Vitor Marchetti: "Brasil já vive num regime militar. Agora é saber como saímos dele" - Revista Esquinas

Vitor Marchetti: “Brasil já vive num regime militar. Agora é saber como saímos dele”

Por Francisco José Stefanelli : agosto 18, 2022

Foto: Reprodução

Cientista político e professor da UFABC, Vitor Marchetti alerta para a influência do alto comando das Forças Armadas no governo Bolsonaro

Em entrevista ao CAVHCast, programa de entrevistas do Centro Acadêmico Vladimir Herzog, entidade estudantil da Faculdade Cásper Líbero, o professor universitário Vitor Marchetti afirma que a “temos elementos indicando que a candidatura do Bolsonaro nasceu dentro da elite militar”.

Para o doutor em Ciência Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o atual governo foi responsável por intensificar a participação de militares em cargos públicos tradicionalmente civis após a redemocratização. Marchetti recorda que hoje são mais de 8 mil militares nessas funções: “Os principais cargos desse governo foram ocupados por militares.”

Os militares ensaiam apoio ao atual presidente da república antes mesmo de Jair Bolsonaro assumir o Planalto. A narrativa da fraude nas urnas, por exemplo, foi gestada por Walter Braga Netto enquanto general da ativa e, hoje, às vésperas do pleito, ressurge na tentativa de desacreditar o sistema eleitoral.

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Vitor destaca que, mantida a integridade do processo eleitoral e transição pacífica de poder, o próximo presidente eleito terá “o desafio de pactuar com os militares” e lidar, de alguma forma, com a radicalização dos “detentores do monopólio da violência física. Sem resolver a partidarização das Forças Armadas, o país sempre estará no fio da navalha da instabilidade institucional”.

A preocupação maior do cientista político não é de um golpe militar, pois, segundo ele, “essa já é uma realidade” – o grande desafio, completa, será “sair do golpe que vivemos”.

No melhor dos cenários, o professor acredita que “os militares podem estar alimentando a possibilidade do que aconteceu no Capitólio dos Estados Unidos acontecer no Brasil, para que possam barganhar seu poder institucional, seu poder corporativo, com o próximo governo.”

Editado por Redação

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