Na ausência de Lula (PT), debate marcado para esta sexta virou sabatina com Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição; confira as declarações de destaque
Na última sexta-feira (23), o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi aos estúdios do SBT em São Paulo para participar da sabatina promovida pelo maior pool de veículos do país, formado por CNN, Terra, Nova Brasil FM, Estadão, Veja e a própria emissora de Silvio Santos. A equipe de assessores do candidato à reeleição contava com a presença do senador eleito Marcos Pontes (PL-SP), o empresário catarinense Luciano Hang e o ministro das comunicações Fábio Faria.
O candidato do PL chegou ao local por volta das 21:00 e respondeu a breves perguntas dos jornalistas presentes. Logo depois, se dirigiu ao local da gravação, no qual estava o apresentador Carlos Nascimento, que mediou a sabatina.
Poder judiciário
De antemão, Bolsonaro tratou de temas polêmicos, como o relacionamento com o Supremo Tribunal Federal (STF) e possíveis pedidos de impeachment de ministros da corte. “Eu já entrei, no passado, com pedido de impeachment contra o Alexandre de Moraes. Não prosperou por decisão do presidente do Senado. O perfil do atual Senado foi mais para centro-direita, com mais independência, vamos assim dizer. Eu não pretendo entrar com nenhum pedido de impeachment contra o senhor Alexandre de Moraes, qualquer um do povo pode fazê-lo. Portanto, qualquer processo de cassação, impeachment, compete exclusivamente ao Senado Federal. Da minha parte, não pretendo aumentar o número de ministros”, ressaltou o presidente.
A declaração de Bolsonaro é uma resposta direta ao alerta acionado a respeito da independência do poder Judiciário em um eventual governo reeleito. O novo perfil do Congresso Nacional, muito mais extremista que o atual, poderia pavimentar o caminho de medidas truculentas ao estado democrático de direito, como o aumento do número de ministros no STF ou o impeachment dos atuais ocupantes.
Durante o debate, o presidente criticou o ministro Alexandre de Morais e as medidas implementadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última semana, classificadas pelo candidato como “restritivas”. Em razão da reta final da corrida eleitoral e do teor adotado pelas campanhas veiculadas no rádio, televisão e internet, o TSE vem adotando postura mais rígida no combate à desinformação.
Veja mais em ESQUINAS
Sem Tarcísio, Haddad é sabatinado pelo pool de veículos no SBT
Simone Tebet declara voto em Lula: “Compromisso com a democracia e a Constituição”
Tensão e expectativa a cada voto: como foi a apuração no TRE-SP?
“Então, o PT não tem qualquer zelo, qualquer compromisso com a liberdade, haja vista que sempre fala no tocante ao controle da mídia. Várias vezes disse que vai controlar vocês da mídia e controlar as mídias sociais. Costumo dizer, e pese as críticas que eu recebo da imprensa brasileira, nunca tomei uma medida de força contra qualquer repórter no Brasil”, disse Bolsonaro. “Nunca tentei derrubar páginas de quem quer que seja, desmonetizar página de quem quer que seja, e sempre aceito isso, muitas vezes sofrendo fake news, inverdades, calúnias, mas não busquei atingir o que é a alma da democracia, que é a liberdade, que é a alma de vocês, que é a liberdade de imprensa. Então, no que pese o senhor Alexandre de Moraes ter tomado juntamente com o TSE medidas restritivas, como a gente vê agora no tocante à CNN, ele foi provocado pelo Partido dos Trabalhadores”, completa.
Economia e outras pautas
Em resposta à bomba lançada pelo ministro Paulo Guedes a respeito do reajuste do salário-mínimo, o presidente negou que irá desindexar o reajuste ao índice da inflação. Ademais, Bolsonaro explicou melhor como será o custeamento do Auxílio Brasil durante um possível segundo mandato: “Paulo Guedes tem me garantido que o recurso virá da questão dos dividendos, onde seriam taxados aqueles que ganhassem mais de R$ 400 mil por mês e que não pagam nada de imposto no momento. Então, por exemplo, quem ganha R$600 mil será taxado em cima dos R$200 mil”. Além disso, questões referentes ao diálogo com o Congresso e ao orçamento secreto também foram citadas.
Ao final da entrevista, o candidato do PL se dirigiu novamente aos jornalistas credenciados. Questionado pela nossa equipe a respeito de uma ampla quantidade de congressistas identificados com a direita e a questão da governabilidade do próximo presidente, Jair Bolsonaro respondeu: “O caminho ‘tá’ asfaltado ‘pra’ mim, o congresso foi mais pra centro-direita, muitas pautas a gente pode, com muito mais agilidade, levar ‘pra’ frente. Eu fico imaginando uma pessoa de esquerda, como é o Lula, num parlamento de direita, vão ter atrito o tempo todo, vai ficar prejudicada a governabilidade. E as minhas propostas têm uma aceitação melhor por parte da sociedade, não apenas as pautas de costume, bem como as pautas econômicas”.
O empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, também foi entrevistado pela equipe de ESQUINAS. Hang dissertou a respeito das oscilações nos índices da bolsa de valores, que refletem, segundo analistas financeiros, a disputa acirrada pela vitória no segundo turno das eleições. “Na realidade, o bom desempenho da bolsa, do dólar, é porque o mercado viu que o Jair Bolsonaro vai vencer, é diferente, né? Quando o Bolsonaro cresce, as bolsas sobem, o dólar cai, há previsibilidade do futuro. Quando o Lula estava na frente, todo mundo fica ansioso”, disse o empresário.