Rafael Ihara: a licença para perguntar coisas que outros não podem - Revista Esquinas

Rafael Ihara: a licença para perguntar coisas que outros não podem

Por Fernanda Garcia, Laura Ragazzi e Thiago Martins : agosto 16, 2023

Desde pequeno, Rafael sempre quis ser um repórter, e da Globo/Reprodução: Twitter

Rafael Ihara exerce a função mais nobre no jornalismo: a reportagem, na maior emissora de TV do Brasil, a Rede Globo

Rafael Keizo Ihara (27) é um homem de experiências. Está sempre nas ruas, e buscando histórias desconhecidas de pessoas “invisíveis”. Ele convive com a cidade e todo dia descobre mais sobre ela. Em sete anos de rede Globo e quatro e meio como repórter de rua, já viu de tudo: de covas abertas em um cemitério e tentativas de suicídio a longos congestionamentos do alto, no GloboCop.

“É impossível não se envolver com as histórias das pessoas”, afirma o repórter.

Da mesma maneira, os espectadores passaram a abraçá-lo. A tê-lo como alguém querido dentro dos jornais. Os cinegrafistas com quem trabalha dizem que ele é o mais identificado dos repórteres de rua. Ihara afirma que a intenção é justamente “entrar na casa das pessoas” pela tela, e assim tornar-se familiar a elas.

Contudo, diz sempre que não tem trabalho fácil. Para ser bem-feita, a reportagem de rua exige planejamento, direção e textos perfeitos, além de habilidade de improviso. “Para ser repórter de TV, você tem que ser muito rápido, virar especialista em um assunto em uma manhã, para conseguir falar com propriedade sobre aquilo”, diz Rafael.

Apesar do trabalho exaustivo e da falta de retorno financeiro que o jornalismo lhe dá, afirma que não se arrepende de nada. Inclusive, é incisivo ao dizer que não é uma pessoa que se arrepende: pensa antes de tomar suas decisões e, quando olha para trás, lembra que tinha um motivo para fazer o que fez, mesmo que sua escolha não tenha sido a mais assertiva. “Acho que é muito fácil ser crítico de obra pronta”, diz.

Quando olha para frente, Rafael diz querer se manter no jornalismo, e, se puder ir além, apresentar. “Profissionalmente falando hoje, um sonho seria talvez fazer estúdio. Mas meu sonho hoje é ter dinheiro para manter minha casa com conforto, poder viajar, ter equilíbrio bom entre vida pessoal e profissional”.

Sobre o sonho que tinha desde criança de reportar e apresentar para a TV Globo, Ihara confessa que “não é tudo isso”, talvez porque considera que “esforço, talento, competência e sorte não são os únicos fatores para você conseguir o que você quer”.

 “O que eu quero está no alto de um morro, e a caminhada que achei que conseguiria fazer tranquilamente não será tão tranquila assim, né? Vai ser muito difícil, com muitos buracos, muitas pedras, com tempestade, e muito calor.”

Ele conta que, de alguma forma, pode até se ver longe da profissão, talvez na área de educação, já que trabalha com isso em simultâneo.

Quem é Rafael Ihara?

Nascido e crescido no centro da maior metrópole do país, Rafael sempre foi um admirador de São Paulo. Seu lugar favorito, fora de seu lar, era a casa de sua batchan, jeito carinhoso que chamava sua avó, que migrou do Japão para o Brasil aos quatro anos. Seu trânsito entre as duas casas era constante: seus pais afirmam sempre terem o deixado livre para criar memórias com a avó paterna, e assim foi feito. Ao longo da vida se tornou mais presente, para fazer companhia à avó, e se mudou aos poucos. Até que, um dia, ficou de vez.

No dia 3 de janeiro de 2023, sua avó faleceu aos 97 anos, deixando sua tia sozinha com ele. “Me sinto muito na responsabilidade de ajudar ela, cuidar do que ela precisa”. Tia Margarete, de 74 anos, é médica e ainda exerce a profissão, sem filhos nem casamento. Seu empenho pode ter influenciado o sobrinho.

Desde pequeno, Rafael sempre quis ser um repórter, e da Globo. Sonhos costumam trazer vários benefícios aos sonhadores – motivação e força para seguir costumam ser alguns deles. Mas não significa que tragam só isso. Como relata o repórter, seu sonho o impediu de ter outros e de conhecer a si:

“Durante muito tempo eu até me blindei de coisas que me davam prazer; eu nunca namorei, porque achei que esse tempo dedicado a alguém poderia me tomar tempo da minha preparação para ser aquilo que eu tanto queria.”

Hoje é diferente. Embora valorize seu ofício tanto quanto tinha vontade de praticá-lo, descobriu do que gosta e como aproveitar a vida. Quando não trabalha, provavelmente está testando um novo restaurante ou bar em São Paulo, onde busca o melhor Bloody Mary da capital paulista. Durante uma das entrevistas, afirmou que conversávamos com ele “em um momento de muita transformação”. Desde que passou a namorar Hélio, seu primeiro relacionamento sério, suas prioridades mudaram.

Hélio mora em Praia Grande, mas vem com frequência para São Paulo para trabalhar e ver Rafael. Juntos há cerca de seis meses, se conheceram pela televisão. Hélio assistiu a uma de suas reportagens e resolveu mandar uma mensagem no Instagram. Desde então, até assaltados juntos já foram. O jornalista conta que até esse evento foi importante para a relação: “Percebi que estava gostando dele porque vieram quatro caras, três armados, e pediram os celulares. E nessa hora eu tava preocupado comigo, óbvio, mas estava mais preocupado com ele do que comigo.” Hélio também sentiu que Rafael estava mais preocupado com ele do que consigo próprio. O jornalista o ajudou a resolver as coisas perdidas em seu celular e o acalmou, pois nunca tinha sido assaltado antes.

Hélio conta que Rafael também é seu primeiro namorado assumido para a família.“Desde o princípio ele me transmitiu muita paz, muito acolhimento, assim, uma pessoa extremamente carinhosa, e eu acho que isso que de fato fez com que eu olhasse pra ele de uma outra forma assim.”

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Hélio e Rafael tem o sonho próximo de casar e ter uma família.
Reprodução: Instagram

Essa história de amor existe há mais tempo do que aparenta. Os dois, na verdade, eram amigos com interesse, porém, com a pandemia e a impossibilidade de se conhecerem pessoalmente, Hélio acabou se relacionando com outra pessoa. Até que um dia Rafael o chamou para assistir a uma peça em São Paulo. “A gente passou a peça inteira, no final ele ‘você não viu nada de diferente em mim?’, e eu respondendo que não, que não. Ele ‘eu tô sem aliança’”

“Eu enxergo ele, sim, como jornalista, mas isso pra mim não tem peso”, Hélio conta que, com seu emprego de desenvolvedor e com Rafael sendo professor e jornalista, o casal tem o sonho próximo de casar e ter uma família. O namorado conta que levaria sua gata Vivi, que adotou durante a pandemia e sua mudança para a Praia Grande, e Rafael diz ser justo, então, poder adotar um cachorro, já que ainda sente falta de sua cadela Nina, que tinha quando era mais novo.

Como o próprio repórter afirmou que “o jornalista tem uma certa licença para perguntar sobre coisas que outras pessoas geralmente não podem”, falando sobre o futuro e os gostos pessoais do relacionamento. Se casar é uma prioridade, mas não sem antes viajar muito. Além de, como um bom taurino e um bom ariano, amarem fazer refeições juntos em lugares legais, a maior paixão dos dois é viajar. O pedido de namoro foi feito em uma viagem para Santo Antônio do Pinhal, onde Rafael, mesmo sem nunca ter pensado em usar aliança, comprou um par, sabendo que Hélio adoraria. Adoram conhecer praias e a natureza, e é o jornalista quem organiza todas as viagens, em seu tempo disponível.

Os dois acreditam que tudo que os levou até o relacionamento de hoje foi importante “a gente tem trocas de amizade também, não é uma coisa ‘só relacionamento’, a gente é muito verdadeiro um com o outro, assim, não escondo nada dele, e ele também não de mim, então tá sendo bem diferente, mas tá sendo uma experiência muito valiosa”. Dizem às vezes pensar “se o assalto não tivesse acontecido?”, “se ele não tivesse respondido à mensagem?”, não teriam tanta certeza do que tem como hoje.

Quando Rafael contou para seus pais que estava namorando outro homem, a reação foi a melhor possível: “Meu pai disse que não entendia muito disso, mas que se eu estivesse feliz, era isso que importava”. Já sua mãe, Cida, chorou. Não por incompreensão, mas por medo e preocupação.

“A gente sabe o mundo em que a gente vive e se eu sofrer algum tipo de retaliação ou violência, isso diz mais sobre a pessoa que pratica violência do que sobre mim”, diz Rafael.

Ele sempre teve uma educação crítica, voltada para o pensamento sobre a sociedade e o que podemos fazer para ajudar os outros, o que trespassa diretamente em sua retórica. Entretanto, após tanto olhar e lutar pelos outros, chegou a hora de Rafael voltar a si: “a gente passa a vida trabalhando como jornalista, e ajudando as outras pessoas, mas tem uma hora que você precisa começar a olhar para você mesmo, para sua vida”. Com isso, afirma que passa a investir mais em experiências do que em bens materiais, o que também considera algo epidêmico da geração atual, principalmente frente à alta dos preços em relação aos salários, que estagnaram.

O jornalista Rafael Ihara

“Tem que ter muito orgulho, porque é uma coisa que ele sempre quis, desde pequeno”, afirmou o pai. Rafael sempre teve uma certeza: a de que queria estar na televisão, e mais que isso, trabalhar na Globo.

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Ihara não só queria o jornalismo, como também ia atrás. Estagiou na Editora Abril, na Band e por fim chegou à Globo, onde aspirava estar desde o início.
Reprodução: Instagram

Cida e Roberto sempre foram muito próximos de Rafael, desde a infância, mesmo com o filho sempre passando as férias com a avó e a tia.

Quando cresceu, foi morar com elas, a mãe afirmou que a mudança foi tranquila, porque era muito perto da casa deles. O maior sentimento foi de não ter muito a presença física, no dia a dia. Mesmo assim, sempre conversavam muito.

Para Cida, Rafael é mais comunicativo e Gabriel, o caçula, mais introspectivo. Quando saíam para caminhar no bairro e tomar sol, o filho mais velho sempre fazia interrogatórios, parava e queria conversar com todo mundo, seja com as pessoas da banca de revista, ou da lotérica.

Na escola fazia teatro e capoeira. Gostava de apresentar a formatura na escola, falava com os professores, sempre foi muito expressivo, não só com a voz, mas também com o corpo. Segundo os pais, isso o faz ser competitivo, e sobretudo dedicado.

Rafael também prestava muita atenção nos carros, olhava a chave e sabia qual carro a pessoa tinha e aí começava a conversa. “Uma coisa que ele gosta muito é de dirigir”, afirma Roberto. O garoto sentava no banco do meio para ver como o pai dirigia para aprender. Ele tem muito interesse nas coisas, e quando quer algo, vai atrás até conseguir, “muito maduro e esperto para a idade dele.”

Acharam até que o garoto seguiria outra carreira. Gostava muito de carros e desenhava muito. De repente ele faria algo direcionado a isso, design de carro.

Depois de um tempo, ele brincava de repórter, apresentador, escolhia quem era diretor-chefe ou executivo. A partir daí, surgiram os indícios de que seguiria o caminho do jornalismo. Fazia as entrevistas dele quando saía pelo bairro e o irmão entrava na onda. Colocava Jornal Nacional e reproduzia várias vezes as falas da TV.

Ihara não só queria o jornalismo, como também ia atrás. Estagiou na Editora Abril, na Band e por fim chegou à Globo, onde aspirava estar desde o início. “Muito orgulho, porque ele sempre foi muito determinado”, acrescenta Cida.

No começo era estranho, porque os pais assistiam na TV e depois viam pessoalmente, mas sempre com muita alegria, por reconhecer a trajetória e as conquistas. “Parece que é sempre uma novidade vê-lo na tela”, finaliza a mãe.

Vida profissional: Tudo “cai na sua mão”

Hoje Rafael afirma que a função mais nobre no jornalismo acontece na rua. Essa ideia se iniciou quando o garoto escolheu ser jornalista, aos 10 anos de idade, depois que assistiu a um especial de 40 anos de jornalismo da TV Globo, em 2005, e no mesmo momento ficou encantado. Na transmissão, mostraram a rotina do telejornalismo e como é a função, a maneira de cobrir e televisionar. A possibilidade de poder narrar com o próprio olhar, melhorar a vida das pessoas, de alguma maneira, se tornou sua meta.

Conforme cresceu, pesquisou outros cursos e chegou a iniciar a faculdade de Letras na USP ao mesmo tempo em que fazia Jornalismo na PUC-SP. Não durou muito tempo para Ihara pedir transferência do curso de jornalismo para a USP, onde se graduou. Nesse período, e isso ocorre até hoje, Rafael dá aulas de reforço à tarde sobre todas as matérias até o fundamental II.

Algumas pessoas que o inspiraram foram Fatima Bernardes, William Bonner e Renata Vasconcellos. Com um tempo de experiência na área, Ihara passou a ter outros ídolos: Alan Severiano, Renata Ribeiro, Graziela Azevedo, César Galvão, Eliane Brum, Vera Magalhães e o colunista Antonio Prata.

Rafael sempre acreditou no rigor e na qualidade do time, em um trabalho que passa competência e transmite confiança. O jornalista explicou que a maioria dos brasileiros se informam pela TV, especialmente os que mais precisam de informação e cidadania. Segundo ele, é necessário dar visibilidade a essas pessoas. Falar com o grande público é a coisa mais importante, pois considera os outros meios de informação mais elitistas.

“O jornalismo te dá licença para ir em lugares onde você jamais iria. Você consegue conversar com gente muito poderosa e influente, mas também com a Dona Maria, que mora num barraco. […] Foi uma das maiores recompensas que a profissão me deu, que a Globo me deu: viver a vida das pessoas, ter licença para fazer perguntas que são incômodas sobre as vidas das pessoas, que permitem chegar mais perto de quem são essas.”

Dentro da Globo, Ihara contou algumas novidades de seu dia-a-dia. Começou a cobrir o GloboCop, reportagem dentro do helicóptero, que por uma falta de Biazzi, ele acabou substituindo o repórter. Sobre as diferenças dos ambientes, afirmou que na rua é possível se deslocar e controlar seu corpo no espaço, já na aeronave, isso é limitado, só é possível narrar o que está no retorno de vídeo. Apesar de tudo, Rafael ainda prefere a rua, que segundo ele, é onde pode aprender mais.

“Impossível não se envolver com as histórias das pessoas”, diz. O jornalista contou sobre a reportagem que mais o marcou: Uma mãe de 29 anos estava tendo um surto psicótico e acabou jogando sua filha de três anos do quinto andar do prédio em que moravam na Zona Oeste da capital paulista, a garota teve a queda amortecida por um parabrisa de carro. A polícia foi acionada por um vizinho por volta da meia noite e meia, e desse momento até as duas e meia da madrugada, as equipes de imprensa já estavam no lugar. Sabendo disso porque Rafael conta que o mais impactante foi ouvir a mãe se atirando da janela no momento em que, com sua casa em chamas, os bombeiros tentaram invadir o apartamento. Após isso, acompanhou a recuperação da mãe no Hospital das Clínicas de São Paulo até o fim de seu julgamento em dezembro de 2019, quando foi absolvida.

Outras marcantes foram no período de pandemia, quando o repórter viu covas abertas em um cemitério. Foi um momento em que ele teve que equilibrar emoção e profissionalismo: não podia mostrar sensibilidade demais, nem de menos.

O dia a dia na rua é extremamente cansativo, por isso, Rafael pretende se tornar apresentador. Seu encargo, atualmente, envolve conversar com as pessoas, falar com editor, chefe de reportagem, avaliar o que vai ser usado na matéria, como as entrevistas podem ser usadas. Em resumo, basicamente tudo “cai na sua mão”, e isso envolve muita responsabilidade.

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Um baita amigo com quem sei que posso contar em qualquer hora

A pessoa mais presente na época de faculdade do Rafael foi sua amiga Carolina Monteiro. “Ele sempre foi muito esforçado, muito dedicado”, disse no início da conversa. Ambos entraram na prova de transferência na ECA. “Foi uma loucura”, comentou a amiga sobre como foi quando eles se conheceram pela entrada na  universidade.

Ela trabalhava na Livraria Cultura, e disse que sempre contava os causos para ele. “Carol”, como o amigo prefere chamar, disse que nunca foi uma pessoa muito popular, o que destoa de Rafael, que sempre fazia sucesso com todos os professores, colegas e alunos.

Eles estudavam à noite e fizeram praticamente todos os trabalhos juntos. Na ECA, os alunos fazem um jornal de comunidade, na Sã Remo “É sempre uma experiência que te marca, entrar na comunidade pela primeira vez”, a amiga explicou que nunca se sabe como vai ser. A jornalista também disse que foi gostoso andar na comunidade com ele, conhecendo pessoas de outras realidades.

A amiga falou que Rafael nunca teve dificuldade em ser repórter, além disso, é um bom ouvinte. Já viajaram algumas vezes juntos. Ele gosta de natureza, fazer trilhas, enquanto Carol fica sentada na beira da praia. Uma amizade entre opostos.

Carol não gosta muito de televisão, prefere escrever. Por motivos pessoais, não deu certo ir para a redação, na época de faculdade, ela teve que operar a coluna, então esse trabalho sem horário, sem final de semana, com plantão, ficou um pouco mais difícil. Por isso, ela foi para a área da assessoria de imprensa.

Ele sempre vai na sua casa, e a amiga não hesitou em contar o detalhe de que sua cachorra é apaixonada por ele. Quando toca o interfone, a pitbull sempre chora pensando que ele está chegando. Além disso, sua família o chama de “Rafinha” e todos gostam muito dele.

Quando se encontram, é sucesso: Carol gosta de cozinhar e mora sozinha e Rafael gosta de comer. Conversam bastante, tomam bons drinks, ouvem música e vão viajar normalmente para a praia.

Ainda não conheceu o Hélio, mas ela sabe quem ele é e ele também. Carol contou que quando Rafael conheceu Hélio, pediu conselhos a ela. Sempre conversavam, ele era muito focado no trabalho e nos estudos. “Aconteceu naturalmente, como acontece na vida.”

Segundo a amiga, ele lida muito bem quando as pessoas o reconhecem na rua “eu não saberia lidar, é gostoso quando as pessoas te reconhecem pelo seu trabalho”. Em uma situação, Carol detalhou que os dois saíram para comer e reconheceram o jornalista. Estavam comendo um hambúrguer na Rua dos Pinheiros, sentados na quina de uma árvore, na frente de uma porta e uma moça o reconheceu: “Rafinha!”, e conversaram normalmente, como se se conhecessem há anos, mas na verdade, Rafael nunca tinha visto a mulher na vida.

Rafael chama seu melhor amigo de “Gui” (Guilherme Porcher). O colega é de Santa Catarina e trabalhava em Florianópolis, na afiliada da Globo (NSC). Ihara o conheceu quando chegou a São Paulo e à Globo, em janeiro de 2020. Logo que entrou, era editor da tarde do Bom Dia São Paulo e fazia reportagens de gaveta para o jornal.

“Rafa”, como o amigo prefere o chamar, também era meio novo na empresa. Aos poucos, trabalharam juntos, foram conversando, até que a amizade se desenvolveu.

“Hoje vejo o Rafa como um dos caras mais importantes pra mim aqui em SP. É um baita amigo com quem sei que posso contar em qualquer hora. Além disso, me orgulho de ser amigo de alguém admirado por todos, por desempenhar um excelente trabalho.” Gui concluiu que o jornalista é uma das poucas unanimidades na empresa.

O amigo afirmou que Ihara teve um papel fundamental em seu início em São Paulo. Gui chegou em uma empresa nova, no ano em que a pandemia se iniciou, em que tudo estava fechado, sem poder fazer muitas amizades, seu namorado estava desempregado, portanto ele tinha que dar conta das despesas de casa.

Somado a isso, o amigo também disse que estava vivendo um período complicado na sua relação com a chefe do trabalho, e isso afetava sua sanidade mental. “Então todo santo dia eu chorava as pitangas com ele”, acrescentou. O essencial, segundo o amigo, foi que Rafa sempre estava disposto a ouvir, trouxe uma visão de quem estava fora da situação, uma palavra amiga e de conforto.

Uma tradição entre os amigos é que os dois saem todas as sextas-feiras para almoçar. “Ambos somos taurinos e gostamos de comer bem”, além disso, Gui também afirmou que esse hábito começou com a proposta de conhecer vários restaurantes na cidade, várias culinárias de vários países.

“Através da comida, já ‘visitamos’ desde Camarões, passando por Portugal, Vietnã até o Afeganistão. Tudo em SP. Hoje paramos um pouco de “desbravar” os restaurantes, temos ido mais em lugares que conhecemos. Mas a tradição de sair na sexta, comer bem e passar a tarde jogando conversa fora continua, acho que essa é a nossa coisa favorita.”

O melhor amigo diz que Rafa e ele são muito iguais nos pensamentos, ações, na forma como encaram o trabalho, nas preocupações em entregar o melhor, nas inseguranças. Por tudo isso, eles sempre se apoiam, um acolhe o outro quando acontece alguma coisa. “Enfim, acho que nossa amizade torna a vida na cidade grande menos dura”, conclui Gui.

Rafael, aos seus vinte e sete anos, tem dificuldade de responder seus novos sonhos. Cresceu sempre com incentivo de ser ele mesmo e teve todo o suporte para que pudesse realizar seus objetivos. Sua família demonstra ser seu bem mais precioso, nesse meio tempo também descobriu novos amores e novas paixões. Morando com a tia e sempre descobrindo novas vistas e novos lugares, suas experiências são quase diariamente renovadas, o que o torna um homem simpático e carismático. Humanizar o “repórter da Globo” é uma experiência e tanto, porém não houve dificuldade em ouvir a real pessoa que ele é de cada um dos entrevistados, que mostram muito afeto pelo “Rafa”.

Editado por Mariana Ribeiro

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