“O pior ainda está por vir”, diz Bruno Covas ao anunciar medidas para evitar o colapso do sistema funerário - Revista Esquinas

“O pior ainda está por vir”, diz Bruno Covas ao anunciar medidas para evitar o colapso do sistema funerário

Por Por Lucas Brito e Thiago Pansica : abril 25, 2020

Foto: Governo do Estado de São Paulo

Prevendo aumento de demanda, Bruno Covas divulgou em coletiva de imprensa a abertura de 13 mil novas valas no sistema funerário na capital paulista

Nas últimas semanas circularam imagens de caixões empilhados nas calçadas de Guaiaquil, no Equador, onde os cemitérios não têm capacidade de atender todas as famílias. E foi citando o exemplo da cidade equatoriana que o Prefeito Bruno Covas anunciou novas medidas para evitar que o sistema funerário de São Paulo não entre em colapso.

No dia 30/03, a Prefeitura já havia divulgado algumas medidas para ampliar a capacidade dos cemitérios da capital. Entre elas estavam a contratação de 220 funcionários temporários que seriam fornecidos pela empresa privada Carrara Serviços Limitados, já que 60% do contingente (cerca de 154 pessoas) foi liberado por pertencer ao grupo de risco. Além disso, todos os velórios devem ter duração máxima de 1h, sendo autorizada a presença de até 10 pessoas, a fim de evitar aglomerações. Os funerais de pessoas diagnosticadas com covid-19 ou com suspeitas não eram recomendados, mas se fosse do desejo da família poderiam acontecer com o caixão lacrado durante toda a cerimônia.

Na coletiva de ontem, o prefeito anunciou que esses velórios de pessoas que morreram por causa do coronavírus, que antes não eram recomendados, agora estão suspensos. Pronunciou também que a Prefeitura adquiriu 38 mil novas urnas funerárias, 3 mil EPIs para os funcionários, 8 câmaras refrigeradas com capacidade de armazenar 1000 corpos cada e está abrindo 13 mil novas valas. Cogitou também, a possibilidade de o serviço funerário trabalhar 24 horas por dia. Com essas medidas, a capacidade de enterros diários da cidade sobe de 240 para 400. “A nossa preocupação é de estarmos preparados para organizar e minimizar a dor das famílias, para que elas possam dar um sepultamento digno aos entes que serão perdidos” disse Covas.

SETOR PRIVADO

Os cemitérios privados também vêm tendo um aumento do número de enterros diários, porém a situação não é tão preocupante como na rede municipal. Gisela Dardengo Adissi, presidente do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil, disse que no Brasil, morrem diariamente em média 3500 pessoas, e que se isso fosse bem distribuído não seria um problema. “No caso da covid-19, sabemos que existem as zonas quentes como São Paulo e Rio de Janeiro, ainda assim nos cemitérios privados, o setor tem capacidade de absorver de 80 a 100% da nova demanda”, afirmou.

Gisela ressalta que nesse período de quarentena, as mortes por outros motivos que não o coronavírus como acidentes de trânsito, violência entre outras causas, diminuíram bastante.  Sendo assim, crê que com as medidas que vêm sendo tomadas e parcerias com o setor privado, que já vem acontecendo em algumas cidades, o risco de um colapso no sistema funerário é baixo. “Claro que se chegarmos a 100 mil mortos, o cenário já é outro, mas não tem nenhuma estimativa que mostre isso”, declarou.

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