Famílias de LGBTs foram à Parada do Orgulho LGBTI+ em apoio à causa
Nesse domingo, 3 de junho, as cores no céu não eram das mais agradáveis. Mas o céu nublado não foi um obstáculo para a Avenida Paulista se pintar das sete cores do arco-íris. Foi em meio aos tons da bandeira LGBT que a avenida mais famosa de São Paulo recebeu a 22ª Parada do Orgulho LGBTI+, que neste ano trouxe o tema eleições de outubro.
Em clima de folia, nem a chuva nem o frio afastaram as pessoas da festa, que teve seu “aquecimento” às 10 horas no vão do Masp. A marcha começou ali e terminou à noite, no Vale do Anhangabaú, no Centro de São Paulo. Ao todo, 18 trios elétricos atravessaram a avenida e a Rua da Consolação. Em cima deles, se apresentaram estrelas como Anitta, Pabllo Vittar, Preta Gil e Mulher Pepita. A Parada, promovida pela ONG Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, procura cada vez mais incluir transgêneros, drag queens e pessoas que simpatizam com a causa, tanto que havia um carro dedicado ao movimento trans circulando junto à caminhada.
Porém, a Parada não é feita só de festa. O clima de militância está presente em todos os aspectos desse dia único. O “Mães pela Diversidade”, por exemplo, é um coletivo que surgiu há dez anos e que atua em mais de 14 estados brasileiros. Foi criado por Maria Julia Giorgi – a Maju, como prefere ser chamada. A inspiração partiu do filho, André, que é gay. “Ela percebeu que o problema não era só comigo, era um problema social no Brasil inteiro”, relembra André Giorgi.
O grupo surgiu como um movimento político para lutar pela garantia de direitos civis dos LGBTs. No entanto, ao longo de diversas ações realizadas, Maju percebeu que aquilo havia se tornado um espaço de hospitalidade e informação para pais e mães de jovens LGBTs.
Avelino Fortuna, pai de Lucas, estava protestando com um cartaz com a foto do filho na Parada. Lucas era ativista LGBT e homossexual assumido e foi assassinado em 2012, em uma praia de Pernambuco. Em memória, discursou no trio elétrico do “Mães”. O laudo criminal afirma que a morte de Lucas foi resultado de um roubo. Para o pai, a verdadeira causa da morte é outra: homofobia.
Enquanto isso, Carla Patricia Melo é mãe da primeira trans a entrar na Unesp. “Minha militância não é só com ela. Nossa militância não se restringe a apenas aos nossos”, declara a mulher. Ela conta que a causa tem um “muso”, chamado Ariel. Ele tentou se suicidar diversas vezes, até que uma mãe do coletivo lhe passou uma mensagem de conforto e levou cor a sua vida novamente. Hoje, Ariel faz parte do coletivo e tem como lema “Preciso dizer que te amo”, frase que foi usada pela mãe.
O trio levava esse tipo de história: de superação e apoio familiar. Denys, de 28 anos, também foi à Parada pelo “Mães pela Diversidade”. Ele se assumiu para os pais há oito anos e, agora, os três fazem parte do coletivo. Os pais apoiam e lutam pelo filho e seu companheiro, Bernardo. Denys acredita que está em uma posição privilegiada por ter o apoio familiar. “Sou feliz por ela abraçar a minha causa”, diz contente ao lado do companheiro e em meio à multidão que caminhava pela Avenida Paulista naquela tarde.
Cláudia Rodrigues, presidente da União Brasileira de Mulheres, falou que os filhos estavam presentes também “nessa festa bonita”. A filha de 22 anos é bissexual e recebe total apoio da família dentro e fora de casa, enquanto o pequeno, de nove anos, “ainda vai se descobrir”.
A Parada do Orgulho LGBTI+ é um espaço de luta por direitos civis e apoio judiciário para essa minoria social. Além disso, é um espaço para festejar e ser quem você realmente é. É um espaço de liberdade.