Mostra Ecofalante de cinema: "Queremos falar sobre quem luta pelo meio ambiente" - Revista Esquinas

Mostra Ecofalante de cinema: “Queremos falar sobre quem luta pelo meio ambiente”

Por Giovanna Moretti e Giulia Dardé : junho 11, 2025

A Mostra Ecofalante desse ano veio com o objetivo de discutir, pela primeira vez, diversidade de gênero e povos originários. Foto: ESQUINAS/Giovanna Moretti

Mostra celebra a diversidade de vozes e territórios ao promover importantes reflexões sobre o futuro do planeta.

Reconhecido como o mais importante evento sul-americano para a produção audiovisual ligada às temáticas socioambientais, no dia 29 de maio estreou a 14ª edição da Mostra Ecofalante de Cinema.

A mostra reuniu 125 filmes, representando 33 países em sua programação e se destaca por oferecer ao público uma curadoria independente e diversificada. As produções e debates abordam temas como mudança climática, contaminação ambiental, migrações, avanços tecnológicos, ativismo, questões urbanas e os direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais.

Mostra

14ª Mostra Ecofalante de cinema no Reserva Cultural – Foto: ESQUINAS/ Giovanna Moretti
Foto: ESQUINAS/ Giovanna Moretti

Saulo Rosa, um dos produtores do festival, enfatiza que o evento não se restringe a um recorte específico, buscando discutir a vasta gama de temas relevantes para a sociedade. O produtor afirma que uma das sessões de maior destaque é a competição “Territórios e Memórias” e ainda explica:

“Ela tem esse objetivo de olhar as problemáticas, as questões socioambientais do Brasil nesses diversos territórios que nós temos, seja também olhando pelos tempos atuais, olhando o futuro, para onde vamos indo, ou o resgate do passado. Por isso que é ‘Territórios e Memórias’. É uma mostra que começou no ano passado e, este ano, vem com muita força. Então, por isso que eu quero ressaltar ela.”

Abertura reflete sobre política e emergência climática

Além disso, Rosa destaca a Mostra Contemporânea, presente no festival, que teve como filme de abertura “O Efeito Casa Branca”, explorando questões políticas, econômicas e seu impacto na emergência climática.

“O filme fala sobre questões políticas e econômicas e como isso afeta dentro da emergência climática, como a gente poderia estar melhor… Décadas atrás, já poderíamos estar combatendo isso de forma efetiva, mas decisões políticas e econômicas impediram isso desde a era Bush, por exemplo. Esse foi o filme de abertura e é um dos debates que a gente está tendo aqui.”

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Tecnologia, ativismo e protagonismo feminino também têm espaço

O ativismo socioambiental e a tecnologia também são pautas presentes, reconhecendo o papel crucial das pessoas que lutam pelo meio ambiente e o impacto transversal da tecnologia na sociedade e nas questões socioambientais. Houve também uma mostra histórica dedicada ao cinema feito por mulheres, com filmes produzidos entre 1975 e 1985, em resposta à década da mulher na ONU.

A Mostra conta com produções audiovisuais que tratam sobre questões atuais, alertando sobre a enfermidade ambiental, social e política que a sociedade contemporânea se encontra, temas que nem sempre possuem espaço no  circuito comercial tradicional cinematográfico. O festival exibe tanto produções independentes quanto filmes de grandes festivais internacionais, como o Festival de Cannes, Berlim, Veneza, entre outros eventos prestigiosos, desde que tenham a relevância temática que a mostra propaga.

Estudantes dão voz a narrativas silenciadas

A cobertura do evento também conta com a participação de estudantes, como Kauã Petean, aluno de RTVI da Cásper Líbero, que faz parte de um projeto de extensão para cobrir a Mostra Ecofalante sob a perspectiva dos jovens. O aluno, que já havia participado como público na edição anterior, considera a experiência deste ano, trabalhando na mostra, “muito melhor” e destaca a pluralidade ainda mais interessante da programação.

Petean considera que a Mostra é de grande importância por ser o principal festival socioambiental, dando voz a pessoas que muitas vezes não a têm na grande mídia, como povos originários e comunidades LGBTQIA+.

“São muitas pessoas que, às vezes, estão no nosso cotidiano, mas acabam sendo invisibilizadas. A grande mídia, muitas vezes, não dá a elas a importância que realmente merecem — como é o caso dos povos originários e das comunidades LGBTQIA+. Por isso, acho que o mais interessante da Mostra é justamente isso: mostrar que todos somos iguais.”

O evento é gratuito e aberto ao público,  mais um fator que reforça o caráter cultural e educativo, mais do que comercial. A Mostra Ecofalante de Cinema está inserida no universo do cinema independente e de impacto social, mesmo que eventualmente exibe filmes de diretores ou produtoras maiores, desde que coerentes com seu propósito.

Editado por Luca Uras

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