Vestibulando relata sua rotina e como ele conseguiu conciliar os estudos para as provas e o cuidado com a sua saúde mental
Faltando quase vinte dias para o Enem, muitos jovens já começam a sentir o nervosismo e ansiedade para o “grande dia”, que é esperado por mais de 3 milhões de vestibulandos no país. Em entrevista para ESQUINAS, o estudante de 17 anos, Pablo Palomares, relata um pouco sobre sua rotina e experiência durante este período de vestibulares e como ele lida para que não impacte tanto na sua saúde mental.
Devido a sua rotina agitada conciliar os estudos com outras tarefas é algo bastante complicado, por isso ele encontra maneiras de se organizar: “uso a escola exclusivamente para escola, tento fazer o máximo de lição possível. Para ser rápido e prático. Para os vestibulares, estudo pelo computador através de conteúdos que me agradam.”
Ele relata que alguns momentos essas crises o atrapalham por um certo período, devido a pressão que impõe a si mesmo. Mas, uma forma de superá-las é com o apoio de familiares e amigos que o ajudam nessas situações.
“Nesses momentos, eu converso muito com a minha mãe, meu pai, minha madrasta e minha namorada. São pessoas diferentes que entendem do assunto mais do que eu e isso me ajuda a passar pelas crises.” comenta Pablo.
Um caso de exceção
Por outro lado, alguns jovens não têm esse preparo e acabam tendo dificuldades neste período conturbado, no qual constantemente são pressionados a tomar decisões importantes para a sua vida ocasionando a sensação de descontrole.
“O ambiente escolar é feito de uma forma que não respeita a capacidade, o potencial e o tempo de cada um. Então quando chega na hora, bate aquele medo, o desespero, e tem muita coisa misturada nesse desespero. Tem muita falta de organização, então isso acaba dando a sensação de descontrole.”, afirma a psicóloga Ana Buontempo.
Jovens sentiram impactos na saúde mental por conta da pandemia
Após a pandemia, a psicóloga afirma que houve um aumento de danos causados pela falta de tratamento da saúde mental, principalmente em meninas. Um dos principais fatores foi a readaptação constante vivenciada por todos e também a sensação de “tempo perdido” causado pelo período de isolamento.
“Foram muitas mudanças bruscas, nas quais eles precisaram reaprender, desaprender para reaprender”, constata Buontempo.
Em uma das pesquisas feitas pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pela Viração Educomunicação, resultados apontam que 41% das adolescentes se sentem mais ansiosas após a pandemia. Tais problemas acabam impactando diretamente no desempenho pessoal e acadêmico, afirma também a psicóloga.
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Dicas para manter a saúde mental em dia nesse período
A primeira é ter uma boa organização, que respeite o seu tempo pessoal e que seja possível você se adaptar. ”Até porque não adianta passar no vestibular e não passar no terceiro ano da escola”, comenta Ana.
“De vez enquanto me coloco para fazer muitas coisas: exercícios físicos junto com estudos, vestibulares, escola e outras coisas pessoais minhas e, com tanta pressão que aplico para resolver tudo, acabo estourando”, pontua Pablo.
Já para as pessoas que não conseguem seguir essa rotina, tente separar tudo em etapas, o mais mastigado possível. As atividades extras que não são obrigatórias a psicóloga recomenda separar em micro tarefas, para que seja capaz de fazer alguma coisa, mais devagar, sem se esgotar. “Prioriza o que você quer priorizar, então escola ou os estudos de vestibular”, orienta.
Outra coisa é ter uma rede de apoio. Isso significa ter pessoas que conseguem amenizar todo esse impacto e te ajudar no momento de crise. A ajuda de um profissional também é bem-vinda, porém, muitas vezes, não é o suficiente. Por isso, é essencial o apoio da família e de amigos nesse momento. Caso não haja, ir atrás de pessoas que compartilham essa experiência, tanto nas redes sociais quanto em grupos de apoio dentro da escola.
Para as pessoas que convivem com as crises e querem evitar, a profissional diz ser necessário analisar os “gatilhos” que as geram, para assim evitá-los. “A questão é que muita gente não consegue identificá-los, é um trabalho difícil, ainda mais para quem ainda está em desenvolvimento”, completa a psicóloga.
O mais importante é saber se controlar durante uma crise e, para isso, o correto, segundo a psicóloga, é utilizar o método da respiração diafragmática. “A respiração diafragmática é quando você respira fazendo a barriga ir pra frente e pra trás e não o peito. É uma coisa que ajuda muito, é uma reinicialização do seu corpo das suas emoções.”