Como o desequilíbrio ecológico aumenta casos de doenças transmitidas por mosquitos - Revista Esquinas

Como o desequilíbrio ecológico aumenta casos de doenças transmitidas por mosquitos

Por Beatriz Castilhone, Vinicius Piazza, Luiza Festa e Victoria Waleska : maio 7, 2024

Qualquer objeto que possa acumular água pode ser criadouro do mosquito da dengue e das demais arboviroses. Foto: Reprodução/Prefeitura de Jundiaí

Um dos verões mais quentes da história de São Paulo certamente não ajudou na prevenção da doença que sempre volta nas temporadas de calor tropical: a dengue

Inúmeros fatores contribuem para que doenças causadas por vetores – nesse caso, os mosquitos -, cresçam exponencialmente nessa época do ano: clima tropical, aumento das temperaturas e falta de predadores são algumas delas. Nesse âmbito, é possível afirmar que o desequilíbrio ecológico contribui para o aumento dos casos desse tipo de enfermidade no Brasil. doença

Desequilíbrio ecológico

Desde que a espécie humana começou a contribuir com a alteração do ambiente onde vive, as cadeias alimentares e os refúgios naturais foram comprometidos, resultando em uma perda considerável de biodiversidade.

“O desmatamento e o crescimento das áreas urbanas são os principais fatores que impulsionaram o aumento de pragas. A proximidade das grandes cidades com áreas naturais e o desmatamento nestes espaços facilitam o contato entre os vetores das doenças e a população, favorecendo assim sua propagação”, explica Luccas Longo, biólogo da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da cidade de São Paulo.  

Longo comenta também que a falta de permeabilidade (condição que permite a infiltração de água no solo) nas cidades e o calor intenso criam uma situação propícia para o desenvolvimento desses transmissores, que precisam de um lugar úmido e quente para se desenvolver, como é o caso do Aedes Aegypti, transmissor da dengue.

“A redução dos predadores naturais, que antes controlavam o aumento de insetos, agrava mais o problema, já que com a diminuição das espécies, é necessário o uso de produtos para eliminar as pragas, o que torna os mosquitos mais resistentes às formas de controle utilizadas”, aponta o biólogo. 

O aumento de casos de dengue em 2024 segue um padrão previsto, que acontece a cada 4 ou 5 anos, conforme dados divulgados pela vigilância epidemiológica. 

Questão de saúde pública  

O mosquito causador da doença se reproduz em água parada, o que significa que qualquer obra, propriedade ou canteiro que tenha acúmulo do líquido pode estar infectado com os ovos do Aedes. É importante que o monitoramento seja coletivo, para assim ser possível conter a epidemia.  

A Prefeitura da Cidade de São Paulo, por exemplo, tem intensificado medidas contra o mosquito desde janeiro, aumentando o número de profissionais nas ruas e ampliando a assistência aos pacientes com a doença. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, apenas em 2024, mais de 3,5 milhões de ações de combate à dengue foram realizadas, incluindo visitas domiciliares, vistorias, bloqueios de criadouros e nebulizações.  


Apesar disso, até a última semana de março, as vacinas ainda não tinham chegado ao município, causando pânico na população. Agora, com vacinas disponíveis, o grupo de risco, que é principalmente a população infantil, pode se vacinar nas UBS.  

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Sintomas da doença e como se prevenir  

Os sintomas da dengue costumam aparecer de forma abrupta e duram em média de dois a sete dias, podendo variar dependendo do caso. Bárbara Peres, doutora da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, explica que febre alta, fortes dores de cabeça, dores musculares e nas articulações, vermelhidão no corpo e mudança de apetite são as manifestações mais comuns da doença. Para obter um resultado certeiro, o exame de detecção do vírus pode ser realizado entre o terceiro e o quinto dia de sintomas. 


A médica ainda defende que, para a prevenção eficaz da dengue, é necessário eliminar todos os focos de água parada que possam virar criadouros dos mosquitos Aedes Aegypti. Alguns exemplos de possíveis criadouros são: pneus, garrafas de plástico, galões de água, vasos de plantas e recipientes diversos. É de suma importância que a prevenção seja cumprida de modo adequado e recorrente, evitando assim a proliferação e aumento dos casos da doença. 

Editado por Mariana Ribeiro

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