Entre camaradagens e alfinetadas - Revista Esquinas

Entre camaradagens e alfinetadas

Por Henrique Artuni, Larissa Basilio, Pedro Garcia e Thiago Bio : setembro 10, 2018

Presidenciáveis realizam debate na sede da TV Gazeta em São Paulo

Na noite de domingo (9), aconteceu o terceiro debate entre os candidatos à Presidência uma parceria entre a TV Gazeta, o jornal O Estado de S. Paulo, a rádio Jovem Pan e o Twitter. A equipe de ESQUINAS esteve no evento para realizar a cobertura.

De início, os candidatos lembraram o recente atentado ao deputado Jair Bolsonaro (PSL) em Juiz de Fora, em Minas Gerais, na última quinta-feira (6). Eles lamentaram a ausência do presidenciável, o que, para alguns telespectadores, foi um fator para amornar o debate. O candidato Cabo Daciolo (Patriota) também não participou do debate. Em suas redes sociais, divulgou que estaria, desde o dia 5, em um propósito de oração e jejum com duração de 21 dias e cancelou seus compromissos com a imprensa.

Com críticas ao Sistema Único de Saúde (SUS), à educação brasileira e à corrupção que toma conta dos poderes públicos, os candidatos levaram suas propostas políticas à televisão. “Sem educação, não vamos a lugar algum”, comentou a candidata da Rede Sustentabilidade, Marina Silva, que prioriza a primeira infância e propõe uma educação reestruturada e atualizada. Álvaro Dias (Podemos) ressaltou a importância das Santas Casas de Misericórdia do País, responsáveis por 51% dos atendimentos públicos do Brasil, e propõe que sejam melhoradas e fiscalizadas. “Quem paga é o contribuinte brasileiro”, reforçou Dias.

Álvaro Dias (Podemos) em suas considerações finais disse que o Brasil é o país das crenças e das religiosidades
Larissa Basilio

O candidato do Podemos, em sua primeira pergunta, despertou risos da plateia por dizer que estava entre a esquerda e a esquerda referindo-se aos candidatos Guilherme Boulos (PSOL) e Ciro Gomes (PDT) e à posição que ocupa na política. Dias indagou qual o tratamento que o candidato psolista daria ao sistema financeiro. Como resposta, recebeu um trocadilho formulado a partir da frase que Henrique Meirelles (MDB) divulga nas redes sociais para sua candidatura: “Eu não vou chamar o Meirelles. Eu vou taxar o Meirelles e a fortuna dele”, em referência às posses de aproximadamente 400 milhões de reais declaradas à Justiça Eleitoral pelo ex-Presidente do Banco Central nos oito anos de governo Lula e ex-Ministro da Fazenda nomeado por Michel Temer.

Ex-Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (MDB) foi questionado pelo jornalista Rodolpho Gamberini sobre seus investimentos no exterior
Larissa Basilio

O que começou como uma provocação de Boulos tornou-se uma troca de farpas que se estendeu pelo debate. O candidato do MDB, em resposta ao ataque do outro, disse que “sempre paguei os impostos com muita satisfação ao contrário de quem não trabalha, não paga imposto e não colabora com o País”.

Boulos, quando perguntado por Marina, promete que irá demarcar não apenas terras indígenas, mas também quilombolas, lembrando da importância de ter como vice Sônia Guajajara, liderança indígena do Brasil. O candidato colou em sua camisa um adesivo em memória de seis meses sem Marielle Franco, vereadora e colega de partido de Boulos assassinada em março deste ano no Rio de Janeiro.

O candidato Guilherme Boulos, do PSOL, não poupou críticas ao sistema financeiro brasileiro, frisando que irá taxar grandes fortunas
Larissa Basilio

“O caminho da violência não nos levará a futuro algum”, disse Geraldo Alckmin (PSDB). O candidato, enquanto ocupava o cargo de Governador do Estado de São Paulo, ficou famoso pela falta de segurança que tomou conta do estado, principalmente em relação à formação de organização criminosas ligadas ao narcotráfico, como o Primeiro Comando da Capital (PCC). “Pacificação é o que eu defendo”, reforçou o presidenciável, mesmo com as insinuações dos colegas de debate. Ironizando, Meirelles falou que a maior exportação de São Paulo para o resto do País foi o crime organizado.

Para o candidato tucano, Geraldo Alckmin, o caminho da violência não levará ninguém a futuro algum
Larissa Basilio

Outro ponto criticado em relação ao candidato tucano foi a corrupção que circunda alguns membros de seu partido. Em meio a um Brasil polarizado, foi levantando o questionamento se o PT e o PSDB não seriam faces de uma mesma moeda, ambos há tempos no poder e com denúncias e escândalos atribuídos aos seus políticos. Alckmin defendeu sua sigla. Afirmou ser contra a corrupção e a favor das condenações quando provadas verdadeiras. Ciro Gomes e Marina Silva, por outro lado, discordaram das afirmações do colega, enxergando uma diferença na forma como políticos psdbistas e petistas são julgados. Nas palavras da candidata da Rede, há “dois pesos e duas medidas” para os processos judiciais no Brasil.

Ciro Gomes (PDT) liderou o número de menções no Twitter
Pedro Garcia

Ciro e Marina pareciam brincar de peteca, lançando perguntas para o outro atacar facilmente, possibilitando a concordância dos discursos em seus comentários. O pedetista, por sua vez, descontraído durante o evento, ainda ensaiou passos de dança desajeitados em dois intervalos enquanto a equipe da TV Gazeta anunciava a liderança do candidato nas menções do Twitter, ainda que pudessem ser negativas, positivas ou neutras.

Marina Silva (REDE) questionou a polarização PT e PSDB, argumentando que os partidos são duas faces da mesma moeda
Reprodução/TV Gazeta

Durante toda a transmissão do debate até o fim do dia, a hashtag #GazetaEstadaoJP ocupou a segunda posição entre os trending topics, os assuntos mais comentados, do Twitter, só sendo superada pela hashtag #Catra, que acompanhava as postagens ligadas à morte do cantor de funk na mesma noite. Defensores e opositores de cada partido publicaram em suas contas na rede social comentários da discussão entre os candidatos.