me motiva cada vez mais a treinar.

ESQUINAS O QUE VOCÊ LEVOU DE ENSINAMENTOS DO JUDÔ PARA A GINÁSTICA?

Eu levei do judô todos os ensinamentos: a disciplina, o respeito principalmente pelo seu mestre professor. Todos os ensinamentos esportivos eu levei comigo para a ginástica.

ESQUINAS AINDA SOBRE O INÍCIO DA CARREIRA, CONSIDERANDO A CARGA PESADA DE TREINOS, COMO FOI CONCILIAR O TEMPO ENTRE A GINÁSTICA E OS ESTUDOS?

No começo da carreira do ginasta, a categoria de base e infantil tem todo um planejamento e adaptação para aquela idade, então a prioridade é sempre os estudos. Eu estudava de manhã e treinava à tarde, mas não eram tantas horas como a gente treina hoje. Quando eu entrei no ensino médio, os objetivos dentro da ginástica já estavam tão claros na minha cabeça que passamos a treinar de manhã e à tarde, e de noite eu estudava. Todos os meus treinadores sabem o quanto é importante a escola, então a gente sempre dava satisfação para o colégio além do treino.

ESQUINAS VOCÊ SE FORMOU NO COMEÇO DESSE ANO EM EDUCAÇÃO FÍSICA. O QUE ISSO SIGNIFICA PARA VOCÊ?

Eu não pude deixar passar essa oportunidade de bolsa sendo atleta. Foram sete anos de estudos, mas mesmo assim persisti. Tive que trancar a faculdade em alguns momentos devido a Olimpíada. Muito importante a gente poder conhecer como funciona realmente o nosso corpo. A educação física tem várias matérias que a gente aprende sobre anatomia, biologia, a fisiologia do exercício, então a gente acaba se interessando mais porque a gente vê na prática o que acontece. Tudo isso só chegou para somar.