Conheça as histórias de quem esteve no ato de 1º de Maio em São Paulo - Revista Esquinas

Conheça as histórias de quem esteve no ato de 1º de Maio em São Paulo

Por Anna Casiraghi, Ana Andolfo, Clarissa Palácia, Gabriel Serpa, Luiz Felipe Nunes, Maria Clara Matos, Marina Fornazieri, Nathalia Jesus, Thiago Baba : maio 2, 2022

Manifestantes reunidos para assistir o discurso do pré-candidato Lula. Foto: Anna Casiraghi/Revista Esquinas

Protesto reuniu trabalhadores de categorias diversas e faixas etárias distintas. Militantes históricos dividiam espaço com quem comparecia a um ato pela primeira vez

* Reportagem publicada simultaneamente pela Rede Brasil Atual

Tradicional data do campo progressista, o 1º de Maio em São Paulo contou com um ato organizado por centrais sindicais e movimentos sociais na Praça Charles Miller, em frente ao Pacaembu. Celebrando o Dia do Trabalhador, cartazes e palavras de ordem dos manifestantes tiveram foco em temas como a eleição presidencial, a revogação da reforma trabalhista, o combate à carestia e ao desemprego, e a reconstrução do país após a gestão na pandemia de covid-19.

O protesto reuniu categorias diversas e faixas etárias bem distintas. Militantes históricos e de longa data dividiam espaço com quem comparecia a um ato pela primeira vez. Cauê Borges, 45, é um exemplo de quem já vai ao 1º de maio há algumas décadas. Ele aproveitou a data para defender a revisão da reforma trabalhista, tema que a candidatura de Lula já destacou como um dos grandes tópicos do programa para a eleição deste ano: “Hoje é dia de lembrar das lutas e conquistas dos trabalhadores. Para este ano em específico, mais ainda, pois perdemos muitas dessas conquistas nos últimos anos. É dia de estar aqui pela revogação da reforma trabalhista e por mais direitos aos trabalhadores”.

Para Lenielle Gonçalves Paciente, 36, bancária e presente no protesto junto ao sindicato da categoria, a data traz uma perspectiva histórica muito importante para elucidar as questões políticas atuais. “O pessoal não liga mais o dia do trabalhador às conquistas por mais direitos e oportunidades. No estado atual do Brasil, a gente precisa desse resgate, até para fazermos a escolha certa na hora das eleições”, ressaltou.

Simone, 36, diz estar no movimento do 1º de Maio há mais de 20 anos. “Estou aqui pela minha família, pelos meus filhos, por amigos que estão desempregados. Mas acho que é principalmente por minha mãe, que sempre me dizia: ‘Sempre limpei o banheiro dos outros, mas sempre fui digna’. Por ela que volto todos os anos”, afirmou a babá.

Primeira vez

A vivência dos militantes mais antigos contrasta com experiências como as de Palloma  Kelly Costa , 28, filiada à Juventude do Partido dos Trabalhadores (PT) de Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo. “É a primeira vez que venho. Minha família sempre estava presente, mas só agora, mais velha, pude vir. Digo para minha mãe que finalmente vim ver o ‘Lulinha’ e ela fica superfeliz”, conta a estudante.

Fernanda Oliveira Santos, 16, acompanhou Palloma no protesto e também estava em primeira viagem a um ato. Para ela, o protesto tem significado maior quando colocado em perspectiva eleitoral. “Em um ano de eleição, é essencial estar aqui e demonstrar apoio ao Partido dos Trabalhadores”, declara.

Palloma e Fernanda não foram as únicas que vieram em caravanas do interior do estado para a frente do Pacaembu.

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‘Voltar a ganhar’

Igor Rodrigues, publicitário de Mogi Guaçu (SP), vê no ato uma importância acentuada pela iminência das eleições: “Desde 2016, a gente tem mais perdido do que ganhado. Esse é o momento em que estamos mais perto de voltar a ganhar”. Em relação ao programa de governo, afirma que “é um contexto mais polarizado do que em 2018. Esse e os próximos atos que a gente tiver valem para mostrar aos indecisos que aqui há uma pauta séria, na qual estamos debatendo o Brasil”.

Evanildo Pereira, 43, acompanhou a concentração vendendo água e bebidas e afirma ter gostado do comparecimento. “O movimento está bacana, as vendas estão saindo. Está um dia gostoso, o Sol tá ajudando”, contou o ambulante. Ao lado, Cícero Eduardo, 44, vendia espetinhos de churrasco e também disse ter aproveitado a presença dos manifestantes: “Eu sempre acompanhei os protestos do 1º de maio. Hoje está bem melhor, durante a pandemia estava difícil para trabalhar”.

Primeiro dia do trabalhador depois da pandemia

Inês Paz, 70, é vereadora do PSOL em Mogi das Cruzes, região metropolitana de São Paulo, e relativizou a presença abaixo do esperado: “Não está massivo nem esvaziado. Participo de atos do 1º de Maio há muito tempo e percebo que já não é mais como na década de 1980, aconteceu uma divisão. É o primeiro Dia do Trabalhador depois da pandemia, acabou afetando, mas mesmo em 2019 não havia sido massivo”.

Editado por Rodrigo Ratier

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