O colunista do UOL demonstrava paixão pela comunicação desde a infância, mas o jornalismo nem sempre foi sua vida
No universo caótico e frenético do audiovisual, existem diversos personagens que marcaram a memória da sociedade, em que Chicos e Barneys são lembrados de diferentes formas. Temos, por exemplo, o Tio Chico, da Família Addams, um homem careca de olhos esbugalhados. O Barney, o carinhoso dinossauro magenta e verde que encantou as crianças dos anos 2000. Mais um Chico ficou em evidência na mente dos brasileiros, o Chico Xavier – famoso médium, conhecido por suas presciências. Dentro do mundo das previsões, outro Chico destaca-se como um farol de sarcasmo. Estamos falando de Chico Barney, o guru do humor no Twitter.
O influencer atraiu o público brasileiro com suas fortes opiniões, carregadas de ironia e deboche, que muitas vezes geram um questionamento: “Será que ele está falando sério?”. Porém, foram seus comentários a respeito do reality show favorito dos brasileiros, o Big Brother Brasil que o levou a conquistar mais de um milhão de seguidores no Twitter. Os famosos palpites dados por ele no início do programa a respeito do próximo vencedor da edição sempre são certeiros. Claro, certeiros em revelar quem será o primeiro eliminado ou o mais insuportável. Desde que o colunista comenta o programa, nunca acertou o vencedor.
Chico Barney é o queridinho das redes sociais. No entanto, as coisas nem sempre foram assim. Ele já foi outra pessoa: Lucas Barros.
De Lucas Barros a Chico Barney: o começo de uma persona
Pioneiro no mundo da internet, Lucas Barros começou escrevendo um despretensioso blog autoral sobre gibis em 2002. Intitulada “Vai trabalhar, vagabundo”, a página apresentava posts que honravam a personalidade divertida e sarcástica mantida até hoje pelo autor nas redes sociais.
Vinte e um anos após sua estreia na internet, o blog original não está mais no ar, e pode ser encontrado apenas por meio de arquivos. O que Chico não imaginava era que aquele modesto projeto pessoal daria a origem à atual realidade do blogueiro, desde uma vida nova em São Paulo, até uma mudança no seu futuro profissional. O “Vai trabalhar, vagabundo” marcou a transformação de Lucas Barros em seu controverso alter ego, Chico Barney.
Bel Barros, sua irmã mais nova, conta que, quando Chico criou o “Vai trabalhar, vagabundo”, ele era reservado com as produções, mas nunca escondeu a personalidade irônica e engraçada.
Começou a escrever na internet aos 19 anos, em 2002. Era apenas um adolescente com sonhos. Um adolescente nerd com sonhos, embora, na época, não se identificasse dessa maneira. Escrever na internet era coisa de nerd – ou, como ele mesmo chamou, “era coisa de babaca”. Então, com a esperança de não apanhar no jiu-jitsu, esporte que praticou durante muitos anos, a persona Chico Barney nasceu.
A origem do nome? Uma grande incógnita. Chico diz que veio de um apelido de família. “Meu tio me chamava assim desde antes de eu nascer. E aí eu perguntava para ele, ‘mas por quê, tio?’, e ele respondia, ‘eu não lembro, eu bebia muito nos anos 80’”. Uma mistura de bebida com a influência de tantas personagens icônicas do audiovisual? “Talvez!”
Além da prática do Jiu-Jitsu, seu passatempo preferido é a leitura, principalmente de gibis e histórias em quadrinhos. A paixão que caminha com ele desde a sua infância é perceptível no instante em que olhamos para sua estante, cheia de livros e HQs, sem espaços vazios. Esse universo lúdico, criativo e livre cativou a sua atenção. Chico conta que seu interesse em desenhos animados e revistinhas estava em desvendar o processo: “Por que aquele nome no crédito está em tantos desenhos? Quem é o ator que fez aquilo? Quem criou essa revista?”. Segundo ele, foi isso que estimulou sua curiosidade e seu desejo pela informação, características importantes no ramo da comunicação.
Ao contrário do que muitos podem pensar, Chico Barney não é formado em jornalismo. Na verdade, ele estudou Publicidade e Propaganda na Unisul, de 2001 a 2006, quando se formou. O blog que criou lhe proporcionou muitas oportunidades e experiências, assim como apresentou a ele várias pessoas do meio, como a fotógrafa Adriana Spaca, que também tinha um blog há cerca de duas décadas, no qual Chico era um comentador assíduo. “Nós começamos a escrever sobre assuntos gerais nos anos 2000. A gente escrevia sobre subcelebridades e o início dos realities no Brasil. (Casa dos Artistas, BBB, No Limite), sempre usando de linguagem cheia de sarcasmo e humor”.
Uma das pessoas que Barney conheceu graças ao “Vai trabalhar, vagabundo” era sócio de uma agência de publicidade em São Paulo, e o convidou para trabalhar com ele. Foi aí que o publicitário se mudou para a capital paulista, onde ficou apenas por um ano e logo voltou para Florianópolis, já que o aconchego de sua família falou mais alto. “Eu era mais menino, tinha saudade de casa”. Isso não impediu a frequência de suas viagens para a capital paulista, até que, enfim, decidiu se mudar de vez para São Paulo, pela praticidade. E assim o fez: “Voltei em 2010 com a minha mulher e estamos aqui há 15 anos”.
O amor pela comunicação
Como bem descreveu Bel, a irmã de Chico, o comunicador sempre foi muito reservado, uma pessoa de poucas palavras. No entanto, atrás de tudo isso existe uma paixão: a comunicação. Barney começou sua carreira profissional como publicitário, mas como se tornou um renomado colunista de opinião do UOL? Alguns acham que o comentarista queria atenção com suas falas controversas. Porém, o próprio Chico conta uma história diferente, uma trajetória que reflete a realidade de diversos comunicadores ao redor do mundo: “Não gosto de ser o assunto nunca. Eu tenho pavor disso, isso que eu tô fazendo aqui é meio apavorante, de verdade, eu fico mal assim, mas eu gosto da produção disso, eu sou apaixonado por ter ideia, colocar ela em prática e ver o feedback das pessoas sobre a ideia, não sobre mim”.
O amor pela comunicação começou por trás das câmeras, com ideias que poucos saberiam que ele teve, mas muitos veriam. A transição do processo de produção ao palco jornalístico começou pela sua fascinação pela leitura. Desde criança, Chico era apaixonado por livros e gibis, o que o levou a se interessar pela escrita, uma atividade que praticava por lazer. Essa fascinação o fez escolher a comunicação como o rumo da sua vida, afinal, não se imaginava em qualquer outra área. Não sabia fazer outra coisa além de se comunicar. Em sua vida pessoal, Barney foge da comunicação, mas ela se tornou seu próprio universo profissional.
Assim, a publicidade fez parte de seu dia-a-dia de forma orgânica, sendo um passo necessário em sua vida. Durante seu tempo na área, Barney atuou como redator publicitário – uma pequena amostra da sua futura jornada -, sendo responsável por colocar chamadas nos anúncios e pensar em ideias criativas para propagandas e campanhas. Quando ele veio para São Paulo, sua vida mudou por completo no ambiente profissional. Chico passou a atuar na área de criação de conteúdo para a internet, apresentando tarefas muito mais integradas. Ele descreveu essa passagem da sua vida como uma “descoberta rica”, tendo a oportunidade de lidar com performances, métricas e entender como seus conteúdos ressoavam com a audiência.
O colunista considera essa última experiência no ramo publicitário uma jornada importante para o trabalho que ele desenvolve como jornalista e no ramo da comunicação. A sua primeira passagem por São Paulo outorgou-lhe uma visão estratégica. “A gente tá num meio de muita concorrência que precisa de alguma maneira de se destacar por algum caminho”, contou. Ele aprendeu durante suas vivências no mercado da publicidade as futuras estratégias das quais se apropriaria no campo jornalístico.
De publicitário a jornalista: transições orgânicas
Finalmente chegou o momento: Chico Barney se tornou colunista do UOL. Porém, antes de atingir essa posição de destaque, o comunicador teve que passar por um processo de transição entre a publicidade e o jornalismo. Bel, irmã do jornalista, enxergou a mudança profissional como um processo orgânico, que a deixou extremamente feliz. “Era meio óbvio que tinha que acontecer. É o que ele é bom em fazer e o que ele gosta, dava pra ver que era onde ele se realizava profissionalmente”. A passagem entre áreas era o destino, parte do fluxo das coisas. “O Chico jornalista não existe sem o Lucas publicitário, ambos se complementam, em fases distintas da vida”, contou Bel.
Barney sempre gostou da área do Jornalismo e, graças a sua mãe, Maria – também jornalista -, conviveu com a área e estava acostumado a consumir notícias. E, é claro, a sua experiência como autor do “Vai trabalhar, vagabundo” foi essencial para que Chico decidisse seguir essa paixão profunda pela escrita. No seu tempo de redator, em 2002, chamou a atenção de diversas pessoas influentes no jornalismo, que tiveram interesse em seus trabalhos e opiniões, e foi levado ao ramo.
Em 2014, entrou no UOL, inaugurando o que seria seu relacionamento profissional mais duradouro (especialmente por ter sido convidado a entrar no grupo). Letícia Parron, produtora do Central Splash, é parceira de trabalho de Chico, que apresenta o programa no YouTube do Splash/UOL. Segundo ela, a convivência com o colega de profissão sempre foi ótima, principalmente porque, apesar de ele ser uma pessoa pública, “Chico é gente como a gente”.
A transição para o jornalismo, segundo Chico, veio de forma natural, principalmente por seu blog. O convite para a coluna acabou apenas oficializando essa união. “Eu sempre gostei bastante de jornalismo, em casa sempre tive bastante consumo de notícias, mas também por conta daquele blog de 2002 e tal, fui chamando a atenção de algumas pessoas que me trouxeram para isso”.
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A diferença entre a realidade e a persona: Lucas Barros e Chico Barney
Ao criar uma persona, especialmente uma que usa o humor como forma de linguagem, é comum pensar na separação entre realidade e personagem, afinal, nem sempre têm a mesma essência. Quem é Lucas Barros fora de Chico Barney? “Nossa, profundo, hein? Não, cara, não… Assim, tudo que a gente faz na internet é uma projeção. Eu espero que todas as pessoas sejam assim, porque senão, algumas me dão medo. Mas, assim, passa por várias etapas, né? Entre o que tá na tua cabeça e o que tu vai digitar, o que tu vai filmar, o que tu vai apertar o send [enviar], então é óbvio que é uma edição de quem você é, né?”, contou a respeito da sua projeção na internet.
Porém, o colunista do UOL revelou que não percebe uma diferença necessariamente entre Lucas e Chico. Ele descreve como um processo de aprendizado, editando o que ele deseja ser publicado na internet e em quais assuntos deseja estar envolvido como Chico Barney.
Uma evidência da semelhança entre Lucas e Chico é a visão tida pela sua esposa, Giselle Reitz. Se conheceram na academia. Na época, o melhor amigo dele namorava a melhor amiga dela. Eles se tornaram amigos e, depois de um tempo, namorados. Assim, ela viu o início da formação da persona de Chico. “Não sei diferenciar muito, para mim ele é sempre o Lucas. Chico é como se fosse a assinatura profissional dele, mas é a mesma pessoa”, contou Giselle.
Conhecendo ele antes de ter se tornado uma figura pública, Giselle conta que não o vê como alguém verdadeiramente famoso: “Mas me divirto sempre que vem alguém abordar para conversar, tirar fotos. Adoro conhecer as pessoas que gostam dele e fazem questão de falar”.
Jornalismo de Entretenimento: uma paixão de infância
Voltando para a Florianópolis dos anos 80, encontramos outro membro da família de Chico – além de seu tio que bebia e criava apelidos e da irmã 10 anos mais nova – que influenciou diretamente na sua trajetória: sua mãe. É possível dizer que, antes de ser o Barney, Chico já era uma das crianças indagadoras que rodeavam o dinossauro magenta.
Outra figura importante na trajetória de Lucas é sua tia, Ana Luiza Barros da Silveira, que relembra com carinho a infância do sobrinho. “Ele foi uma criança muito saudável e alegre, aliás, uma alegria para nós desde o primeiro momento que olhamos para ele. Gostava de brincar, passear, tinha muitos amigos, alguns até hoje. Sempre gostou de ler, de histórias e personagens. Era curioso e observador.” O amor no ambiente familiar sempre fez de Chico uma pessoa muito estimada, pois, nas palavras da tia, antes de ter seus fãs da internet, “ele já tinha fama conosco”.
Mesmo com a carreira encaminhada na publicidade, ele sempre teve vontade de ser colunista de jornal. “Sonhava não, mas assim, eu tinha desejo de… p*rra, deve ser muito legal ser colunista de jornal, colunista de revista e tal, porque eu consumia muito isso, consumia muito. E aí, quando teve essa oportunidade, eu fiquei amarradão”. De fato, é perceptível que Chico leva sua coluna com entusiasmo, e, ao mesmo tempo, não tem medo de falar o que pensa.
O jornalismo de entretenimento costuma ter um público mais adulto, e isso não é diferente no trabalho de Chico. O tema principal de suas escritas são os reality shows e a vida dos famosos e ex-famosos; ele chegou a trabalhar no programa humorístico Porta dos Fundos. Em contraponto, Barney revelou sua fascinação pelo universo cultural infantil. Apesar de sua área abrir espaço para comentários mais ácidos e sem filtros, não deixa de carregar a polidez do mundo maduro e editorial. As crianças têm uma franqueza que vai sendo velada com a idade, e Chico não deixa de comentá-la: “Tem uma liberdade nisso que, muitas vezes, em outros, sabe, num negócio mais maduro, não tem, porque a liberdade é negócio muito maluco. Eu gosto até hoje de saber mais ou menos o que a galera muito mais nova está consumindo, porque tem… Sabe, as referências são mais diretas e com menos filtros, assim, do que está sendo consumido e do que está sendo produzido”.
E para falar de entretenimento da forma como Chico fala, é impossível não relacionar sua fama com sua criatividade. Seja devido ao sarcasmo ou à sinceridade, a repercussão de seu trabalho é diretamente ligada com sua mente brilhante, e Letícia Parron rasga elogios ao colega de trabalho ao falar sobre esse quesito: “O Chico é extremamente gente boa. Desses que dá vontade de sentar numa mesa de bar trocar ideia. Mas óbvio que quando penso na figura que ele representa, não tem como não falar da sua criatividade e de como ele tira sarro das coisas de forma esculachada”.
Trabalhar com entretenimento significa ser julgado o tempo todo. No geral, as pessoas não costumam dar o devido valor para essa área, e no ranking de importância jornalística, com certeza o entretenimento está na base da pirâmide. Existe ainda uma intolerância envolvendo essa categoria da comunicação, e jornalistas e comunicadores da área costumam não ser levados a sério.
Quando questionado sobre ter sofrido algum preconceito no meio em que escolheu trabalhar – o entretenimento -, Chico afirmou que é indiferente quando se trata de opiniões a respeito do seu trabalho na área. Na verdade, ele entende quem vê o entretenimento como não essencial para os seres humanos, mas que é importante, mesmo com o fator “desimportância”.
“Eu, particularmente, não levo muito a sério, tá ligado? Eu entendo quem acha que é tudo uma babaquice, porque, no final das contas, é. Do ponto de vista estrutural, não é uma coisa extremamente importante. É importante pra cabeça e é importante intelectualmente, mas eu entendo quem fala assim ‘p*rra, esse cara aí que cobre BBB, que coisa mais baixa, que coisa mais desimportante’. Eu sou um grande defensor da desimportância. Eu acho que é fundamental, sabe? Tem que ter espaço dedicado a isso. E eu me dispus a estar nesse espaço e garantir que esse espaço existe. Não levo a sério [essas opiniões]. Acho que tudo bem. Concordo, às vezes”.
A vida do comunicador, principalmente de alguém tão conectado à Internet quanto Chico, está sujeita a todo o tipo de acontecimento. Momentos polêmicos, felizes, tristes, emocionantes e, é claro, cômicos. Chico Barney, ou o Chico Xavier do BBB, viralizou na Internet graças a uma de suas entrevistas. Alana Azevedo e Chico protagonizaram um dos momentos mais engraçados de 2021. Os dois estavam gravando uma entrevista para o canal de Chico Barney quando a grande pérola foi dita. No vídeo, Alana está contando sobre a sua saída da Rede Globo, com os planos de fundar a sua própria emissora, a “Rede Globe de Volta Redonda Ltda”, e é nesse momento que Chico Barney começa a rir.
A reação de Alana foi essa: choque – e claro, embaraço. O comunicador começa a ter um transtorno de risos e não consegue parar. A entrevistada não é capaz de esboçar nenhuma reação, a não ser esperar o riso cessar para que pudesse dar continuidade à sua fala. Chico, então, vence sua risada e pede desculpas para Alana, afirmando que apenas se lembrou de uma piada, e que “de maneira alguma, riu de sua fala”. Ele pede para que a entrevistada prossiga, e, em seguida, põe-se a rir mais uma vez. Por fim, Alana diz que vai “esperar ele se recompor”; Chico concorda e imediatamente seu vídeo desaparece da tela.
A entrevista viralizou nas redes sociais, rendendo incontáveis compartilhamentos. Mas na realidade, a situação cômica não passou de uma brincadeira entre eles. Alana interpreta uma personagem, criada por ela mesma, que teria sido banida do BBB 21 antes mesmo do programa começar, porque a Globo estava com receio de que ela tomasse o lugar do Boninho, diretor do reality show. Por isso, Alana tinha decidido fundar a “Globe”, e essa é a história da sua personagem. Mas o faz de conta tomou proporções inimagináveis por Chico e por ela, que ganhou seu próprio quadro no Multishow.
Chico Barney conta que era fã da Alana, do conteúdo que ela produzia no Twitter, e por isso a chamou para participar da live. “Aquilo explodiu de um jeito, cara, que mudou muito a vida dela e mudou muito a minha vida também. Até hoje. Sempre quando bomba [um conteúdo do Chico], quando fura uma certa bolha, as pessoas vão lá e comentam assim: ‘Esse é o cara da Globe? Eu não perdoo esse cara porque ele riu do sonho da menina!’”.
Sobre outras histórias marcantes, Chico afirma não ter “grandes entrevistas pra contar. Eu falo com os inscritos do meu canal todo dia, falo agora com os eliminados do reality show da Record ou então vou ao programa do Faro e falo com os eliminados da Fazenda. É negócio assim, não tem grandes emoções. Mas tem uma, pra mim, a entrevista mais importante da minha carreira, além da Alana, é a do Felipe Dylon. Sou completamente apaixonado por aquela entrevista”.
Felipe Dylon é cantor e ator, autor do hit “Musa do Verão”, e a entrevista a que Chico se refere aborda a pandemia, política e a rotina de apresentação do cantor. Dylon fez declarações a respeito dos costumes de shows e a volta do comércio no cenário pandêmico. O astro da música pop brasileira comentou sobre a agenda parada e o surgimento de lives patrocinadas por período limitado em seu Instagram, como forma de impulsionar a carreira. Sucesso nos anos 2000, Dylon é um grande nome nas cotações para realities, mas negou a possibilidade de participação, embora reconheça o potencial de repercussão e reverberação no ambiente público.
Nem só de experiências gratificantes vive o jornalista. Chico explica que não foram muitas as vezes em que se sentiu atingido por algum comentário nas redes. Mas “fazendo a cobertura do BBB, teve uma vez que fui dormir me sentindo meio assim: ‘será que eu sou canalha?’”. O Big Brother Brasil “levanta milhão de questões, né? Porque mistura com a paixão pelos participantes”. Ele continua, afirmando que não dá “muita bola pra feedback negativo. Eu me divirto mais do que qualquer outra coisa. Eu gosto. Eu acho legal”.
Chico conta que quando era mais novo, abria a Revista Veja de sua avó para ler a coluna de um jornalista com cujas opiniões não concordava, “mas achava bem escrita e gostava de ler o contraponto”. Barney acredita que, por conta do algoritmo das redes, “as pessoas estão sempre buscando reforço pro que elas já pensam, em vez de abrir o horizonte. Isso vai criando respostas muito radicais pra qualquer coisa que fuja um pouco daquilo que a pessoa acha”. Chico comenta que quando o BBB bomba, como as edições de 2020 e 2021, a intensidade é muito forte. Então, uma vez ficou se questionando se ele era canalha mesmo, como as pessoas estavam afirmando. “Daí eu acordei bem, sem me sentir canalha, mas fui dormir bem em dúvida”, conclui.
Em um mundo de ironia
Tanto nas colunas do UOL quanto nas suas redes sociais, Chico usa a ironia e o sarcasmo para se conectar com o seu público. Seu humor é mais conhecido devido às suas previsões anuais a respeito dos vencedores do Big Brother Brasil. Barney aposta em personagens que sabe que o público não vai se conectar – e tendem a ser dos primeiros a sair do programa. “É uma brincadeira, cara. É um negócio que eu faço há muito tempo e que virou meio que uma marca, assim né?”, Chico comentou a respeito de suas previsões. Além disso, acrescentou alguns momentos de humor e ironia para demonstrar que não há uma grave separação entre Lucas Barros e a persona Chico Barney: “Às vezes eu acerto, tá? Eu queria só deixar isso registrado também. Eu acertei Bárbara Evans, eu acertei aquela do BBB 19, infelizmente. Eu acertei vários, já. Pô, vocês tão de sacanagem”.
Apesar de fazer suas produções com carinho, Chico enxerga sua forma de conteúdo específica para determinados ambientes, considerando que, em certas editorias, poderia ser prejudicial ao assunto e à sua imagem. O jornalista contou que possui um acordo com a UOL, no qual ele não escreve a respeito de morte e tragédia, pois o público já espera que “vá ter alguma sacanagem”. “Mas mudou muito quando eu comecei a fazer vídeo. Porque lendo, a entonação tu não sabe direito qual é, né? E assistindo e modulando como é que tu se apresenta, fica pouco mais claro, não ele tá de sacanagem, isso é sarcástico, isso é ironia, isso é aquilo, então eu vejo a relação de muitas pessoas com o que eu faço”.
Sua colega e amiga, Adriana Spaca, comentou a respeito do que torna a persona criada por Lucas única no meio jornalístico: “CB é único. CB merece respeito. CB não está aí para agradar. CB sempre tem opiniões controversas e faz com que a sua mensagem seja transmitida e chegue nos confins do Brasil. CB tem um estilo único e sabe, como ninguém, usar o sarcasmo e a ironia para só dizer a verdade!”